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Untitled - Luso Livros

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CAPÍTULO XVAugusta passeava no jardim. O gosto era extravagante numa noite deFevereiro, fria 'e ventosa. Amaral foi encontrá-la aí, encostada ao parapeito deum mirante de pedra, voltada para o mar, que, lá em baixo, rugia, enegrecidopor turbilhões de nuvens.— Achas isto encantador, Augusta? — perguntou, sorrindo, Amaral.— E não é encantador? Eu acho...— Não sentes frio?— Ainda não... Estou aqui há meia hora, e não queria sair sem que tuviesses ver...— O quê?... Creio que não vês nada, Augusta...— Vejo as trevas... não é assim que a gente infeliz vê sempre o seu futuro?— Isso depende da maneira de ver as coisas. Cada qual tem o seu vidro deaumento ou diminuição. Ninguém vê como deve ver. E tu que vês no teufuturo?— A continuação do presente...— E o presente não te é agradável?— É; embora mo não invejem, eu também não invejo as venturas deninguém. Mais felicidade que a que sinto, só pode dar-ma a sepultura.— Desejas a morte?— Desejo-a, antes de morrer no teu coração...— E crês que podes morrer no meu coração?— Posso; pois não posso? Que privilégio tenho eu mais que as outras?— Não entendo... Queres dizer que eu tenho esquecido outras antes de ti?— Quantas terás tu esquecido, Guilherme!... Não me refiro a essas; é àsque tenho conhecido nos romances, onde se aprende tudo que é do coração...

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