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L'hipocrisie dans Dom Juan de Molière - Repositório Científico do ...

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Fernan<strong>de</strong>s, Verónica Daminelli – (Io Ancora) Sono l’amore: Algumas consi<strong>de</strong>raçõessobreamor e adultério femininos no filme <strong>de</strong> Luca Guadagnino 277 - 293Dessa maneira, ao travar uma batalha pelo seu <strong>de</strong>sejo priva<strong>do</strong>, Emma temque ser punida por toda a família <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> e tem que pagar <strong>de</strong> preferência como pior sofrimento que uma mulher teoricamente po<strong>de</strong> aguentar: a perda <strong>de</strong> umfilho. A sua força subversiva (privada e pública) <strong>de</strong>ve ser con<strong>de</strong>nada a partir <strong>do</strong>momento em que não sacrifica mais a própria vida a favor dasocieda<strong>de</strong>. Mais <strong>do</strong>que mãe, Emma não quer mais ser a representação pura, fiel e casta dacomunida<strong>de</strong> que escolheu (e foi escolhida) para representar. Tem que fugir e seafastar <strong>do</strong> resto da famíliana mesma proporção em que se coloca insubordinada e<strong>de</strong>terminada a trair o i<strong>de</strong>al da família e <strong>do</strong> nacionalismo italianos.Dormin<strong>do</strong> com o inimigo, o amorSe Emma não consegue, entretanto, aguentar mais a sua imagemcoercitiva, será principalmente na sua segunda relação sexual com Antonio queveremos a sua vonta<strong>de</strong> em se <strong>de</strong>spir. É ali que ela aceita que ele vá tiran<strong>do</strong> cadapeça <strong>de</strong> roupa sua, com a permissão consciente <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>ixa para trás mais <strong>de</strong>20 anos <strong>de</strong> uma subjetivida<strong>de</strong> subordinadaque esteve colada ao seu corpo damesma forma que as roupas que teve que usar até o momento.No entanto, nãoserá ela que se vai <strong>de</strong>spir, mas Antonio que vai, com calma, retirar cada peça <strong>de</strong>roupa <strong>de</strong>la como se retirasse a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> construída para ela se encaixar <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> imaginário tradicional italiano. Ela, então, está na casa campestre <strong>do</strong> amigo <strong>do</strong>filho: mais próxima da natureza, mais longe das construções acerca da suainteligibilida<strong>de</strong> e, consequentemente, mais perto <strong>de</strong> um, como diria ClariceLispector, “coração selvagem”. Quan<strong>do</strong>, enfim, ela está nua, ele po<strong>de</strong> vê-la sem asconstruções, sem preenchimento, sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, nua subjetiva e corporalmente,apenas à espera <strong>de</strong> ser reconhecida. É Antonio ainda que quer saber <strong>do</strong> seupassa<strong>do</strong>, da sua origem, da sua língua materna. E Emma, por sua vez, já nãoparece saber quem é. Se é capaz <strong>de</strong> resumir o seu primeiro encontro com omari<strong>do</strong> na Rússia, só lhe parece, entretanto, restarna memória a receita da sopaque tanto ela quanto E<strong>do</strong>, o filho que acabará por morrer, gostam tanto.Polissema – Revista <strong>de</strong> Letras <strong>do</strong> ISCAP – Vol. 12 -2012286

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