20 Setembro I 2022 www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com PATROCINADORES >
ECONOMIA CIRCULAR NO AFTERMARKET FALTA DE COERÊNCIA! COM O ANÚNCIO OFICIAL DA PROIBIÇÃO DA VENDA DE VEÍCULOS NOVOS COM MOTORES DE COMBUSTÃO, JÁ A PARTIR DE 2035, A COMISSÃO EUROPEIA REVELA UMA FALTA DE COERÊNCIA NA APLICAÇÃO DA ECONOMIA CIRCULAR AO SETOR AUTOMÓVEL A pressão no sentido de eliminar centenas de milhões de veículos europeus num curto período de tempo e, ao mesmo tempo, o incentivo à reparação como objetivo prioritário no ambiente da UE são incongruentes. A pressão atual para a renovação da frota é uma via traumática para a produção de resíduos. A verdadeira sustentabilidade na mobilidade privada seria promover tecnologia para transformar o que já existe, garantindo ao mesmo tempo a segurança rodoviária. Salienta ‐se a falta de ligação entre o estímulo da economia circular no ambiente geral e o tratamento que está a ser dado à indústria automóvel, através de regulamentos que promovem a renovação total do parque automóvel e o envio de centenas de milhões de veículos para o ferro ‐velho. Se a Economia Circular não continuar a garantir a durabilidade dos veículos, com base na sua reparação, estamos perante uma nova prática de greenwashing (prática de marketing verde destinada a criar uma imagem ilusória de responsabilidade ecológica). A iniciativa da UE “Consumo Sustentável de Bens: Promoção da Reparação, Transformação e Reutilização”, é o primeiro passo para uma nova diretiva que visa promover uma utilização mais sustentável dos bens ao longo da sua vida útil. Entre os objetivos do projeto da legislação está também o de encorajar os consumidores a fazerem escolhas sustentáveis, incluindo a reparação ou transformação de bens em vez da sua substituição, no quadro do estímulo à economia circular, uma <strong>das</strong> prioridades da União Europeia. É reconhecido que o sector tem vindo a realizar a importante tarefa de reparação e manutenção de veículos desde há um século, o que torna os automóveis mais duráveis e fiáveis, salvaguardando ao mesmo tempo a segurança rodoviária. A UE e os seus estados membros estão a fazer um grande esforço para estimular a economia circular; contudo, os consumidores europeus estão sob enorme pressão para acelerar a mudança do parque automóvel. As associações do setor consideram que não é lógico que haja pressão para eliminar centenas de milhões de veículos europeus num curto espaço de tempo, ao mesmo tempo que existe um desejo de estimular a reparação e a luta contra a obsolescência planeada. Atualmente, parece não haver outra forma de avançar no sector automóvel senão encorajar o lançamento no mercado de novos veículos movidos principalmente por tecnologias basea<strong>das</strong> na eletricidade, para substituir a enorme frota europeia de veículos de combustão destinados ao desmantelamento, uma rota traumática para efeitos da produção de resíduos. Alternativamente, outras possibilidades poderiam ter sido considera<strong>das</strong> como um passo intermédio no sentido de fórmulas de propulsão sustentáveis. Os organismos europeus deveriam promover o conhecido RETROFIT, ou a possibilidade dos consumidores converterem veículos convencionais, quer a combustíveis fósseis ou sintéticos menos poluentes (GPL, GNV, E ‐FUEL ou outras possibilidades), quer adaptando novas tecnologias que possam surgir do trabalho de investigação dos fabricantes, o que poderia prolongar a vida útil de muitos veículos atuais. Manter e promover linhas de investigação para minimizar os efeitos poluentes dos veículos de combustão. Os próprios fabricantes de veículos e os seus fornecedores têm defendido que este era um caminho possível e viável para avançar. A Europa precisa de harmonizar o quadro regulamentar dos estados membros sobre a conversão para a propulsão elétrica dos veículos convencionais. É inaceitável que alguns países, como a França, estejam a trabalhar nesta questão, enquanto outros não têm qualquer abordagem. Num ambiente de economia circular, a reparação e manutenção do veículo ao longo da sua vida útil deve ser considerada. Esta opção é particularmente relevante para a atual nova frota, cuja transformação futura permitirá o prolongamento do seu ciclo de vida, a reparação e reutilização e a minimização de resíduos. Em relação aos veículos elétricos e suas baterias, o mercado está a ser forçado a sofrer uma transformação sem sequer ter consciência de que a tecnologia atual dos veículos elétricos é suscetível de ser totalmente transformada num curto espaço de tempo. Milhões de veículos acabarão novamente no monte de sucata. Por isso, as Associações do setor apelam às autoridades europeias: l Coerência nas abordagens da União Europeia e na visão que impulsiona os projetos de regulamentação da economia circular também para o sector automóvel. SE A ECONOMIA CIRCULAR NÃO CONTINUAR A GARANTIR A DURABILIDADE DOS VEÍCULOS, COM BASE NA SUA REPARAÇÃO, ESTAMOS PERANTE UMA NOVA PRÁTICA DE GREENWASHING (PRÁTICA DE MARKETING VERDE DESTINADA A CRIAR UMA IMAGEM ILUSÓRIA DE RESPONSABILIDADE ECOLÓGICA) www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Setembro I 22 21