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Impressão de fax em página inteira - Câmara dos Deputados

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04760 Sábado 17 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fevereiro <strong>de</strong> 1996para pagar salários aos trabalhadores produtivos,como queria AdalTl Smith, é claro que não haveria riquezanova. Porque os trabalhadores gastam seusalário <strong>em</strong> bens - alimentos, roupa, habitação,transporte - que apenas repõ<strong>em</strong> a sua força <strong>de</strong> trabalho.A mais-valia é, portanto, o conceito científicoque apreen<strong>de</strong> a nova realida<strong>de</strong>: liga o hoje, a exploraçãoconcreta do trabalho vivo na socieda<strong>de</strong> capitalista,para trás e para a frente, com a riqueza acumuladado passado na forma <strong>de</strong> máquinas, ferramentas,matérias-primas, e com o futuro, as novas mercadorias,que representam uma riqueza maior.É evi<strong>de</strong>nte que o capitalista que transformoudinheiro <strong>em</strong> máquinas, trabalho assalariado e daí<strong>em</strong> mercadorias para obter mais dinheiro, t<strong>em</strong> <strong>de</strong> irao mercado, t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r essa mercadoria paraobter esse dinheiro acrescido (D-M-D+, na fórmula<strong>de</strong> Marx). Esse circuito n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre se completa. Oprobl<strong>em</strong>a básico é a natureza contraditória <strong>dos</strong> salários,dizia Marx. Lucros crescentes e investimentoscrescentes se auto-alimentam durante as expansões.Mas a expansão acaba invertendo o sentido doprocesso. O lucro passa a cair porque a indústriat<strong>em</strong> uma tendência estrutural à superprodução <strong>em</strong>função da natureza dupla <strong>dos</strong> salários. Por um lado,o salário é um custo industrial, que t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser mantidono mínimo. Por outro, os salários são a font<strong>em</strong>ais significativa da <strong>de</strong>manda para os produtos industriais.Os salários são um <strong>de</strong>terminante simultâneotanto <strong>dos</strong> custos como das receitas da indústria,mas <strong>em</strong> direções opostas. Cada firma quer que ossalários <strong>de</strong> sua força <strong>de</strong> trabalho sejam manti<strong>dos</strong> tãobaixos quanto possível - como um fator <strong>de</strong> seuscustos -, como quer que os salários <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os outrosoperários sejam os maiores possíveis - comofator <strong>de</strong> receita. A competição entre as firmas alimentaa superprodução: elas são induzidas a realizarinvestimentos para expandir a capacida<strong>de</strong> e, aomesmo t<strong>em</strong>po, forçadas a comprimir os salários.Marx <strong>de</strong>ixou diversas dificulda<strong>de</strong>s por resolver.A principal <strong>de</strong>las é a <strong>de</strong> como o valor se transforma<strong>em</strong> preço. A economia neoclássica surgiu tanto para<strong>de</strong>sviar o foco <strong>de</strong> análise proposto por Marx, comsua ênfase na exploração e no conflito <strong>de</strong> classes,como para explicar essas questões não resolvidas.No lugar do conceito clássico do valor-trabalho, anova teoria colocou a utilida<strong>de</strong>, um valor subjetivoque as mercadorias teriam e que faz com que os indivíduosqueiram comprá-Ias. A utilida<strong>de</strong> é a basepara a teoria <strong>de</strong> preços relativos das mercadoriasque supõe um consumidor que distribui sua rendaentre os diferentes produtos <strong>de</strong> modo a maximizaresse novo valor. A discussão sai, portanto, da produçãopara a distribuição e o comércio e põe <strong>de</strong> ladoa orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> classe <strong>dos</strong> lucros. A preocupação principalpassa a ser, então, com as condições para a t0­mada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões racionais pelos indivíduos nomercado. E a economia mais ampla é simplesmenteuma extensão direta <strong>de</strong>ssas regras <strong>de</strong> otimizaçãomicroeconômicas.A <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> essencial <strong>dos</strong> neoclássicos é suaconcepção do dinheiro. Ao afastar o conceito clássico<strong>de</strong> valor, os neoclassicistas também cortaram ovínculo entre as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção e troca. Adoutrina neoclássica ressurgiu agora, num período<strong>de</strong> extraordinária instabilida<strong>de</strong> monetária, com umaconcepção do dinheiro que radicaJiza ainda mais suaseparação do processo econômico - o monetarismo.Para os monetaristas, não só o dinheiro não t<strong>em</strong> aver com a exploração do trabalhar como a <strong>de</strong>fesa dodinheiro <strong>de</strong>ve ser a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>dos</strong>.Milton Friedman, freqüentador da Casa Brancae conselheiro pessoal <strong>de</strong> Ronald Reagan nos anos80, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado o rnonetarista chefe e pai<strong>dos</strong> planos que sustentam que a estabilida<strong>de</strong> damoeda é a responsabilida<strong>de</strong> essencial do Estado.Quais as gran<strong>de</strong>s realizações práticas <strong>de</strong> suas teorias?Friedman é o autor do trabalho que estabeleceuas bases para o funcionamento do mercado futuro<strong>de</strong> moedas, que hoje é o maior mercado domundo, com movimento diário <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 800 bilhões<strong>de</strong> dólares. Leo Mallamed, um operador <strong>de</strong> contratosfuturos <strong>de</strong> ovo na centenária Bolsa <strong>de</strong> Mercadorias<strong>de</strong> Chicago percebeu, no início <strong>dos</strong> anos 70,que as moedas não se sustentariam nas cotações rígidasestabelecidas nos acor<strong>dos</strong> do pós-guerra <strong>em</strong>Bretton Woods. Então encomendou a Friedman otrabalho que ajudou a formar o mercado <strong>de</strong> dinheiroque se aproveita das oscilações do câmbio entre asmoedas nacionais no dia-a-dia. No fundo, Friedmané, como os neoclássicos e monetaristas <strong>em</strong> geral,um <strong>de</strong>sses cientistas <strong>de</strong> interesse restrito, freqüent<strong>em</strong>entecapazes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s realizações técnicas,mas limitadas a pontos específicos <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong><strong>em</strong>presas e <strong>de</strong> setores <strong>de</strong> mercado.Sobre os gran<strong>de</strong>s probl<strong>em</strong>as da economiamundial, suas teorias se sustentam pelos interessesdo gran<strong>de</strong> capital e da imprensa que os promove,não pelos fatos. Ele é apresentado como o teóricoque ajudou a <strong>de</strong>struir a superinflação americana dofinal <strong>dos</strong> anos 70. Nada mais falso. Friedman diziaque o controle do dinheiro, <strong>em</strong> especial o controle do

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