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L'hipocrisie dans Dom Juan de Molière - Repositório Científico do ...

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Cerqueira, Carina – Work in Progres: Representar o outro segun<strong>do</strong> o pensamento antropofágico.Casos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> – Hans Sta<strong>de</strong>n e Les maîtres Fous 57 –74coloniza<strong>do</strong>r, po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong> como uma operação tradutiva, on<strong>de</strong> o externo éassimilia<strong>do</strong>, integra<strong>do</strong> e adapta<strong>do</strong> à cultura <strong>de</strong> chegada.Jean Rouch começa o <strong>do</strong>cumentário com o contexto urbano, apresentaçãoda cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se encontram a tradição e a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Esta apresentaçãoinicial, <strong>de</strong>ste ce<strong>do</strong>, salienta o contraste entre acções sociais, entrecomportamentos. O filme <strong>de</strong>corre quan<strong>do</strong> os intervenientes <strong>do</strong> culto se dirigempara a periferia, zona <strong>do</strong> campo, on<strong>de</strong> lentamente começam a ficar possuí<strong>do</strong>s.Sabemos tratar-se da possessão pelas expressões físicas <strong>do</strong> elementos africanos –espumar da boca, revirar os olhos, passar o fogo pelo corpo, que reafirma, aosolhos <strong>do</strong> especta<strong>do</strong>r, a imagem <strong>de</strong> não-humano.O ritual começa com a organização <strong>do</strong>s próprios elementos que numarepresentação colonial interpretam posições <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>, distribuin<strong>do</strong>-se numcírculo. Nesta organização movimentam-se fazen<strong>do</strong> sons com os paus queinterpretam como armas. Falam francês, numa dualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discursos, tanto dãoor<strong>de</strong>ns uns aos outros, como se insultam. Partem ovos que colocam na estátua<strong>do</strong> “Governa<strong>do</strong>r Britânico”, simulação das plumas, expressão <strong>do</strong> chapéu <strong>do</strong>oficial. Também executam uma construção representativa <strong>do</strong> palácio <strong>do</strong>governa<strong>do</strong>r (britânico).Focalizemos, por exemplo, a questão da indumentária: África caracteriza-se pelo intenso calor, naturalmente, o vestuário reflecte o seu meio ambiente,pautan<strong>do</strong>-se pela leveza <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s e padrões <strong>de</strong> cores claras. Contu<strong>do</strong>, com achegada <strong>do</strong> coloniza<strong>do</strong>r pouco habitua<strong>do</strong> a tais trajes, ocorre uma imposição <strong>de</strong>comportamentos. Este exemplo é visível na cerimónia <strong>de</strong> possessão quan<strong>do</strong>, osHaukas passam a utilizar indumentária “característica” da “personagem” queencarnam. O vestuário caracteriza a percepção <strong>do</strong> «Outro», revelan<strong>do</strong>-se comouma marca cultural específica.Um outro exemplo, encontra-se na utilização por parte <strong>do</strong>s Haukas <strong>do</strong>spaus que simbolizam armas <strong>de</strong> fogo. Sen<strong>do</strong> um objecto externo à sua cultura,uma vez que a introdução <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo chegou com o coloniza<strong>do</strong>r, é maisuma vez um parâmetro que cria a “imagem” total, reconhecida pelo coloniza<strong>do</strong>.71 Polissema – Revista <strong>de</strong> Letras <strong>do</strong> ISCAP – Vol. 12 -2012

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