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O Movimento Sem Terra e as escolas nos assentamentos e acampamentos<br />
O Movimento dos Trabalhadores Rurais<br />
Sem Terra (MST) surgiu, no Brasil, na década<br />
de 1980, como resultado da união de muitos e<br />
diversos coletivos de camponeses – posseiros,<br />
arrendatários, migrantes, pequenos agricultores –<br />
que lutavam por seu direito à terra para produzir<br />
e viver. O MST nasceu como um forte movimento<br />
social, que tem como bandeira de luta a ocupação<br />
das terras improdutivas, a reforma agrária e a<br />
transformação da sociedade. Com suas ocupações,<br />
o MST nos mostra que o direito à terra deve ser<br />
de quem nela produz, colocando em xeque um<br />
dos pilares da sociedade agrária brasileira: os<br />
latifúndios improdutivos.<br />
Desde seu surgimento, o MST alia ação e<br />
reflexão, nas inúmeras ocupações de latifúndios<br />
improdutivos, defendendo que ocupar não é invadir<br />
e, simultaneamente, trazendo ao debate político a<br />
necessidade de uma reforma agrária que garanta<br />
terra para quem nela trabalha. Assim, escancara o<br />
problema agrário no Brasil e a insatisfação com a<br />
divisão de terras atual, que favorece o domínio do<br />
agronegócio em detrimento da agricultura familiar<br />
e de subsistência.<br />
Marcha ao Palácio do Planalto. Foto de Ruy Sposati (2012).<br />
Na década de 1990, o MST se expandiu para vários estados do país e passou a ser reconhecido,<br />
no Brasil e no mundo, por suas lutas, suas conquistas e, principalmente, seu processo organizativo e<br />
formativo, na perspectiva do trabalho e do Movimento como princípio educativo. Segundo Caldart, na<br />
experiência do MST existem duas ideias-força, imbricadas uma à outra:<br />
A primeira delas é de que existe uma pedagogia que se constitui no movimento de uma<br />
luta social; e a segunda é de que uma luta social é mais educativa, ou tem um peso<br />
formador maior, à medida que seus sujeitos conseguem entranhá-la no movimento da<br />
história. (CALDART, 2000, p. 10)<br />
Logo, é na luta que os indivíduos adquirem educação e formação, e constroem sua identidade<br />
de sujeito coletivo: os(as) sem-terra, que se educam participando das ocupações, das marchas, das<br />
organizações dos acampamentos, da criação de um assentamento.<br />
Módulo III - Escola: espaços e tempos de reprodução e resistências da pobreza 48