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Pantoja

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3. A escola como espaço de práticas culturais emancipatórias<br />

Agora, o senhor chega e diz: “Ciço, e uma educação dum outro jeito? Um saber pro povo<br />

do mundo como ele é?” Esse eu queria ver explicado. O senhor fala: “Eu tô falando duma<br />

educação pro povo mesmo, um tipo duma educação dele, assim, assim”. Essa eu queria<br />

saber como é. Tem? (SOUSA [CIÇO] apud BRANDÃO, 1984, p. 7 et seq.)<br />

Se foi possível constatar que há uma cultura e uma forma escolares, construídas ao longo da<br />

história e naturalizadas como o único modelo possível de escola em nossa sociedade, podemos<br />

afirmar também que esse modelo e sua naturalização têm sido constantemente questionados pelos<br />

movimentos sociais que denunciam o processo de exclusão vivido por crianças e jovens das camadas<br />

populares. Esses novos cidadãos e cidadãs conquistaram o direito de estar em uma escola que acolha,<br />

respeite e valorize sua cultura, sua forma de viver e de expressar o mundo.<br />

Atualmente, no Brasil, temos muitas experiências de escolas que se posicionaram na luta contra<br />

as desigualdades sociais, instituindo espaços de práticas culturais emancipatórias para educandos(as)<br />

e educadores(as) que delas participam. Alguns desafios são enfrentados pela educação indígena,<br />

quilombola, e de outros movimentos sociais, como o MST. Não por acaso, esses grupos que desenvolvem<br />

suas próprias experiências educacionais também são historicamente excluídos das benesses do<br />

desenvolvimento econômico, e suas populações comumente fazem parte das estatísticas de pobreza<br />

da sociedade brasileira.<br />

Talvez um estudo sobre essas experiências possa nos trazer algumas respostas para os desafios<br />

atualmente enfrentados na criação de uma educação que considere as vivências da pobreza de milhões<br />

de pessoas que estão na escola. Seguimos nosso estudo analisando alguns exemplos, não em busca de<br />

modelos, mas à procura de ideias e práticas novas a serem consideradas na educação.<br />

A educação indígena e as escolas diferenciadas<br />

A demanda por uma escola diferenciada faz parte de uma luta maior do movimento indígena<br />

brasileiro, já que os indígenas vêm buscando reconhecimento, ao longo da história, como o povo<br />

originário deste país, visando ter seus direitos garantidos: terra, saúde, educação, entre outros.<br />

Módulo III - Escola: espaços e tempos de reprodução e resistências da pobreza 35

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