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Pantoja

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A ideia de ciclo, nessa perspectiva, está fundamentada numa concepção mais ampla de educação,<br />

que relaciona a aprendizagem com a formação humana, considerando os grandes ciclos de vida:<br />

infância, adolescência, juventude, vida adulta.<br />

Conceber a escola na perspectiva dos ciclos de formação forçou que se repensasse a estrutura<br />

fragmentada do tempo escolar, até então regulada pelo calendário que divide o tempo em ano,<br />

semestre, bimestre. Dessa forma, mudou-se a orientação com base nos ciclos de formação humana,<br />

muito mais amplos e diversificados.<br />

Entretanto, considerar esses ciclos requer mais que dividir o tempo escolar em tempos mais<br />

longos que o ano letivo, compreende também pensar nas formas próprias de aprender dentro de cada<br />

um deles. Ou seja, o fato de um(a) jovem de 15 anos não saber ler, por exemplo, não faz com que<br />

ele(a) deixe de ter desejos, projetos, interesses, formas de ver o mundo e viver nele, ou que deixe de<br />

ser jovem como qualquer outro(a) já alfabetizado(a). Dessa maneira, embora também não saiba ler, o<br />

processo de formação desse(a) jovem se distancia bastante do processo de formação e alfabetização<br />

de uma criança de sete anos.<br />

Os ciclos, de seu lado, não estão desvinculados do contexto social e cultural em que cada indivíduo<br />

está inserido. Ao se discutir o que é próprio da infância, por exemplo, é preciso pensá-la não de forma<br />

abstrata, mas levando em consideração o universo cultural onde essa infância está sendo vivida, pois<br />

ser criança indígena é bastante diferente de ser uma criança negra da periferia de uma grande cidade<br />

ou um sem-terrinha. Por isso, a dimensão da diversidade é um componente fundante dos ciclos de<br />

formação e uma exigência para qualquer escola que se pretenda inclusiva e democrática.<br />

Nesse sentido, é importante que nos perguntemos: Que concepções de tempos de<br />

formação temos em nossas escolas? Os tempos da escola são vistos como tempos<br />

de formação humana ou apenas tempos de transmissão de conteúdos? Como<br />

entendemos os conteúdos acadêmicos dentro da escola: como instrumentos de<br />

formação ou como fins em si mesmos? Estamos criando canais de conexão entre a<br />

cultura dos estudantes e a cultura acadêmica? Através de que práticas? Consideramos<br />

que, por trás de um(a) aluno(a), existe uma criança ou um(a) jovem que carrega um<br />

conhecimento, uma cultura, uma forma própria e diversa de ver e viver o mundo?<br />

Uma escola que se pretenda democrática precisa, então, compreender e acolher a diversidade,<br />

transformando-a em vantagem pedagógica.<br />

Módulo III - Escola: espaços e tempos de reprodução e resistências da pobreza 23

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