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edição de 19 de setembro de 2016

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“<br />

marcos quintela<br />

entrevista<br />

newcomm vai<br />

investir nas<br />

aquisições <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong><br />

“<br />

Maior grupo <strong>de</strong> comunicação do Brasil com<br />

as marcas Y&R, lí<strong>de</strong>r dos investimentos<br />

em mídia do país com um faturamento<br />

bruto anual <strong>de</strong> aproximadamente<br />

R$ 7 bilhões, Grey, Ação, VML e Wun<strong>de</strong>rman,<br />

o Newcomm está com planos <strong>de</strong> buscar novos<br />

negócios na área <strong>de</strong> propaganda. Essa é a meta do<br />

executivo Marcos Quintela, que assumiu, no fim <strong>de</strong><br />

2015, a presidência do grupo que é sócio da holding<br />

inglesa WPP. Nessa entrevista, ele se posiciona sobre<br />

o mo<strong>de</strong>lo brasileiro e a importância da criativida<strong>de</strong><br />

na gestão <strong>de</strong> marcas.<br />

Paulo Macedo<br />

Qual é a sua missão no Grupo<br />

Newcomm <strong>de</strong> Comunicação, que<br />

tem, entre outras agências, a lí<strong>de</strong>r<br />

Y&R do ranking do Kantar Ibope Media,<br />

que contabilizou faturamento<br />

bruto <strong>de</strong> R$ 7 bilhões em 2015?<br />

Ela acaba se diferindo um pouco<br />

do que o Roberto Justus fazia<br />

antes <strong>de</strong> assumir, no fim do ano<br />

passado, a posição <strong>de</strong> chairman<br />

do grupo, mas apenas por uma<br />

questão <strong>de</strong> estilo. O que tenho<br />

feito no meu discription job é<br />

<strong>de</strong>ixar as empresas que fazem<br />

parte do Newcomm mais próximas<br />

para enten<strong>de</strong>r os negócios<br />

com sinergia, principalmente entre<br />

a Wun<strong>de</strong>rman e a Y&R. Temos<br />

alguns clientes que já são atendidos<br />

pelas duas empresas, como<br />

LG, Cielo, Azul e Casas Bahia.<br />

Como é o seu contrato com a holding<br />

inglesa WPP, que é sócia do<br />

Newcomm?<br />

Tenho dois contratos: um<br />

como executivo, que já previa<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2009 a minha promoção à<br />

presidência da holding no fim <strong>de</strong><br />

2015 e que <strong>de</strong>ixasse minhas funções<br />

executivas na Y&R, em que<br />

eu era presi<strong>de</strong>nte; o compromisso<br />

também prevê a venda da minha<br />

parte acionária em um período <strong>de</strong><br />

sete a 10 anos. Roberto Justus fez<br />

essa opção no fim do ano passado,<br />

quando me foi transferido o<br />

comando do Newcomm.<br />

Qual é o foco do WPP?<br />

Quando alguém assume uma<br />

posição como essa, tem <strong>de</strong> ficar<br />

bem clara a agressivida<strong>de</strong> do<br />

WPP nas aquisições. O que está<br />

disponível no mercado com capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> impactar o nosso<br />

earn-out? É o que pergunto cotidianamente.<br />

Estamos olhando<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios com e<br />

para o WPP. Era algo que, como<br />

presi<strong>de</strong>nte da Y&R, não me era<br />

permitido. Tenho realizado reuniões<br />

periódicas para ver as alternativas<br />

disponíveis, mesmo fora<br />

<strong>de</strong> São Paulo. Como sou um profissional<br />

focado no cliente, também<br />

estou fazendo uma imersão<br />

nas marcas atendidas pela<br />

Grey, Wun<strong>de</strong>rman, VML e Ação,<br />

esta última uma empresa <strong>de</strong> pré<br />

mídia. Os três pontos que vou<br />

<strong>de</strong>stacar na minha gestão são as<br />

sinergias entre as companhias,<br />

fusões e aquisições, aprofundamento<br />

das expertises e muito conhecimento<br />

estratégico.<br />

Quais as oportunida<strong>de</strong>s?<br />

Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do cenário econômico<br />

e político. O otimismo já<br />

chegou, falta a reação tão esperada<br />

do PIB. Tenho certeza, porém,<br />

<strong>de</strong> que há oportunida<strong>de</strong>s e estamos<br />

olhando com carinho para alguns<br />

filhotes. Não pelo viés da crise,<br />

que muita gente fala que elas<br />

aparecem e ainda não consegui<br />

i<strong>de</strong>ntificá-las, mas pelo propósito.<br />

Uma opção é o crescimento nos próprios<br />

clientes?<br />

Sim. A evolução digital é algo<br />

que veio para adicionar e não para<br />

substituir. O Brasil é um país consumidor<br />

<strong>de</strong> televisão aberta com<br />

um market share consistente e<br />

em condições <strong>de</strong> ampliar essa fatia<br />

com o crescimento da população.<br />

Os meios impressos, o rádio<br />

e outras mídias não vão <strong>de</strong>saparecer,<br />

mas o mercado vai ter uma<br />

a<strong>de</strong>quação com o mo<strong>de</strong>lo digital.<br />

Quais segmentos que estão em foco<br />

para aquisições?<br />

Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scartar nenhum<br />

<strong>de</strong>les, mas vamos priorizar<br />

agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>. Outros<br />

grupos têm focado em relações<br />

públicas e digital, por exemplo,<br />

mas nós vamos seguir buscando<br />

negócios na área <strong>de</strong> propaganda.<br />

Po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>talhar esse projeto sinergético?<br />

A i<strong>de</strong>ia é ficar envolvido mais<br />

profundamente na propaganda<br />

e, com o grupo <strong>de</strong> agências que<br />

possuímos, não per<strong>de</strong>r negócios<br />

e evitar conflitos. Depen<strong>de</strong>ndo<br />

do cliente, muitas vezes o conflito<br />

envolve apenas uma parte do<br />

negócio. Sempre pedimos uma<br />

liberação do anunciante porque<br />

às vezes ele po<strong>de</strong> se incomodar<br />

com uma <strong>de</strong>cisão. Para evitar<br />

qualquer problema, nosso crité-<br />

rio ético é se orientar por or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> chegada e não pelo valor do<br />

investimento. A sinergia é essencial<br />

na era do cross business. Hoje<br />

conseguimos casar interesses dos<br />

nossos clientes, como a Danone<br />

estar com seus produtos nos aviões<br />

da Azul ou a cerveja Itaipava<br />

estar num evento e assim por<br />

diante. E o Newcomm tem como<br />

premissa trazer a riqueza das sinergias<br />

para todos os clientes.<br />

As agências não sobrevivem mais <strong>de</strong><br />

mídia?<br />

Faz tempo que esse mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser a única fonte <strong>de</strong><br />

receita. Conteúdo, consultoria,<br />

inteligência, com mídia ou sem<br />

mídia, e performance do negócio<br />

do cliente. E temos <strong>de</strong> ser remunerados<br />

por cada solução apresentada.<br />

O cliente chega e fala<br />

que tem um produto estocado<br />

<strong>de</strong>vido a uma análise <strong>de</strong> preço<br />

inconsistente e não tem verba <strong>de</strong><br />

mídia para resolver a questão. Se<br />

ele confia na agência, temos <strong>de</strong><br />

ajudá-lo.<br />

Como é o equilíbrio do Newcomm entre<br />

mídia e no media?<br />

A mídia ainda é a gran<strong>de</strong> fonte<br />

<strong>de</strong> receita das agências <strong>de</strong>ntro<br />

do mo<strong>de</strong>lo brasileiro <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>.<br />

Não temos o breakdown<br />

exato porque quando vira receita<br />

é indiferente se vem <strong>de</strong> mídia, fee<br />

<strong>de</strong> criação, consultoria, custos internos<br />

etc. Mas posso afirmar que<br />

mais da meta<strong>de</strong> da remuneração<br />

vem <strong>de</strong> mídia, com base no <strong>de</strong>sconto<br />

padrão.<br />

O mo<strong>de</strong>lo brasileiro precisa <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação?<br />

Precisamos discutir os problemas<br />

na raiz. Temos conversado<br />

muito com as li<strong>de</strong>ranças para<br />

fazermos algo, mas não sobre o<br />

escopo que existe hoje. A vonta<strong>de</strong><br />

é zerar e fazer do início. Por<br />

exemplo, quais são as faixas que<br />

se pagam <strong>de</strong> comissionamento às<br />

agências? O que mudou na mão<br />

<strong>de</strong> obra com o digital? Quais os<br />

valores que os clientes se sentem<br />

à vonta<strong>de</strong> para pagar? Qual é a<br />

nova tabela do Cenp? Temos <strong>de</strong><br />

apoiar as entida<strong>de</strong>s, mas escolher<br />

alguns temas e reiniciar essa história.<br />

Hoje, no Newcomm, tenho<br />

mais tempo para as ativida<strong>de</strong>s<br />

26 <strong>19</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark

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