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“<br />
marcos quintela<br />
entrevista<br />
newcomm vai<br />
investir nas<br />
aquisições <strong>de</strong><br />
publicida<strong>de</strong><br />
“<br />
Maior grupo <strong>de</strong> comunicação do Brasil com<br />
as marcas Y&R, lí<strong>de</strong>r dos investimentos<br />
em mídia do país com um faturamento<br />
bruto anual <strong>de</strong> aproximadamente<br />
R$ 7 bilhões, Grey, Ação, VML e Wun<strong>de</strong>rman,<br />
o Newcomm está com planos <strong>de</strong> buscar novos<br />
negócios na área <strong>de</strong> propaganda. Essa é a meta do<br />
executivo Marcos Quintela, que assumiu, no fim <strong>de</strong><br />
2015, a presidência do grupo que é sócio da holding<br />
inglesa WPP. Nessa entrevista, ele se posiciona sobre<br />
o mo<strong>de</strong>lo brasileiro e a importância da criativida<strong>de</strong><br />
na gestão <strong>de</strong> marcas.<br />
Paulo Macedo<br />
Qual é a sua missão no Grupo<br />
Newcomm <strong>de</strong> Comunicação, que<br />
tem, entre outras agências, a lí<strong>de</strong>r<br />
Y&R do ranking do Kantar Ibope Media,<br />
que contabilizou faturamento<br />
bruto <strong>de</strong> R$ 7 bilhões em 2015?<br />
Ela acaba se diferindo um pouco<br />
do que o Roberto Justus fazia<br />
antes <strong>de</strong> assumir, no fim do ano<br />
passado, a posição <strong>de</strong> chairman<br />
do grupo, mas apenas por uma<br />
questão <strong>de</strong> estilo. O que tenho<br />
feito no meu discription job é<br />
<strong>de</strong>ixar as empresas que fazem<br />
parte do Newcomm mais próximas<br />
para enten<strong>de</strong>r os negócios<br />
com sinergia, principalmente entre<br />
a Wun<strong>de</strong>rman e a Y&R. Temos<br />
alguns clientes que já são atendidos<br />
pelas duas empresas, como<br />
LG, Cielo, Azul e Casas Bahia.<br />
Como é o seu contrato com a holding<br />
inglesa WPP, que é sócia do<br />
Newcomm?<br />
Tenho dois contratos: um<br />
como executivo, que já previa<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2009 a minha promoção à<br />
presidência da holding no fim <strong>de</strong><br />
2015 e que <strong>de</strong>ixasse minhas funções<br />
executivas na Y&R, em que<br />
eu era presi<strong>de</strong>nte; o compromisso<br />
também prevê a venda da minha<br />
parte acionária em um período <strong>de</strong><br />
sete a 10 anos. Roberto Justus fez<br />
essa opção no fim do ano passado,<br />
quando me foi transferido o<br />
comando do Newcomm.<br />
Qual é o foco do WPP?<br />
Quando alguém assume uma<br />
posição como essa, tem <strong>de</strong> ficar<br />
bem clara a agressivida<strong>de</strong> do<br />
WPP nas aquisições. O que está<br />
disponível no mercado com capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> impactar o nosso<br />
earn-out? É o que pergunto cotidianamente.<br />
Estamos olhando<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios com e<br />
para o WPP. Era algo que, como<br />
presi<strong>de</strong>nte da Y&R, não me era<br />
permitido. Tenho realizado reuniões<br />
periódicas para ver as alternativas<br />
disponíveis, mesmo fora<br />
<strong>de</strong> São Paulo. Como sou um profissional<br />
focado no cliente, também<br />
estou fazendo uma imersão<br />
nas marcas atendidas pela<br />
Grey, Wun<strong>de</strong>rman, VML e Ação,<br />
esta última uma empresa <strong>de</strong> pré<br />
mídia. Os três pontos que vou<br />
<strong>de</strong>stacar na minha gestão são as<br />
sinergias entre as companhias,<br />
fusões e aquisições, aprofundamento<br />
das expertises e muito conhecimento<br />
estratégico.<br />
Quais as oportunida<strong>de</strong>s?<br />
Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do cenário econômico<br />
e político. O otimismo já<br />
chegou, falta a reação tão esperada<br />
do PIB. Tenho certeza, porém,<br />
<strong>de</strong> que há oportunida<strong>de</strong>s e estamos<br />
olhando com carinho para alguns<br />
filhotes. Não pelo viés da crise,<br />
que muita gente fala que elas<br />
aparecem e ainda não consegui<br />
i<strong>de</strong>ntificá-las, mas pelo propósito.<br />
Uma opção é o crescimento nos próprios<br />
clientes?<br />
Sim. A evolução digital é algo<br />
que veio para adicionar e não para<br />
substituir. O Brasil é um país consumidor<br />
<strong>de</strong> televisão aberta com<br />
um market share consistente e<br />
em condições <strong>de</strong> ampliar essa fatia<br />
com o crescimento da população.<br />
Os meios impressos, o rádio<br />
e outras mídias não vão <strong>de</strong>saparecer,<br />
mas o mercado vai ter uma<br />
a<strong>de</strong>quação com o mo<strong>de</strong>lo digital.<br />
Quais segmentos que estão em foco<br />
para aquisições?<br />
Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scartar nenhum<br />
<strong>de</strong>les, mas vamos priorizar<br />
agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>. Outros<br />
grupos têm focado em relações<br />
públicas e digital, por exemplo,<br />
mas nós vamos seguir buscando<br />
negócios na área <strong>de</strong> propaganda.<br />
Po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>talhar esse projeto sinergético?<br />
A i<strong>de</strong>ia é ficar envolvido mais<br />
profundamente na propaganda<br />
e, com o grupo <strong>de</strong> agências que<br />
possuímos, não per<strong>de</strong>r negócios<br />
e evitar conflitos. Depen<strong>de</strong>ndo<br />
do cliente, muitas vezes o conflito<br />
envolve apenas uma parte do<br />
negócio. Sempre pedimos uma<br />
liberação do anunciante porque<br />
às vezes ele po<strong>de</strong> se incomodar<br />
com uma <strong>de</strong>cisão. Para evitar<br />
qualquer problema, nosso crité-<br />
rio ético é se orientar por or<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong> chegada e não pelo valor do<br />
investimento. A sinergia é essencial<br />
na era do cross business. Hoje<br />
conseguimos casar interesses dos<br />
nossos clientes, como a Danone<br />
estar com seus produtos nos aviões<br />
da Azul ou a cerveja Itaipava<br />
estar num evento e assim por<br />
diante. E o Newcomm tem como<br />
premissa trazer a riqueza das sinergias<br />
para todos os clientes.<br />
As agências não sobrevivem mais <strong>de</strong><br />
mídia?<br />
Faz tempo que esse mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser a única fonte <strong>de</strong><br />
receita. Conteúdo, consultoria,<br />
inteligência, com mídia ou sem<br />
mídia, e performance do negócio<br />
do cliente. E temos <strong>de</strong> ser remunerados<br />
por cada solução apresentada.<br />
O cliente chega e fala<br />
que tem um produto estocado<br />
<strong>de</strong>vido a uma análise <strong>de</strong> preço<br />
inconsistente e não tem verba <strong>de</strong><br />
mídia para resolver a questão. Se<br />
ele confia na agência, temos <strong>de</strong><br />
ajudá-lo.<br />
Como é o equilíbrio do Newcomm entre<br />
mídia e no media?<br />
A mídia ainda é a gran<strong>de</strong> fonte<br />
<strong>de</strong> receita das agências <strong>de</strong>ntro<br />
do mo<strong>de</strong>lo brasileiro <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>.<br />
Não temos o breakdown<br />
exato porque quando vira receita<br />
é indiferente se vem <strong>de</strong> mídia, fee<br />
<strong>de</strong> criação, consultoria, custos internos<br />
etc. Mas posso afirmar que<br />
mais da meta<strong>de</strong> da remuneração<br />
vem <strong>de</strong> mídia, com base no <strong>de</strong>sconto<br />
padrão.<br />
O mo<strong>de</strong>lo brasileiro precisa <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação?<br />
Precisamos discutir os problemas<br />
na raiz. Temos conversado<br />
muito com as li<strong>de</strong>ranças para<br />
fazermos algo, mas não sobre o<br />
escopo que existe hoje. A vonta<strong>de</strong><br />
é zerar e fazer do início. Por<br />
exemplo, quais são as faixas que<br />
se pagam <strong>de</strong> comissionamento às<br />
agências? O que mudou na mão<br />
<strong>de</strong> obra com o digital? Quais os<br />
valores que os clientes se sentem<br />
à vonta<strong>de</strong> para pagar? Qual é a<br />
nova tabela do Cenp? Temos <strong>de</strong><br />
apoiar as entida<strong>de</strong>s, mas escolher<br />
alguns temas e reiniciar essa história.<br />
Hoje, no Newcomm, tenho<br />
mais tempo para as ativida<strong>de</strong>s<br />
26 <strong>19</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark