Impressão de fax em página inteira - Câmara dos Deputados

Fevereiro de 1996 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 17 04751ção da capacidade de produção da Refinaria de Manaus,REMAN, e as contínuas faltas de abastecimentode derivados de petróleo em todo o Norte doPaís não se teriam tornado uma dura e cruel realidade.É inadmissível para nós, amazônidas, que aReman - única refinaria de que dispomos em nossaregião - produza apenas a quarta parte de nossasnecessidades de consumo de combustíveis e que agrande parcela restante tenha de ser trazida de outrasrefinarias do País, num percurso de até 4 milquilômetros, onerando significativamente os custosfinais desses produtos ao consumidor.Sr. Presidente, srªs e Srs. Deputados, bastade sermos discriminados e tratados como cidadãode segunda classe, como os párias da sociedadebrasileira a quem são atiradas as migalhas e as sobrasda mesa dos ricos!Exigimos que os problemas de nossa regiãopassem a ser tratados com a seriedade e o respeitode que somos merecedores.Esperamos que durante a visita do Presidenteda Venezuela, no mês de abril próximo, seja colocadocomo alternativa viável para as planejadas operaçõesconjuntas entre a Petrobras e a PDVSA venezuelanao investimento para ampliação da capacidadede produção da refinaria de Manaus, que representanão somente uma questão de justiça para coma população do norte como também de racionalidadee economia de recursos, pois se trata apenas daexpansão de instalações já existentes, o que por sisó exige gastos muito menores e produz seus benefíciosem tempo muito mais curto.Para concluir, Sr. Presidente, trata-se tambémde cobrar a promessa feita pelo nosso PresidenteFernando Henrique Cardoso há um ano em sua visitaa carajás, de que entre os projetos a serem executadosna região Norte incluir-se-iam as obras paraa ampliação da capacidade produtiva da REMAN ­refinaria de Manaus.Aqui estamos sempre prontos a atuar em defesado nosso povo e a cobrar do Senhor Presidenteda República a concretização, sem mais delongas,de sua promessa para que, afinal, uma parte degrande dívida que o País tem com a nossa Amazôniacomece a ser paga.O SR. SEVERINO CAVALCANTI (PPB - PE.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, srªs e Srs.Deputados, o País está atravessando um momentode muitas dificuldades. Não sabemos se é por faltade ação do Governo ou se é por audácia daquelesque se intitulam sem terra para praticar um crime eficar na impunidade.O jornal O Estado de S. Paulo na sua ediçãode ontem traz uma reportagem, cujo trecho passarei. a ler, intitulada: Sem-terra saqueiam caminhão comarroz no MS.Motorista diz ter sido forçado a levar acarga para o acampamento denominado SulBonito 2.Os sem-terra saquearam um caminhãoem ltaquiraí, no extremo sul de Mato Grossodo Sul, a 407 quilômetros de Campo Grande.A carga de arroz tipo 2 em sacas de 60quilos pesando um total de 14,1 mil quilosestava sendo levada para Manaus.O saque ocorreu praticamente da mesmaforma do ocorrido segunda-feira da semanapassada quando os sem-terra fizeramuma recuperação (nome dado aos saques)- ao roubo ao assalto Sr. Presidente - degêneros alimentícios avaliado em quaseR$12 mil. A carga era de propriedade daempresa Cerealista Indirá.Veja Sr. Presidente, o que o País está atravessando.O roubo, o assalto têm a maior condescendênciado Governo, que não toma uma medidaexemplar. Os sem-terra hoje podem fazer o que bementendem porque as organizações que tratam dosdireitos humanos os protegem. Praticam desumanidade,assaltam, saqueiam e são premiados comuma cesta básica do programa do Governo.Onde vamos chegar, Sr. Presidente? Onde vaichegar este País que não respeita a propriedade privada,o transporte de carga. A que ia para o Amazonas,por exemplo, foi assaltada pelos sem-terra. Asautoridades ficam de braços cruzados?Pergunto, Sr. Presidente, há diferença entre oroubo praticado pelo pobre, pelo rico, o de colarinhobranco? O que estamos vendo é um desacerto totaldo Governo, que precisa tomar providências antesque ninguém possa atravessar uma rua, porque oassalto está quase legalizado em função, como disse,das organizações que tratam dos direitos humanos.Direitos humanos estes que fazem com queaquele que transporta uma mercadoria, que está ganhandoseu pão, possa de uma hora para outra serassassinado por esses sem-terra, porque o Governolhes dá total cobertura e não vê que o crime tantoexiste para quem tem terra como para quem não atem.Sem-terra hoje é um título muito bonito, abençoadopor este Governo que tem medo de enfrentara realidade, para ser agradável, talvez, à imprensa