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Nesse contexto, começam a surgir no Brasil inúmeras experiências de escolas indígenas<br />
diferenciadas que, apesar de garantidas por lei, enfrentam uma série de dificuldades frente à burocracia<br />
dos sistemas de ensino a que estão vinculadas.<br />
A experiência escolar dos povos indígenas brasileiros deixa a descoberto a dimensão política da<br />
escolarização. Experienciando inicialmente a exclusão e a discriminação numa escola nada comprometida<br />
com a cultura deles, eles tiveram a possibilidade de mudar essa situação e “experimentar” uma escola<br />
sintonizada com a luta e os projetos próprios. Como bem explicam os(as) professores(as) pataxó, a<br />
escola indígena é construída com base em um permanente diálogo com a comunidade, levando em<br />
conta as necessidades existentes:<br />
A nossa escola é o lugar onde a comunidade busca dialogar com os temas que são<br />
relacionados à sua vida dentro e fora da aldeia. Ela serve como base de instrução e<br />
orientação para ajudar a pensar o que é importante e fundamental para a vida da<br />
comunidade. Então, a escola tem o papel de circular dentro da aldeia. A escola é um bem<br />
social, cultural e que deve estar atenta para não perder de vista os interesses coletivos que<br />
garantem e fortalecem a boa convivência, o espírito associativo e cooperativo entre todos<br />
da aldeia. Dessa forma, a escola e a comunidade pensam juntos o seu plano de vida […].<br />
(PATAXÓ et al., 2009, p. 17)<br />
Infográfico Interativo - Povos indígenas: educação e território<br />
Acesse pelo material didático digital<br />
Nas escolas indígenas, a participação da comunidade na definição dos rumos da escola é efetiva<br />
e a gestão é compartilhada, não havendo uma hierarquia escolar. As decisões, tanto pedagógicas como<br />
administrativas, são tomadas de forma coletiva, “é um trabalho coletivo, porque a maioria das famílias<br />
está presente dentro da escola” (PATAXÓ et al., 2009, p. 40).<br />
Nas escolas indígenas, os(as) professores(as) são escolhidos(as) entre as pessoas da comunidade<br />
e têm de assumir um compromisso com seu povo, como nos revelam os depoimentos a seguir:<br />
O professor indígena não pode se limitar apenas em ensinar a ler e escrever. O nosso<br />
compromisso é muito maior. É um processo contínuo de formação política, social,<br />
econômica e cultural, dando ferramentas para as populações indígenas na construção<br />
de uma educação escolar indígena com a cara de cada povo. (FIEI, 2008, p. 39, fala de<br />
professor Xacriabá)<br />
Módulo III - Escola: espaços e tempos de reprodução e resistências da pobreza 38