12.07.2015 Views

L'hipocrisie dans Dom Juan de Molière - Repositório Científico do ...

L'hipocrisie dans Dom Juan de Molière - Repositório Científico do ...

L'hipocrisie dans Dom Juan de Molière - Repositório Científico do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Fernan<strong>de</strong>s, Verónica Daminelli – (Io Ancora) Sono l’amore: Algumas consi<strong>de</strong>raçõessobreamor e adultério femininos no filme <strong>de</strong> Luca Guadagnino 277 - 293A partir <strong>de</strong>sse contexto, tem senti<strong>do</strong> perguntar: se o adultério <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong>ser con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX pelo direito penal, por que ainda nãoaconteceu o mesmo com as mentalida<strong>de</strong>s (Houel, 2001)? Se o divórcio é aceito,<strong>de</strong> que forma ele foi oficializa<strong>do</strong> sem trazer junto nenhum efeito colateral para amanutenção da or<strong>de</strong>m das coisas? Por que ainda, como pergunta Annik Houel,persiste a rejeição puritana e violenta à infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> feminina (Houel, 2001: 9)? E,mais ainda, com o casamento por amor sen<strong>do</strong> o mo<strong>de</strong>lo atual típico <strong>de</strong> ligaçãoentre homens e mulheres da socieda<strong>de</strong> patriarcal, por que continuam a ser asmulheres as mais notabilizadas nas representações artísticas, sociais e políticaspela sua infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e por que é que, quan<strong>do</strong> traem, parecem ganhar tão gran<strong>de</strong><strong>de</strong>staque (negativo) social?A problematização é compreensível se pensarmos que o adultério colocaem causa não apenas o <strong>de</strong>sejo “feminino”, mas vai além. Se infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, como dizBrook, é uma negação (Brook, 1994: i), ela é a negação da realida<strong>de</strong> estática dafamília patriarcal, que seria a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao casamento e a moral social imposta,subverten<strong>do</strong> a hierarquia em busca <strong>de</strong> circunstâncias que se realizam fora <strong>do</strong>discurso da or<strong>de</strong>m. O adultério, mais <strong>do</strong> que uma relação entre indivíduos queencaram a infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> como uma questão pessoal, seria um dano não contra oparceiro traí<strong>do</strong>, mas uma lesão realizada contra a fábrica social (Brook, 1994:xvii). Assim, qualquer tipo <strong>de</strong> amor que não é aproveitável para a civilização éconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> inútil e fora da moral. E qualquer mulher que se <strong>de</strong>ixar guiar porseus <strong>de</strong>sejos e “excessos” só po<strong>de</strong> vir a trazer problemas, ser encarada comoaberração e grotesca, terminar punida ou na miséria profunda (Del Priore, 2011:89).Nesse senti<strong>do</strong>, a crise da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> não abriu necessariamente novaspossibilida<strong>de</strong>s para as mulheres e muito menos significou a perda da confiança narazão e na i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> masculina (Russo, 1995: 27), ambas ainda noções universaise estáticas <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong>. Para McClintock, a <strong>de</strong>generação semprefoi menos um fato biológico <strong>do</strong> que uma questão <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social (McClintock,1995: 47). Os esforços constantes para controlar os corpos femininos e as suassexualida<strong>de</strong>s foram naturaliza<strong>do</strong>s principalmente com a ajuda <strong>do</strong> darwinismo quePolissema – Revista <strong>de</strong> Letras <strong>do</strong> ISCAP – Vol. 12 -2012284

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!