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Impressão de fax em página inteira - Câmara dos Deputados

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Fevereiro <strong>de</strong> 1996 DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Sábado 17 04753sos públicos e priva<strong>dos</strong> pelos antigos potenta<strong>dos</strong>, que esses rendimentos só po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>stina<strong>dos</strong>hoje um verda<strong>de</strong>iro exército <strong>de</strong> especialistas gover- a pagamentos <strong>de</strong> juros da dívida interna.namentais elabora intrinca<strong>dos</strong> instrumentos <strong>de</strong> re- Nonô tinha posição oposta à <strong>de</strong> Bacha. O Banpasse<strong>de</strong> benefícios para mãos privadas, revestindo- co Central hoje paga juros até por dinheiro que, noos <strong>de</strong> tal tecnicalida<strong>de</strong>, que dá aparência <strong>de</strong> que fundo, pertence a ele mesmo: r<strong>em</strong>unera os dólaresseus méto<strong>dos</strong> não são casuísticos e visam à felici- que entram no País através <strong>dos</strong> bancos estrangeirosda<strong>de</strong> geral do povo, diz ele. A fonte <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r do Es- nos quais t<strong>em</strong> <strong>de</strong>positadas as suas próprias resertadonão é mais a vonta<strong>de</strong> do príncipe, mas <strong>dos</strong> vaso Por que, então, não po<strong>de</strong>ria pagar juros, porgran<strong>de</strong>s grupos que financiam as milionárias campa- ex<strong>em</strong>plo, ao Ministério da Saú<strong>de</strong>, quando uma verbanhas eleitorais, ele continua. Através <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong>sse Ministério fica <strong>de</strong>positada no Banco por a1-provisórias, regulamentos, portarias e circulares, o guns dias antes <strong>de</strong> ser usada? Aurélio Nonô é umaatual assalto aos bens comuns, conclui Carvalhosa, voz discordante no mundo do Orçamento oficial. Eué sacramental: reveste-se <strong>dos</strong> rituais <strong>de</strong>mocráticos, fui <strong>de</strong>mitido para que implantass<strong>em</strong> o Orçamentoao contrário do roubo antigo do dinheiro público, feito Mentira, disse Aurélio Nonô. Ele propunha uma seàsescondidas, <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> máscaras, pelos ladrões. qüência <strong>de</strong> passos para se chegar ao orçamentoCarvalhosa e outros críticos do Governo con- verda<strong>de</strong>:centram seus ataques, com razão, no atual processo 1. Definir os objetivos sociais que se preten<strong>de</strong>;<strong>de</strong> gestão da economia, através <strong>de</strong> medidas provisóriasdo Presi<strong>de</strong>nte da República e <strong>de</strong> resoluções, cir- 2. Ver os recursos que se imagina obter diretaculares,normas e portarias do outro Presi<strong>de</strong>nte, o mente;do BACEN. A manipulação do dinheiro público tor- 3. Buscar ajuda, na forma <strong>de</strong> <strong>em</strong>préstimo.nou-se, assim, um probl<strong>em</strong>a técnico, jurídico-mone- Em nome <strong>de</strong> uma teoria - a <strong>de</strong> que o déficit pútário,acessível apenas a alguns inicia<strong>dos</strong>, que sabe- blico anual <strong>de</strong>veria ser zero, para não haver inflaçãoriam percorrer as trilhas sagradas que levariam ao - Fernando Henrique propunha exatamente o camib<strong>em</strong>comum. Qualquer pessoa com um m:nimo <strong>de</strong> nho inverso:conhecimento político sabe que isso é uma enganação.Nenhum <strong>dos</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>bolsos que um Estado realizaI _ Garantir que os <strong>em</strong>préstimos foss<strong>em</strong> zero;cai do céu para os justos, v<strong>em</strong> carimbado <strong>de</strong> an-11 - Gastar só o que se pu<strong>de</strong>sse arrecadar;t<strong>em</strong>ão, por lei divina ou por mágica, por fora do pro- 111 - Definir os objetivos sociais a partir do quecesso social. Os orçamentos públicos part<strong>em</strong>, é cla- se pu<strong>de</strong>sse arrecadar.ro, <strong>de</strong> condições dadas, <strong>de</strong> recursos concretos exis- Agora, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> Governo <strong>de</strong> Fertentes.São realiza<strong>dos</strong>, s<strong>em</strong> dúvida, <strong>em</strong> conjunturas nando Henrique Car<strong>dos</strong>o, po<strong>de</strong>-se ver que Aurélioobjetivas, sob condições materiais <strong>de</strong>terminadas. Mas Nonô tinha razão pelo menos num ponto: as teoriasse planejam e executam através <strong>de</strong> forças sociais e <strong>dos</strong> criadores do Real diziam uma coisa, e a práticapolíticas, cujo <strong>em</strong>penho subjetivo é essencial para a foi outra. Vê-se, pelo Orçamento executado <strong>em</strong>escolha <strong>dos</strong> objetivos e a garantia <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong>. 1995, que o Governo tomou uma montanha <strong>de</strong> <strong>em</strong>-No segundo s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 1993, Fernando Hen- préstimos. A dívida interna do País foi elevada <strong>em</strong>rique Car<strong>dos</strong>o, argumentando que tinha chegado à 70% para comprar dólares e garantir a chamada ânsecretaessência da feitura orçamentária, afastou o cora cambial, as reservas altas.Secretário "<strong>de</strong> Orçamento, Aurélio Nonô. O então Mi- O Presi<strong>de</strong>nte diz que a base da sua opção é anistro da Fazenda anunciava na época o chamado necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o País atrair capitais que estão inte-Orçamento Verda<strong>de</strong>. E seus economistas concluí- grando o mundo. De novo, a impressão que se preramque Nonô queria incluir nas contas dinheiro fal- ten<strong>de</strong> dar é a <strong>de</strong> que essa integração é um processoso, porque era a favor <strong>de</strong> distribuir para gastos so- único, neutro, benfazejo <strong>em</strong> si, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>dos</strong> inciaisas chamadas r<strong>em</strong>unerações das disponibilida- teresses das forças políticas. Não o é. O mundo ca<strong>de</strong>sdo Tesouro Nacional no Banco Central. As re- pitalista está hoje dividido <strong>em</strong> três áreas monetárias:munerações são rendimentos credita<strong>dos</strong> pelo Banco a do dólar, a do iene e a européia, sob heg<strong>em</strong>oniaCentral sobre os <strong>de</strong>pósitos do Tesouro Nacional, do marco al<strong>em</strong>ão. O Brasil atrelou sua moeda a um<strong>de</strong>stina<strong>dos</strong> aos diversos gastos orçamentários, que <strong>de</strong>sses blocos, o do dólar. Não foi um gesto <strong>de</strong> gloficamobrigatoriamente no banco oficial enquanto balização pura e simples, s<strong>em</strong> adjetivo. Foi uma <strong>de</strong>nãosão usa<strong>dos</strong>. E o cientista chefe da equipe <strong>de</strong> cisão política, militante, uma globalização <strong>de</strong>pendformuladoresdo Plano Real, Edmar Bacha, dizia ente pró-americana. Qualquer exame mais aprofun-

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