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edição de 19 de setembro de 2016

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Orquestra e empresa<br />

“A música é o barulho colorido”.<br />

Fralber Saidam<br />

Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />

Um dia perguntaram a Peter Drucker<br />

qual a melhor referência para uma organização<br />

verda<strong>de</strong>iramente mo<strong>de</strong>rna. No<br />

ato, ele respon<strong>de</strong>u: “O protótipo da organização<br />

mo<strong>de</strong>rna é a orquestra sinfônica.<br />

Cada um <strong>de</strong> seus 200 músicos é um especialista<br />

<strong>de</strong> alto nível. Contudo, sozinha, a<br />

tuba não faz a música; só a orquestra po<strong>de</strong><br />

fazê-lo. E isso só ocorre porque todos os<br />

músicos têm a mesma partitura. E todos<br />

tocam uma peça musical <strong>de</strong> cada vez”. É<br />

isso! A empresa mo<strong>de</strong>rna refere-se a uma<br />

orquestra.<br />

Sob o comando ou regência <strong>de</strong> um maestro<br />

ou CEO capaz <strong>de</strong> tirar o máximo e o<br />

melhor <strong>de</strong> cada um dos músicos. Tocando,<br />

sempre, uma música <strong>de</strong> cada vez e todos<br />

seguindo a mesma partitura, mapa, planejamento.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento e ação.<br />

Domingos atrás a Revista São Paulo da<br />

Folha entrevistou sete dos principais maestros<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. E cada um<br />

<strong>de</strong>les valorizou o que julgava mais importante<br />

na direção <strong>de</strong> uma orquestra. Ou, seguindo<br />

Drucker, no comando <strong>de</strong> uma empresa.<br />

Vamos conferir.<br />

João Carlos Martins, 76, Bachiana Filarmônica<br />

Sesi SP: “Para mim cada integrante<br />

da orquestra é como uma tecla do piano. E<br />

a partitura é sagrada, mas como condutor<br />

você tem <strong>de</strong> dar sua opinião, imprimir seu<br />

estilo e personalida<strong>de</strong>”.<br />

Isaac Karabtchevsky, 81, Orquestra Sinfônica<br />

Heliópolis: “É a respiração que dá a<br />

especialização do gesto. Sem a respiração,<br />

você tem uma bateção <strong>de</strong> compasso sem<br />

propósito”.<br />

Claudio Cruz, 49, Orquestra Jovem do<br />

Estado: “Gosto <strong>de</strong> relacionamentos longos.<br />

Com pouco tempo não se constrói muito,<br />

tanto no âmbito pessoal quanto no profissional”.<br />

João Maurício Galindo, 55, Orquestra Jazz<br />

Sinfônica: “Quando você sente que sua<br />

orquestra está com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> tocar, com<br />

energia – e não apenas pelo salário – você<br />

chegou ao topo”.<br />

Luiz Fernando Malheiro, 58, Orquestra<br />

do Theatro São Pedro: “O fazer cantar dos<br />

instrumentos é importante e a formação do<br />

maestro <strong>de</strong>ve levar isso em consi<strong>de</strong>ração.<br />

No fundo, tudo é canto”.<br />

Carlos Moreno, 48, Orquestra Experimental<br />

<strong>de</strong> Repertório: “Para reger, você<br />

precisa enten<strong>de</strong>r que está a serviço <strong>de</strong> pessoas.<br />

Eu existo para o outro, não para mim.<br />

Essa é a crença que me faz ser um artista<br />

melhor”.<br />

Marin Alsop, 60, Orquestra Sinfônica <strong>de</strong><br />

São Paulo, a quem tive a felicida<strong>de</strong> e a honra<br />

<strong>de</strong> assistir regendo em janeiro <strong>de</strong>ste ano,<br />

no Carnegie Hall, a Orquestra <strong>de</strong> Baltimore,<br />

na 5ª <strong>de</strong> Mahler: “No final das contas, temos<br />

uma responsabilida<strong>de</strong> é com o compositor.<br />

Como regente você é um mensageiro<br />

do compositor”.<br />

Deu pra enten<strong>de</strong>r? Assim como nas<br />

melhores orquestras, nas melhores empresas,<br />

como ensina João Carlos, o que<br />

prevalece é o estilo e a personalida<strong>de</strong> que<br />

os clientes percebem, reconhecem e valorizam.<br />

Todo o capital humano da empresa<br />

respirando <strong>de</strong> forma organizada e no ritmo<br />

a<strong>de</strong>quado, Isaac. Quanto mais as pessoas<br />

trabalham juntas, melhor, porque tocam<br />

por música, Claudio. Equipes empolgadas<br />

e comprometidas performam melhor,<br />

Galindo. Cada colaborador precisa<br />

“cantar” porque na vida, na música e no<br />

trabalho tudo é canto, Malheiro. Encantar<br />

o público e não a mim mesmo, Moreno.<br />

Jamais per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista que o profissional<br />

no comando é o mensageiro do empreen<strong>de</strong>dor<br />

e visionário que <strong>de</strong>cidiu dar vida a<br />

seu sonho, Alsop.<br />

Termino com o maior dos maestros da<br />

administração mo<strong>de</strong>rna e do marketing,<br />

Peter Drucker: “Nem todos os maestros sabem<br />

tocar violino, mas sabem exatamente<br />

qual o <strong>de</strong>sempenho esperam <strong>de</strong> todos os<br />

instrumentos e <strong>de</strong> todos os seus músicos”.<br />

Po<strong>de</strong>m aplaudir!<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

22 <strong>19</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark

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