sentiment<strong>os</strong>, fantasias humanas.Tal como preconiza Foucault (1999), trata-se do exercício <strong>de</strong> um<strong>de</strong>terminado saber-po<strong>de</strong>r, pois:Estam<strong>os</strong> na socieda<strong>de</strong> do professor-juiz, do médico-juiz, doeducador-juiz, do “assistente social”-juiz; tod<strong>os</strong> fazem reinara universalida<strong>de</strong> do <strong>no</strong>rmativo; e cada um <strong>no</strong> ponto em que seencontra, aí submete o corpo, <strong>os</strong> gest<strong>os</strong>, <strong>os</strong> comportament<strong>os</strong>, ascondutas, as aptidões, <strong>os</strong> <strong>de</strong>sempenh<strong>os</strong> (...) à medida em quea medicina, a psicologia, a educação, a assistência, o ‘trabalh<strong>os</strong>ocial’ tomam uma parte maior d<strong>os</strong> po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> controle e <strong>de</strong>sanção, em compensação o aparelho penal po<strong>de</strong>rá se medicalizar,se psicologizar, se pedagogizar, e <strong>de</strong>sse modo tornar-se men<strong>os</strong> útila ligação que a prisão constituía quando, pela <strong>de</strong>fasagem entre seudiscurso penitenciário e seu efeito <strong>de</strong> consolidação da <strong>de</strong>linquência,ela articulava o po<strong>de</strong>r penal e o po<strong>de</strong>r disciplinar (...). (FOUCAULT,1999, p. 251-253).O exame crimi<strong>no</strong>lógico foi apontado pel<strong>os</strong> psicólog<strong>os</strong> participantes dapesquisa como uma das práticas impeditivas para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ações <strong>de</strong> inserção social e para a vida em liberda<strong>de</strong>. Outro impedimentofoi a relação d<strong>os</strong> psicólog<strong>os</strong> com <strong>os</strong> agentes penitenciári<strong>os</strong>. Segundoo relato <strong>de</strong> um psicólogo participante da pesquisa <strong>CREPOP</strong> “(...) <strong>os</strong>própri<strong>os</strong> agentes impe<strong>de</strong>m <strong>os</strong> apenad<strong>os</strong> <strong>de</strong> subirem quando estessolicitam. Eles é que fazem a triagem d<strong>os</strong> que serão atendid<strong>os</strong>, sobemquem eles querem (Crepop/CEAPG/FGV-SP, 2007 p. 67). Apesar disso,diz o relatório, “muit<strong>os</strong> esforç<strong>os</strong> têm sido feit<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> profissionais<strong>de</strong>sse campo para transformar a cultura prisional e garantir <strong>os</strong> direit<strong>os</strong>das pessoas presas” (Ibi<strong>de</strong>m) e <strong>de</strong>staca que: “(...) ainda há a cultura<strong>de</strong> que <strong>os</strong> pres<strong>os</strong> não são gente, são animais (...). Mas a<strong>os</strong> pouc<strong>os</strong>tentam (<strong>os</strong> psicólog<strong>os</strong>) construir um espaço lá <strong>de</strong>ntro buscando apoio<strong>de</strong> policiais e direção, <strong>no</strong> atendimento a<strong>os</strong> intern<strong>os</strong>” (Ibi<strong>de</strong>m).São muit<strong>os</strong> <strong>os</strong> <strong>de</strong>safi<strong>os</strong> apontad<strong>os</strong> pela pesquisa do <strong>CREPOP</strong>,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>os</strong> “relacionad<strong>os</strong> à falta <strong>de</strong> recurs<strong>os</strong> materiais” até “ausência<strong>de</strong> (re)conhecimento e <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> papéis <strong>no</strong> trabalho em equipemultidisciplinar” (p.97-98 e 69, respectivamente). Na cartilhapublicada pelo CFP/DEPEN (2007), <strong>os</strong> psicólog<strong>os</strong> apontaram, <strong>de</strong>ntreoutras necessida<strong>de</strong>s, a <strong>de</strong> estabelecer diretrizes <strong>de</strong> ação <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong>:72
Desconstruir o conceito <strong>de</strong> crime relacionado unicamenteà patologia ou história individual, ao biográfico, e enfatizar <strong>os</strong>disp<strong>os</strong>itiv<strong>os</strong> sociais que promovem a criminalização”, <strong>de</strong> “interagircom <strong>os</strong> <strong>de</strong>mais profissionais das áreas técnicas com vistas àconstrução <strong>de</strong> projet<strong>os</strong> interdisciplinares voltad<strong>os</strong> para a garantiadas pessoas presas (CFP/DEPEN, 2007, p. 104-105)De modo geral, diretrizes em condições <strong>de</strong> “garantir a aplicaçãodas políticas públicas e garantir <strong>os</strong> direit<strong>os</strong> human<strong>os</strong> e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> daspessoas presas” (CEAPG/FGV-SP, 2007, p.75).No âmbito das medidas <strong>de</strong> segurança 46 , <strong>os</strong> psicólog<strong>os</strong> sinalizavama necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “direcionar sua atuação <strong>de</strong> forma a construiralternativas para a internação compulsória, privilegiando o tratamentona re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e fortalecendo a implementação da reformapsiquiátrica nessas instituições” (CFP/DEPEN, 2007, p. 105).Com <strong>os</strong> exempl<strong>os</strong> citad<strong>os</strong> a partir das duas pesquisas realizadas(CFP/DEPEN e <strong>CREPOP</strong>) observa-se que <strong>os</strong> psicólog<strong>os</strong> <strong>de</strong>sejam ocuparum outro lugar, livre do domínio jurídico e médico, engajando-se empráticas voltadas para as políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> coletiva. O II SeminárioNacional sobre <strong>Sistema</strong> <strong>Prisional</strong> realizado em <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2008, <strong>no</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro, apontou esse <strong>de</strong>sejo da categoria, que se refletiu n<strong>os</strong><strong>de</strong>bates das mesas e na Moção <strong>de</strong> Repúdio ao Exame Crimi<strong>no</strong>lógicoentregue ao Diretor Geral do DEPEN e encaminhada também aoMinistério da Justiça.A publicação CFP/DEPEN (2007), nas palavras da então presi<strong>de</strong>ntedo CFP, Ana Bock, chamou a atenção para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serepensar o papel da <strong>Psicologia</strong> <strong>no</strong> contexto prisional: “É preciso atuarcom as pessoas presas tendo em vista a vida em liberda<strong>de</strong>, para alémd<strong>os</strong> mur<strong>os</strong> da instituição prisional, estimulando a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> d<strong>os</strong>círcul<strong>os</strong> vici<strong>os</strong><strong>os</strong> que promovem a exclusão social” (p. 11-12). Nessesentido, um questionamento se faz necessário:[...] se vim<strong>os</strong> que as prisões produzem efeit<strong>os</strong> <strong>de</strong> subjetivação eque o sistema penal, ao configurar a <strong>de</strong>linquência, contribui paraa produção e reprodução d<strong>os</strong> <strong>de</strong>linquentes, o que po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> fazerpela <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong>ssas carreiras, para a produção <strong>de</strong> <strong>de</strong>svi<strong>os</strong>46. Ver Título VI do Código Penal e da LEP.73
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