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Untitled - Luso Livros

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CAPÍTULO XVIIAs várzeas do Candal branquejavam cobertas de neve. O frio cortava ascarnes. E o Doiro rugia em baixo, alagando os muros débeis com que lheousam mãos fracas reprimir a fúria das enchentes.Era essa a noite em que Augusta, desde as nove horas da noite, esperava, najanela, Guilherme. A febre da ansiedade não lhe deixava sentir o frio, que lhepisava as faces de manchas azuladas. A maceração da alma não cedia forças aosentimento para a maceração do corpo. A alma é avara de sensibilidade nasgrandes aflições.Augusta, naquelas longas horas, dos sentidos externos só tinha o ouvido alevar-lhe ao coração o menor ruído que se lhe afigurava ser Guilherme.Eram duas horas quando Amaral apeou. Viu Augusta na janela, e sentiu duassensações contraditórias: compaixão e aborrecimento. O extremo zeloaborrecia-o. A compaixão, pior ainda neste caso que o aborrecimento, era, emAmaral, uma virtude estéril, a piedade por um mendigo a quem se diz: “Deuso favoreça.” O que ele não queria era ter de dar uma explicação da suademora.Augusta, sem o menor sinal de ressentida, veio ao encontro de Guilherme,exclamando:— Que preocupação me deste, meu filho! Tiveste algum incómodo?— Não. Porque te não deitaste?— Era-me impossível... Se tu me tens dito que te demoravas, era melhorpara meu descanso... Para a outra vez diz-me que te demoras, sim?— Pois sim.— Ceaste?— Ceei.— Com o teu amigo?— Sim.— Estiveste sempre com ele?

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