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Untitled - Luso Livros

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Augusta recaíra no letargo. O artista viera à porta, onde ouvira rumor de quemespreita, roçando a face nos rótulos do postigo. Deram-lhe de fôra um sinalconvencionado. Abriu a, porta.— E vossemecê?... Entre; mas já não é precisa: o menino nasceu morto.— Pois pena foi que não fosse batizado... era um anjinho... — disse adestinada ama de leite, dando a razão teológica em conformidade com osmelhores praxistas.— Vá vossemecê ao quarto... arranje lá o que for necessário, enquanto eupreparo um caldo.— E a mãe está mal?— Penso que não, graças a Deus. Está muito quebrantada.— Pudera não; isso não há de ser nada; ponto é que não se aflija, senãosobe-lhe o parto à cabeça.Com este rasgo de erudição obstétrica, a sisuda aldeã foi, como experiente queera, finalizar as necessidades inerentes à puérpera.Francisco ministrou o caldo à sua prima, que o tomou maquinalmente, eadormeceu com uma serena placidez.Duas horas depois, voltou o médico, e disse que não havia nada a recear,prometendo tornar no dia imediato. A ama inútil retirou-se a amamentar o seufilho, a quem negava a nutrição para alimentar um filho alheio, prometendolançar o seu na roda dos expostos.Era dia. Francisco passara a noite contemplando o filho da sua prima, eobservando o menor estremecimento da mãe.Augusta acordara sobressaltada, pedindo o filho com gemidos que partiam ocoração.— Está ali... O que lhe queres, Augusta? O menino está no Céu. Oxalá queDeus nos tivesse chamado na idade dele. Agora do que se trata é de oenterrar.— Pois sim, Francisco... Vai enterrá-lo ao pé da minha mãe...

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