Jornal das Oficinas 200
- No tags were found...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
JORGE<br />
COSTA PINTO<br />
NOS ÚLTIMOS ANOS, A MF PINTO INICIOU UMA ESTRATÉGIA<br />
DE DIVERSIFICAÇÃO DE GAMAS QUE NÃO DEPENDAM DO TIPO<br />
DE MOTOR, PARA COMPENSAR EVENTUAIS PERDAS DE FATURAÇÃO<br />
QUE OS VEÍCULOS ELÉTRICOS POSSAM ORIGINAR<br />
com os clientes, possui cinco comerciais<br />
no terreno que cobrem o país<br />
inteiro, de norte a sul. Pontualmente<br />
faz promoções específicas com o objetivo<br />
de oferecer um melhor preço<br />
ao cliente em troca de uma determinada<br />
quantidade, normalmente de<br />
referências com muita rotação.<br />
A enorme desregulação que se vive<br />
no mercado, com o aumento dos<br />
custos da matéria-prima, dos fretes<br />
marítimos e rodoviários e da escassez<br />
de oferta de produto tem criado dificuldades<br />
à empresa, que foi obrigada<br />
a criar novas rotinas “transformámos<br />
por exemplo cargas aéreas em<br />
marítimas, aumentámos os preços<br />
dos portes em Portugal e estamos a<br />
pensar criar uma taxa logística para a<br />
distribuição nacional, ainda que este<br />
tema ainda não esteja fechado”, revela<br />
Jorge Costa.<br />
Uma parte importante <strong>das</strong> ven<strong>das</strong> da<br />
MF Pinto é para o estrangeiro, e para<br />
reforçar esta aposta vai estar presente<br />
como expositor mais uma vez na<br />
Automechanika Frankfurt. “Acreditamos<br />
que é por aqui que podemos<br />
crescer, sendo que já reforçámos este<br />
ano a equipa de exportação com a<br />
entrada de mais colaboradores. Exportamos<br />
neste momento para vinte<br />
e sete países de uma forma regular e<br />
o objetivo é continuar a crescer sustentadamente<br />
e a ganhar quota de<br />
mercado em Portugal, reforçando<br />
igualmente a nossa aposta de vários<br />
anos no negócio internacional”, assegura<br />
Jorge Costa.<br />
Iberização do mercado<br />
Para o administrador da MF Pinto,<br />
a iberização do comércio de peças é<br />
uma realidade, mas pensa que “também<br />
poderá ser no sentido inverso<br />
ou seja empresas de capital português<br />
operarem no mercado espanhol.<br />
Nós já fazemos isso há alguns<br />
anos”. Acredita que a concentração<br />
do negócio da distribuição de peças<br />
vai continuar e vamos ter fabricantes<br />
cada vez maiores e com gamas mais<br />
extensas. “O que está a acontecer é<br />
isso, fabricantes maiores com mais<br />
gama, com escala maior e que operam<br />
em mais mercados”, afirma.<br />
Sobre as novas estratégias de distribuição<br />
<strong>das</strong> marcas oficiais, este<br />
responsável alerta que o impacto no<br />
aftermarket “depende muito do posicionamento<br />
do preço, isto é, se essas<br />
marcas entrarem com preços muito<br />
agressivos então o aftermarket será<br />
fortemente penalizado, é inevitável!”<br />
A perda de margem na comercialização<br />
<strong>das</strong> peças é outro assunto<br />
que preocupa Jorge Costa “é um dos<br />
grandes desafios que as empresas<br />
têm hoje em dia, que só poderá ser<br />
alterado com uma gestão rigorosa<br />
que não ponha em causa a sobrevivência<br />
da própria empresa. Há muitos<br />
gestores que aparentemente não<br />
compreendem isto e essas empresas<br />
vão ter muita dificuldade em sobreviver<br />
no médio prazo, não tenho a<br />
menor dúvida”.<br />
No atual panorama financeiro e económico,<br />
as peças reconstruí<strong>das</strong> têm<br />
ganho mais protagonismo e o administrador<br />
da MF Pinto afirma que “já<br />
são uma parte muito importante do<br />
negócio do aftermarket, e continuarão<br />
a sê-lo cada vez mais. Preço mais<br />
competitivo e garantia do fabricante<br />
são argumentos muito fortes sobretudo<br />
num país muito sensível ao preço,<br />
onde a maioria <strong>das</strong> pessoas não<br />
tem muitos recursos financeiros.”<br />
Em muitas empresas, o custo logístico<br />
da entrega <strong>das</strong> peças nas oficinas<br />
era oferecido como argumento comercial<br />
há pouco tempo. “Neste momento,<br />
é incomportável para muitas<br />
empresas assumir esse custo, existindo<br />
aliás novas taxas logísticas a serem<br />
cobra<strong>das</strong> aos clientes como forma de<br />
mitigar esses custos”. Sobre as ven<strong>das</strong><br />
online, Jorge Costa não concorda<br />
que a oficina deve montar a peça que<br />
o cliente comprou na internet. “É<br />
como levar o bife para o restaurante<br />
e pedir para o grelhar, não faz sentido.<br />
A oficina tem as competências<br />
técnicas para fazer o diagnóstico da<br />
avaria, recomendar uma reparação<br />
e adquirir as peças necessárias para<br />
a fazer. O que acontece muitas vezes<br />
é que os preços são inflacionados<br />
pelas oficinas e é sobretudo isso que<br />
faz com que os clientes procurem na<br />
internet preços mais acessíveis”. l<br />
52 Setembro I 2022 www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com