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(os) no Sistema Prisional - CREPOP - Conselho Federal de Psicologia

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<strong>de</strong> exames crimi<strong>no</strong>lógic<strong>os</strong> produzindo, como efeito em alguns estad<strong>os</strong>, oaumento do tempo do encarceramento. Tal fato aumentou a insatisfação<strong>de</strong> muit<strong>os</strong> psicólog<strong>os</strong> que, já naquela ocasião, questionavam essaprática, principalmente <strong>os</strong> oriund<strong>os</strong> <strong>de</strong> uma formação crítica, op<strong>os</strong>ta ài<strong>de</strong>ologia p<strong>os</strong>itivista <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>terminista, classificatória e pericial.A crise mundial do Welfare State e a implementação <strong>de</strong> políticasneoliberais na gestão econômico-social do Estado constituem element<strong>os</strong>que engendraram o surgimento <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va or<strong>de</strong>m social aindamais exclu<strong>de</strong>nte e intolerante, seja n<strong>os</strong> países <strong>de</strong>senvolvid<strong>os</strong> ou “em<strong>de</strong>senvolvimento”. De acordo com Löic Wacquant (2003), n<strong>os</strong> últim<strong>os</strong>vinte an<strong>os</strong> tem-se consolidado uma “política estatal <strong>de</strong> criminalização dasconsequências da miséria <strong>de</strong> Estado” (p. 20). É o que o autor <strong>de</strong><strong>no</strong>mina<strong>de</strong> Estado Penal em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> um Estado Social. Aliado à sólidaestrutura carcerária e prisional, o Estado Penal se constituiu, <strong>de</strong> formaainda mais pernici<strong>os</strong>a, também pela gradativa retirada <strong>de</strong> investimentoem políticas públicas e na implementação <strong>de</strong> políticas compensatórias nagestão social. Consequentemente, segundo Zaffaroni (1988), “o sistemapenal lati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong> é estabelecido fundamentalmente <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong>provocar sofrimento” (p. 22).Compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> sob este prisma é fundamental paraanalisarm<strong>os</strong> as formas como n<strong>os</strong>sa socieda<strong>de</strong> tem lidado com asquestões sociais, com <strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong> da violência social, exclusão emarginalização, por meio <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> criminalização da pobreza,políticas do cárcere “duro” e pela constituição <strong>de</strong> um Estado Penaltipicamente brasileiro.Vera Malagutti Batista, em seu prefácio ao livro “Punir <strong>os</strong> Pobres:a <strong>no</strong>va gestão da miséria n<strong>os</strong> EUA” <strong>de</strong> Wacquant (2001), trazà tona importantes element<strong>os</strong> para n<strong>os</strong>sa análise da socieda<strong>de</strong>contemporânea a partir do fortalecimento do neoliberalismo e aconsequente constituição <strong>de</strong> um Estado <strong>de</strong> Tolerância Zero, ou seja,um Estado Penal Transnacional. Ali, afirma que: “a pobreza não émais exército <strong>de</strong> reserva <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, tor<strong>no</strong>u-se uma pobreza sem<strong>de</strong>sti<strong>no</strong>, precisando ser isolada, neutralizada e <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r”(Ibi<strong>de</strong>m, p. 8). Sua reflexão n<strong>os</strong> esclarece que: “se as prisões do séculoXVIII e XIX foram projetadas como fábricas <strong>de</strong> disciplina, hoje sãoplanejadas como fábricas <strong>de</strong> exclusão” (Ibi<strong>de</strong>m).47

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