29.02.2016 Views

Pantoja

f5nIhg

f5nIhg

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Um dos processos educativos fundamentais da participação dos sem-terra na luta está<br />

em seu enraizamento numa coletividade em movimento, que embora seja sua própria<br />

construção (os Sem Terra são o MST), acaba se constituindo como uma referência de<br />

sentido que está além de cada Sem Terra, ou mesmo além do seu conjunto, e que passa<br />

a ter um peso formador, ao meu ver decisivo, no processo de educação dos Sem Terra. É<br />

a intencionalidade política e pedagógica do MST que garante o vínculo da luta imediata<br />

com o movimento da história. (CALDART, 2000, p. 12)<br />

É também essa participação na luta que politiza o sujeito, fazendo com que ele perceba que seus<br />

problemas imediatos da falta de uma terra para plantar estão relacionados a questões sociais, políticas<br />

e econômicas mais amplas, que só serão superadas com uma profunda transformação social. E essa<br />

mudança deixa de ser sonho para se tornar realidade, concretizada na criação de novas formas de viver<br />

e conviver nos acampamentos e assentamentos.<br />

Mesmo tendo a compreensão de que os processos educativos que sustentam a identidade semterra<br />

não podem ser aprendidos dentro das quatro paredes de uma escola, o MST entende que a escola<br />

faz parte desse movimento pedagógico e é um importante instrumento de luta e formação. Mas, para<br />

isso, a escola, as pedagogias, os(as) educadores(as) têm de se repensar e se colocar em movimento:<br />

A escola projetada pela pedagogia do movimento é, pois, uma escola em movimento:<br />

movimento de pedagogias, movimento de sujeitos humanos. E este movimento acontece<br />

em torno de duas referências básicas: ser um lugar de formação humana, no sentido mais<br />

universal desta tarefa; e olhar para o Movimento como sujeito educativo que precisa<br />

da escola para ajudar no cultivo da identidade Sem Terra, e na continuidade de seu<br />

projeto histórico. Quando é assim, cada uma das pequenas coisas que acontecem no dia<br />

a dia da escola, passa a ter um outro sentido, não porque sejam coisas que nunca antes<br />

aconteciam na escola, (em alguns casos também isto) mas porque olhadas e feitas desde<br />

uma outra intencionalidade. (CALDART, 2000, p. 19)<br />

Assim, as antigas escolas rurais, vistas como sinônimo de atraso, atreladas à lógica excludente e<br />

segregadora do sistema escolar, vão dando lugar às escolas do campo, da reforma agrária, às escolas em<br />

movimento. Nesse sentido, o MST ocupa não só os latifúndios improdutivos, mas também “os latifúndios do<br />

saber”, recriando cursos de formação, escolas de Educação Básica, universidades, deixando nelas a marca<br />

de sua luta e de sua identidade. Com o mesmo orgulho com que homens e mulheres se apresentam dizendo<br />

“sou um(a) sem-terra”, crianças, jovens e adolescentes, estudantes das escolas do MST, declaram: “sou<br />

um(a) sem-terrinha”.<br />

Módulo III - Escola: espaços e tempos de reprodução e resistências da pobreza 49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!