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todos os cidadãos de um país. Essa cultura escolar, que tem sua origem em um determinado momento<br />
histórico, acaba por se naturalizar, transformando-se em um modelo a-histórico, configurando-se<br />
um mundo à parte, como espaço asséptico, imune a conflitos e debates. Nele, a cultura dominante<br />
é propagada e reproduzida como “alta cultura”, a cultura a ser aprendida por todos os cidadãos. E as<br />
consequências desse modelo de escola acabam sendo a exclusão e a discriminação dos grupos sociais<br />
que não se encaixam nesse perfil de cidadão: os negros, os povos indígenas, os camponeses, os pobres,<br />
os marginalizados de nossa sociedade. Os problemas que surgem em seu interior, decorrentes da<br />
diversidade cultural desses coletivos, passam a ser vistos como desvios, perturbações, como algo a ser<br />
corrigido para que a escola consolide sua rota.<br />
Exclusão das minorias<br />
Pessoas negras, indígenas, pobres, mulheres etc. são grupos socialmente considerados “minorias”.<br />
Assim como são discriminados e excluídos na escola, isso também ocorre a tais grupos em outros<br />
âmbitos da vida social, principalmente com relação à garantia de direitos e ao acesso a estes.<br />
Mas, por que grupos tão diferentes uns dos outros são entendidos como minorias? O que são<br />
minorias? A seguir, você poderá ver um documentário da TV Câmara que discute especificamente<br />
essa questão. O vídeo segue a trajetória de três pessoas de condições sociais, políticas, econômicas<br />
e étnicas diversas, demonstrando que as minorias são múltiplas e têm pautas distintas, bem como<br />
enfrentam os mais variados preconceitos em uma sociedade em que são vistas frequentemente<br />
como anormais.<br />
Vídeo: Exclusão das Minorias<br />
https://www.youtube.com/watch?v=nKM-n3RH0EI<br />
Logo, a escola pública, que deveria ser igual para todos, acaba por reproduzir e reforçar<br />
as desigualdades econômicas, sociais e políticas presentes em nossa sociedade. O processo de<br />
escolarizacão 3 , ao longo da história, foi também o processo de aniquilamento de muitas culturas<br />
tradicionais, com suas formas distintas de pensar e viver o mundo, trazendo, como consequência, um<br />
rastro de violência e autoritarismo cultural e social.<br />
Esse modelo de “escola pública igual para todos” começa a ser questionado por aqueles que não<br />
se sentiram participantes desse projeto moderno de educação e que não se reconhecem nele. Ao longo<br />
da história, foram muitos os movimentos que se rebelaram contra esse processo de “domesticação”<br />
de culturas imposto pela escolarização. No Brasil, movimentos sociais como o Movimento dos<br />
Módulo III - Escola: espaços e tempos de reprodução e resistências da pobreza 16