Jornal das Oficinas 200

Podcast JO
DAR VOZ AO AFTERMARKET
DESCARBONIZAÇÃO E
MOBILIDADE INTELIGENTE
NUM CONTEXTO DE UMA EMERGÊNCIA CLIMÁTICA CRESCENTE, O
SETOR AUTOMÓVEL TEM ENFRENTADO CADA VEZ MAIS DESAFIOS.
SUSTENTABILIDADE E DESCARBONIZAÇÃO SÃO PALAVRAS DE ORDEM, QUE
DE FORMA PERSISTENTE, TÊM VINDO CADA VEZ MAIS A FAZER PARTE DO
NOSSO LÉXICO DA ÚLTIMA DÉCADA. COMO TAL, O JORNAL DAS OFICINAS
DEDICOU O ÚLTIMO PODCAST DE AGOSTO DO “DAR VOZ AO AFTERMARKET” À
“DESCARBONIZAÇÃO E MOBILIDADE INTELIGENTE”
No setor automóvel, estes conceitos assumem
ainda maior importância pelo facto de a mobilidade
ser um dos maiores “contribuintes”
para as emissões poluentes, nomeadamente de CO2,
que estão associadas ao aquecimento global e à emergência
climática. Para debater estes temas contamos
com convidados como Gisela Mendes, Coordenadora
de Sistemas Inteligentes de Energia da EDP New,
Luís Tiago Ferreira, Responsável pela Inovação da
Mobilidade Elétrica da E-Redes e António Pereira
Joaquim, Relações Públicas da Nissan Portugal.
Atualmente 83% das emissões provêm do consumo
de energia. A mobilidade, que representa 19% das
emissões, é a grande consumidora de petróleo. Como
podemos então transitar para uma mobilidade mais
inteligente e descarbonizada? Gisela Mendes, Coordenadora
de Sistemas Inteligentes de Energia da
EDP New, explica que “é importante seguir à regra
a limitação da temperatura mundial abaixo dos 2ºC,
ou seja, dentro de 1,5ºC, de facto, esta meta só será
possível alcançar, se agirmos todos de forma conjunta
e concertada através de uma expansão mais signi-
ficativa das energias renováveis como forma de evitar
as emissões de gases de efeitos estufa provocadas pelos
comestíveis fosseis. Muito provavelmente vamos
ainda ter que complementar estas medidas com soluções
de captura e de armazenamento de carbono,
vamos ter que eletrificar setores como a indústria,
os transportes e os edifícios”. Para a coordenadora, é
necessário “realizarmos isto num efeito global e com
um ritmo muito mais elevado se realmente quisermos
atingir a neutralidade carbónica em 2050”.
Luís Tiago Ferreira, Responsável pela Inovação da
Mobilidade Elétrica da E-Redes também é da opinião
que Portugal está no bom caminho mas ainda
há um longo caminho a percorrer “Anualmente temos
mais de 60% da produção vinda de energias
renováveis, são bons resultados, no entanto, a transição
energética, é um caminho que ainda está a
meio, no caso da mobilidade elétrica, ainda estamos
no início, certamente ainda há muitos desafios a
conquistar”, comentou.
Também António Pereira Joaquim, Relações Públicas
da Nissan Portugal, reconhece o caminho percorrido
nesta área pelo nosso país, no entanto apresentou-se
reticente “estamos no bom caminho, no
entanto, acho um pouco difícil de alcançar a neutralidade
carbónica em 2050 com as medidas atuais.
Temos atualmente um parque automóvel na roda
dos 6 milhões e meio de veículos ligeiros, vendemos
anualmente cerca de 175 mil automóveis, deste valor
apenas 10% são elétricos. Ou seja, mesmo que
vendêssemos 175 mil automóveis elétricos demoraríamos
38 anos a alterar todo o parque automóvel
em Portugal, o que significa só chegar lá em 2060,
já temos 10 anos de atraso”, comentou.
Questionada pelo Jornal das Oficinas sobre a possibilidade,
de num futuro próximo os veículos elétricos
puros serem a única solução, Gisela Mendes não
poderia estar mais convicta, no entanto, esclarece
que ainda há muitas dúvidas para esclarecer face a
este tema “As pessoas ainda têm algumas questões
relativamente à bateria e à performance da bateria,
para que estas questões desapareçam, é necessário
que as cidades se adaptem, tanto as estruturas públicas,
como as privadas”. Para fazer face a esta problemática,
a Coordenadora revelou o mais recente
projeto da EDP New que pretende facilitar a massificação
de veículos elétricos para contribuir para a
transição energética e neutralidade carbónica.
Também Luís Tiago Ferreira, no microfone do “Dar
Voz ao Aftermarket” referiu o empenho da E-RE-
DES em conquistar o automóvel elétrico ‘puro e
duro’ rapidamente, para isso, a empresa já se encontra
a trabalhar “na ligação dos postos de carregamento
à rede elétrica para permitir o crescimento
da mobilidade elétrica”, garantiu.
Antes do microfone do “Dar Voz ao Aftermarket” se
desligar, António Pereira Joaquim, revelou ao JO
que a Nissan Portugal está todos os dias a investir
neste ecossistema elétrico do futuro e por este motivo,
não lhes restam dúvidas de que o automóvel elétrico
será o futuro “é a única opção que conta com
zero emissões”. “Atualmente iniciamos um investimento
de mais de mil milhões de euros na nossa
fábrica em Inglaterra para a tornar auto suficiente,
com energias renováveis, é na forma como produzimos
estes mesmos automóveis que está o segredo
para conseguirmos alcançar a mobilidade elétrica
que tanto desejamos”. Para além deste investimento,
segundo o Relações públicas da marca, a Nissan
prepara-se para gastar, já nos próximos cinco anos,
cerca de 16 mil milhões de euros, mais do dobro daquilo
que investiram ao longo da última década, em
automóveis elétricos.
Nós avisámos que o Podcast de agosto ia dar que falar,
não perca na íntegra a conversa com os nossos
entrevistados e descubra mais sobre o tema do momento.
Para isso, aceda à seção de Podcasts em www.
jornaldasoficinas.com e esteja sempre atualizado! l
O DESÍGNIO DE UMA MOBILIDADE MAIS SUSTENTÁVEL E DESCARBONIZADA
NÃO SERÁ POSSÍVEL SEM UMA AMBICIOSA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
GLOBAL, QUE NOS LIBERTE DA DEPENDÊNCIA DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
68 Setembro I 2022 www.jornaldasoficinas.com