Jornal das Oficinas 200
- No tags were found...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
NUNO GAROUPA<br />
REDES DE OFICINAS<br />
Desde o início do ano já foram criados em<br />
Portugal seis novos conceitos de redes oficinais.<br />
Considera que esta tendência vai continuar?<br />
Esta moda de abrir redes de oficinas vai continuar,<br />
mas por outro lado vemos outros a juntar as redes,<br />
pois custa muito promover duas a três marcas em vez<br />
de uma. Hoje em dia uma casa de peças de média<br />
dimensão tem ou pensa criar uma rede de oficinas,<br />
mas esquece-se de criar uma estrutura para dar o<br />
apoio que o cliente oficina necessita. Não basta ter<br />
uma pessoa em teletrabalho para atender o telefone.<br />
As redes de oficinas, terão que começar a pensar<br />
como estavam organizados os importadores de<br />
automóveis e dar esse paço em frente. Atenção que<br />
já temos algumas redes a trabalhar nesse sentido. As<br />
redes terão que ter uma dimensão ibérica/europeia<br />
ou até mundial. Existe ainda um grande caminho<br />
para as redes, onde o conhecimento da realidade do<br />
mercado e <strong>das</strong> futuras tendências é vital.<br />
Quais as grandes vantagens que a oficina pode<br />
ter ao integrar uma rede oficinal?<br />
A pergunta deveria ser feita ao contrário, quais são<br />
as desvantagens em não pertencer... Agora e cada<br />
vez mais faz sentido uma oficina independente<br />
integrar uma rede oficinal, as principais grandes<br />
vantagens são o acesso a informação técnica dos<br />
fabricantes, formação continua, acordos mais<br />
vantajosos com a maioria dos fornecedores, acesso<br />
a uma imagem corporativa, ter um plano de<br />
comunicação, ajuda no marketing local e regional,<br />
ajuda em ferramentas de gestão, acordos com as<br />
gestoras de frotas nacionais ou internacionais,<br />
campanhas especiais de pós-venda com preços<br />
fechados, ajuda no processo da digitalização, ajuda<br />
na compra de equipamentos para modernizar<br />
a oficina e atrair mais clientes, ferramentas ou<br />
programas de fidelização do cliente (“call-center”)<br />
mais abrangentes, acessoramento juridico,<br />
acessoramento ambiental, acesso a sistemas de<br />
satisfação cliente, programas orçamentários,<br />
programas de credito ao cliente final, programas<br />
de satisfação de clientes, viaturas de substituição,<br />
ou seja oferecer mais serviços diversificados ao<br />
cliente final.<br />
Hoje em dia é obrigatório a oficina ser membro<br />
de uma rede oficinal ou pode sobreviver<br />
mantendo-se independente, sem quaisquer<br />
ligação a uma rede?<br />
Claro que poderá sobreviver sem ligação a uma<br />
rede, mas irá ter que fazer “o caminho <strong>das</strong> pedras”<br />
durante muitos anos e esperar que não apareça<br />
outra crise económica. Caso queira juntar-se a uma<br />
rede, a escolha é cada vez mais complicada, existem<br />
várias soluções que teoricamente funcionam,<br />
mas que na realidade é só marketing. Temos no<br />
nosso leque de clientes redes de oficinas, que nos<br />
encomendam estudos de mercado para entender<br />
melhor o mercado, servir melhor as oficinas e o<br />
cliente final.<br />
VEÍCULOS ELÉTRICOS<br />
Como está a ser a adaptação <strong>das</strong> oficinas<br />
independentes aos veículos elétricos? Estão<br />
já prepara<strong>das</strong> a nível de recursos humanos,<br />
equipamentos e ferramentas, para dar<br />
assistência a estes veículos?<br />
Muito poucas oficinas independentes estão a<br />
adaptar-se aos veículos BEV (100% elétricos),<br />
pois as atuais 40.600 unidades, que circulam<br />
nas estra<strong>das</strong> portuguesas, se forem distribuí<strong>das</strong><br />
pelas 8.000 oficinas independentes, irá dar<br />
cerca de 5 veículos para cada oficina, somando<br />
o investimento necessário realizar (de 40.000€<br />
a 60.000€), mais a diminuição do custo médio<br />
por carro, faz com que as oficinas estejam<br />
a adiar este investimento. Algumas <strong>das</strong><br />
reparações dos veículos elétricos são realiza<strong>das</strong><br />
“on-line” (para a maior parte <strong>das</strong> atualizações<br />
de software) ou através de um serviço móvel<br />
que vão a casa do cliente. A eletrificação está<br />
em processo, mas muito antes temos já a<br />
hibridização, que também exige formação,<br />
equipamentos e ferramentas específicas.<br />
Os carros elétricos têm menos 60 a 70%<br />
da manutenção da que têm atualmente<br />
os carros com motor a combustão. O que<br />
devem as oficinas fazer para compensar esta<br />
quebra de negócio?<br />
Não existe nenhum modelo “standard” para<br />
todos os operadores, nestes casos temos que<br />
realizar um estudo de mercado caso a caso,<br />
a que nós chamamos estudos “Ad-Hoc”, que<br />
realizamos em específico para cada cliente<br />
mediante as suas reais necessidades.<br />
Mediante alguns estudos que realizamos<br />
para alguns clientes interessados nesta<br />
temática, podemos dizer que a alteração<br />
radical do modelo de negócio, mais serviços<br />
personalizados ao cliente, com uma oferta 360,<br />
serão as principais alterações a realizar.<br />
A reparação <strong>das</strong> baterias dos veículos<br />
elétricos vai ser uma oportunidade de<br />
negócio para as oficinas independentes.<br />
O que devem fazer para se tornarem<br />
especialistas neste novo serviço que agora<br />
nasce?<br />
Até já existem alguns especialistas que<br />
anunciam no OLX um serviço de “Reparação de<br />
Híbridos e Elétricos & Reparação de Baterias<br />
com garantia”. Este novo serviço, assim como<br />
as manutenções a carros elétricos acarreta<br />
um investimento que certamente ainda não<br />
será rentável realizar neste momento. Apesar<br />
dos aumentos <strong>das</strong> matrículas de carros 100%<br />
elétricos, relembro que 99,2% do nosso parque<br />
circulante ainda são automóveis de combustão<br />
interna.<br />
RENTING NO PÓS-VENDA<br />
E ACORDOS COM SEGURADORAS<br />
As gestoras de frotas têm feito mais acordos<br />
com as oficinas independentes para dar<br />
assistência aos veículos em renting?<br />
Considera que estes acordos são benéficos<br />
para as oficinas independentes multimarca?<br />
As gestoras de frotas, assim como todo o<br />
mercado, está em constante mudança, pois a<br />
implementação de novos modelos de negócio,<br />
são a alternativa para sobreviver ou para as<br />
empresas estarem competitivas. Assim sendo,<br />
as gestoras de frota têm feito mais acordos com<br />
redes de oficinas independentes ou já com a<br />
nova distribuição. Estes acordos serão sempre<br />
mais vantajosos para as oficinas que necessitam<br />
de muitos clientes, pois desta forma conseguem<br />
algum volume adicional de entra<strong>das</strong>, mas<br />
com uma margem mais reduzida. Relembro<br />
que a tendência do mercado aponta para um<br />
aumento considerável do renting a empresas e<br />
especialmente a particulares, pois no Renting<br />
não é necessário dar entrada, apenas pagar a<br />
primeira prestação. Através desta facilidad e e<br />
da simplicidade do processo, o cliente vai para<br />
o mais barato e fácil. Convém sempre recordar<br />
que no final do contrato o carro deverá estar<br />
em ótimas condições especialmente de chapa e<br />
pintura, caso contrário poderá ter que pagar uma<br />
quantia avultada.<br />
Quais os critérios que as oficinas<br />
independentes devem cumprir para serem<br />
parceiros <strong>das</strong> gestoras de frotas?<br />
Os principais critérios são a localização, a<br />
variedade de serviços prestados (chapa &<br />
pintura; pneus; AC, calibração do sistema<br />
ADAS), as viaturas de substituição, os<br />
preços especiais (mão-de-obra e peças); os<br />
técnicos qualificados; as instalações com<br />
boa apresentação; rapidez na execução dos<br />
trabalhos; etc... Pertencer a uma rede também<br />
é um critério importante, pois as gestoras<br />
não querem falar com <strong>200</strong> oficinas mas com 2<br />
pessoas que coordenam o trabalho e o serviço<br />
dessas mesmas oficinas.<br />
As seguradoras continuam a reduzir<br />
o preço da mão de obra que pagam<br />
às oficinas pelos seus. O que podem<br />
fazer as oficinas independentes para<br />
conseguirem acordos mais favoráveis com<br />
as seguradoras?<br />
As oficinas que trabalham a chapa & pintura,<br />
têm cada vez menos clientes, pois como já<br />
mencionamos, o número de acidentes tem<br />
vindo a diminuir, devido ao menor uso do<br />
carro e porque os veículos têm cada vez mais<br />
sistemas ADAS - desde o início de Julho todos<br />
os novos veículos homologados deverão ter<br />
pelo menos 8 novos sistemas do ADAS - logo<br />
o futuro nesta área não é muito animador,<br />
desta forma a dependência <strong>das</strong> companhias<br />
de seguros será cada vez maior, onde 81% dos<br />
clientes finais escolhe a oficina para realizar a<br />
reparação de chapa & pintura.<br />
O SETOR DA REPARAÇÃO TEM QUE MUDAR O “CHIP” E DAR MELHORES<br />
CONDIÇÕES E CONTRATOS AOS COLABORADORES, POIS SE UMA PESSOA<br />
NÃO TEM BOAS CONDIÇÕES E/OU UM CONTRATO ACEITÁVEL, IRÁ<br />
CERTAMENTE PROCURAR NOUTRA PROFISSÃO<br />
36 Setembro I 2022 www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com