Jornal das Oficinas 200
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NUNO GAROUPA<br />
CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE AUTOMÓVEL<br />
A idade média do parque automóvel continua a<br />
aumentar, sendo atualmente mais de 12 anos<br />
para veículos ligeiros e mais de 15 anos para<br />
veículos de mercadorias. Considera que esta<br />
situação é benéfica para as oficinas?<br />
A idade média do parque circulante (dos ligeiros<br />
de passgeiros e 4x4/SUV) é atualmente de 12,1<br />
anos, ou seja, dos veículos que circulam nas<br />
nossas estra<strong>das</strong> e que realizam algum tipo de<br />
manutenção. Esta situação beneficia mais as<br />
oficinas independente que trabalham mais com este<br />
tipo de parque circulante. A estrutura do parque<br />
mudou, está a mudar e irá continuar a mudar, logo<br />
as nossas estratégias de marketing também terão<br />
que mudar. Já não podemos realizar exatamente as<br />
mesmas campanhas do passado, quando vivemos<br />
em tempos que a faturação ou se mantém ou está<br />
a diminuir e a margem também, ou seja o pouco<br />
dinheiro que temos hoje deve ser muito bem<br />
empregue no cliente alvo que se quer conquistar.<br />
Atualmente deveríamos estar a realizar campanhas<br />
específicas aos nossos clientes alvo e não para o<br />
mercado total.<br />
Estará o mercado a ficar com extremos, isto é,<br />
carros muito recentes e carros com muita idade?<br />
Neste momento o parque circulante está a ficar com<br />
mais carros velhos e com muita idade, ou seja, 19%<br />
do parque circulante são carros com mais de 20 anos<br />
e 56% do parque circulante são carros com mais<br />
de 10 anos. Embora se esteja a matricular menos<br />
carros nos últimos dois anos, as importações estão a<br />
aumentar e estão a ir menos carros para os abates,<br />
pois existe muita falta de carros novos e usados para<br />
venda. O parque circulante para carros até 3 anos<br />
tem estado a diminuir nos últimos 2 anos. Relembro<br />
que o parque está em processo de hibridização e<br />
não eletrificação. Estamos a matricular mais carros<br />
híbridos e alguns 100% elétricos.<br />
Qual tem sido a evolução do uso do carro neste<br />
período pós-pandemia? A quilometragem anual<br />
está a aumentar ou a diminuir?<br />
A quilometragem anual tem vindo a diminuir<br />
deste 2018, mesmo antes da pandemia, mas<br />
registamos que em 2021, cresceu pouco mas ainda<br />
está longe dos valores de 2019. Esta realidade é<br />
essencialmente devido, ao teletrabalho, às novas<br />
formas de realizar reuniões (através do Teams/<br />
Zoom), as novas formas de mobilidade e a alguns<br />
confinamentos. Esta recuperação está ser muito<br />
lenta e pelo que sentimos do mercado, atravás<br />
<strong>das</strong> nossas medições trimestrais da atividade, a<br />
que chamamos “Aftermarket Business Climate”, a<br />
tendência é que continuará a ser lenta.<br />
Qual o investimento médio que os condutores<br />
portugueses estão a fazer na manutenção dos<br />
seus veículos? Está a crescer ou a diminuir em<br />
relação ao período pré-pandemia?<br />
O custo médio em relação a 2019, aumentou apenas<br />
8€, os carros que gastam mais são os de 7 a 9 anos<br />
e os que gastam menos são os de + de 15 anos.<br />
Estes custos médios de entra<strong>das</strong> na oficina variam<br />
mediante o tipo de operação e o tipo de canal. Nas<br />
operações mais dispendiosas temos a reparação<br />
após um acidente com uma média de 888€ e a<br />
menos dispendiosa é a mudança de óleo com uma<br />
média de 119€. Nos canais, a oficina de chapa &<br />
pintura é a que em média fatura mais por entrada<br />
com 783€, enquanto a que em média fatura menos<br />
é o Autocentro com 180€.<br />
Quadro III // A evolução do parque circulante dos alternativos<br />
OS VEÍCULOS HÍBRIDOS E ELÉTRICOS ESTÃO A AUMENTAR, MAS O SEU PESO NO PARQUE CIRCULANTE AINDA É RESIDUAL. IMPORTA SUBLINHAR<br />
QUE OS VEÍCULOS HÍBRIDOS SÃO VEÍCULOS ICE E QUE SÓ OS VEÍCULOS PHEV TÊM DE SER RECARREGADOS UTILIZANDO AS FERRAMENTAS ADEQUADAS<br />
EVOLUÇÃO DO PARQUE CIRCULANTE PELOS NOVOS<br />
TIPOS DE MOTORES<br />
174.700<br />
EVOLUÇÃO DO PARQUE CIRCULANTE TOTAL PELOS<br />
NOVOS TIPOS DE MOTORES<br />
Parque circulante total por tipo de motor<br />
Peso sobre o parque circulante total<br />
3,8%<br />
118.600<br />
40.600<br />
2,6%<br />
174.700<br />
59.<strong>200</strong><br />
83.000<br />
16.100<br />
25.000<br />
116.300<br />
1,4%<br />
1,9%<br />
83.000<br />
118.600<br />
100% Elétrico (BEV)<br />
Híbrido (HEV+PHEV)<br />
Gas<br />
10.100 79.400<br />
59.<strong>200</strong><br />
54.600<br />
Total novos<br />
tipos motor<br />
39.000<br />
10.100<br />
12.300<br />
14.<strong>200</strong><br />
17.800<br />
2019 2020 2021 2022 2019<br />
2020<br />
2021<br />
2022<br />
FONTE: ACAP/GIPA<br />
ESCASSEZ DE PRODUTOS E AUMENTO DE PREÇOS<br />
As oficinas têm tido mais dificuldade em<br />
encontrar as peças que procuram. Quais as<br />
peças em que existe mais dificuldade e até<br />
quando se prevê que esta situação continue?<br />
As peças que existe maior dificuldade em encontrar<br />
são as peças de origem e em particular as de chapa.<br />
As oficinas de pneus, como têm a sua atividade<br />
mais centrada nos pneus e não trabalham tanto<br />
as peças de origem, têm tido mais problemas no<br />
fornecimento de pneus. Este problema já existia<br />
antes de ter começado a guerra da Rússia com a<br />
Ucrânia, no entanto agora está pior.<br />
Devido ao aumento dos custos da matériaprima,<br />
dos fretes marítimos e rodoviários e da<br />
escassez de oferta, as peças têm aumentado<br />
de preço. Qual tem sido o aumento médio do<br />
custo <strong>das</strong> peças que habitualmente as oficinas<br />
compram?<br />
O aumento médio varia muito de produto para<br />
produto e conforme as marcas, no entanto através<br />
dos nossos estudos anuais, podemos dizer que<br />
os produtos que aumentaram mais em Portugal,<br />
foram: o Ad-blue em 71%, as embraiagens em<br />
18%, as tintas 16%, as peças de chapa em 14%,<br />
as pastilhas de travões em 13%, os pneus 12%,<br />
os lubrificantes em 9%, os aditivos em 8% e<br />
as baterias em 8%. Neste momento, nalguns<br />
fabricantes, se o volume de encomenda for maior<br />
o preço será maior, ou seja a procura é maior que<br />
a oferta.<br />
Com o agravar da situação económica do<br />
país devido à inflação e à queda do poder de<br />
compra <strong>das</strong> famílias, as oficinas já estão a<br />
sentir a diminuição dos clientes. O que podem<br />
fazer para inverter esta situação?<br />
A prioridade <strong>das</strong> oficinas neste momento é<br />
procurarem mais fornecedores que primeiro<br />
tenham o produto em stock, realizem várias<br />
entregas diárias e que tenham preços competitivos;<br />
Ajustar o número de produtivos e não produtivos, o<br />
problema é quando uma oficina emprega familiares<br />
(que não produzem); Ter horários mais flexíveis,<br />
pois a nova distribuição está aberta durante os fins<br />
de semana e durante a semana serve os clientes<br />
em alguns casos até às 21h, desta forma o cliente<br />
não terá que faltar ao trabalho para realizar uma<br />
manutenção ou pequena reparação. Melhorar a<br />
oferta dos serviços prestados (oferta 360) será outra<br />
forma, embora a maior parte <strong>das</strong> vezes exige um<br />
investimento.<br />
Considera que os utilizadores vão privilegiar as<br />
marcas low-coast em detrimento <strong>das</strong> premium,<br />
como alternativa à escalada de preços?<br />
Através dos nossos estudos de mercado para o<br />
mercado Português, que realizamos desde 1993,<br />
e analisando as tendências de mercado após as<br />
várias crises, podemos dizer que os clientes nestes<br />
períodos estão cada vez mais sensíveis ao preço e<br />
desta forma procuram mais as marcas “low-cost”. As<br />
marcas que ainda não têm um produto “low-cost”,<br />
estão a lançar novas marcas ou a pensar em fazê-lo.<br />
34 Setembro I 2022 www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com