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Orquestra e empresa<br />
“A música é o barulho colorido”.<br />
Fralber Saidam<br />
Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />
Um dia perguntaram a Peter Drucker<br />
qual a melhor referência para uma organização<br />
verda<strong>de</strong>iramente mo<strong>de</strong>rna. No<br />
ato, ele respon<strong>de</strong>u: “O protótipo da organização<br />
mo<strong>de</strong>rna é a orquestra sinfônica.<br />
Cada um <strong>de</strong> seus 200 músicos é um especialista<br />
<strong>de</strong> alto nível. Contudo, sozinha, a<br />
tuba não faz a música; só a orquestra po<strong>de</strong><br />
fazê-lo. E isso só ocorre porque todos os<br />
músicos têm a mesma partitura. E todos<br />
tocam uma peça musical <strong>de</strong> cada vez”. É<br />
isso! A empresa mo<strong>de</strong>rna refere-se a uma<br />
orquestra.<br />
Sob o comando ou regência <strong>de</strong> um maestro<br />
ou CEO capaz <strong>de</strong> tirar o máximo e o<br />
melhor <strong>de</strong> cada um dos músicos. Tocando,<br />
sempre, uma música <strong>de</strong> cada vez e todos<br />
seguindo a mesma partitura, mapa, planejamento.<br />
Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento e ação.<br />
Domingos atrás a Revista São Paulo da<br />
Folha entrevistou sete dos principais maestros<br />
da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. E cada um<br />
<strong>de</strong>les valorizou o que julgava mais importante<br />
na direção <strong>de</strong> uma orquestra. Ou, seguindo<br />
Drucker, no comando <strong>de</strong> uma empresa.<br />
Vamos conferir.<br />
João Carlos Martins, 76, Bachiana Filarmônica<br />
Sesi SP: “Para mim cada integrante<br />
da orquestra é como uma tecla do piano. E<br />
a partitura é sagrada, mas como condutor<br />
você tem <strong>de</strong> dar sua opinião, imprimir seu<br />
estilo e personalida<strong>de</strong>”.<br />
Isaac Karabtchevsky, 81, Orquestra Sinfônica<br />
Heliópolis: “É a respiração que dá a<br />
especialização do gesto. Sem a respiração,<br />
você tem uma bateção <strong>de</strong> compasso sem<br />
propósito”.<br />
Claudio Cruz, 49, Orquestra Jovem do<br />
Estado: “Gosto <strong>de</strong> relacionamentos longos.<br />
Com pouco tempo não se constrói muito,<br />
tanto no âmbito pessoal quanto no profissional”.<br />
João Maurício Galindo, 55, Orquestra Jazz<br />
Sinfônica: “Quando você sente que sua<br />
orquestra está com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> tocar, com<br />
energia – e não apenas pelo salário – você<br />
chegou ao topo”.<br />
Luiz Fernando Malheiro, 58, Orquestra<br />
do Theatro São Pedro: “O fazer cantar dos<br />
instrumentos é importante e a formação do<br />
maestro <strong>de</strong>ve levar isso em consi<strong>de</strong>ração.<br />
No fundo, tudo é canto”.<br />
Carlos Moreno, 48, Orquestra Experimental<br />
<strong>de</strong> Repertório: “Para reger, você<br />
precisa enten<strong>de</strong>r que está a serviço <strong>de</strong> pessoas.<br />
Eu existo para o outro, não para mim.<br />
Essa é a crença que me faz ser um artista<br />
melhor”.<br />
Marin Alsop, 60, Orquestra Sinfônica <strong>de</strong><br />
São Paulo, a quem tive a felicida<strong>de</strong> e a honra<br />
<strong>de</strong> assistir regendo em janeiro <strong>de</strong>ste ano,<br />
no Carnegie Hall, a Orquestra <strong>de</strong> Baltimore,<br />
na 5ª <strong>de</strong> Mahler: “No final das contas, temos<br />
uma responsabilida<strong>de</strong> é com o compositor.<br />
Como regente você é um mensageiro<br />
do compositor”.<br />
Deu pra enten<strong>de</strong>r? Assim como nas<br />
melhores orquestras, nas melhores empresas,<br />
como ensina João Carlos, o que<br />
prevalece é o estilo e a personalida<strong>de</strong> que<br />
os clientes percebem, reconhecem e valorizam.<br />
Todo o capital humano da empresa<br />
respirando <strong>de</strong> forma organizada e no ritmo<br />
a<strong>de</strong>quado, Isaac. Quanto mais as pessoas<br />
trabalham juntas, melhor, porque tocam<br />
por música, Claudio. Equipes empolgadas<br />
e comprometidas performam melhor,<br />
Galindo. Cada colaborador precisa<br />
“cantar” porque na vida, na música e no<br />
trabalho tudo é canto, Malheiro. Encantar<br />
o público e não a mim mesmo, Moreno.<br />
Jamais per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista que o profissional<br />
no comando é o mensageiro do empreen<strong>de</strong>dor<br />
e visionário que <strong>de</strong>cidiu dar vida a<br />
seu sonho, Alsop.<br />
Termino com o maior dos maestros da<br />
administração mo<strong>de</strong>rna e do marketing,<br />
Peter Drucker: “Nem todos os maestros sabem<br />
tocar violino, mas sabem exatamente<br />
qual o <strong>de</strong>sempenho esperam <strong>de</strong> todos os<br />
instrumentos e <strong>de</strong> todos os seus músicos”.<br />
Po<strong>de</strong>m aplaudir!<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
22 <strong>19</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark