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Untitled - Luso Livros

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CAPÍTULO IXDesembaraçado do poeta, Guilherme do Amaral foi à Rua dos Arménios.Augusta, como sempre, estava sozinha. A familiaridade com que Amaral lheestendeu a mão impressionou-a; não recusou a sua; mas o rubor dizia quantoaquele uso lhe era estranho, e a liberdade custosa.— Porque cora assim, Augusta? Um aperto de mão é um sinal de amizade,uma ação inocente, que qualquer menina faz diante de um pai... Eu quiseranão ser para Augusta um homem tão estranho que a fez corar, se lhe aperta amão. Não me responde? Esse seu silêncio é arrependimento de abrir a suaporta a um homem que não conhece?— Não, senhor, eu por agora não tenho de que me arrepender...— Nem espero que venha a ter; e para que não seja injusta comigo,arrependendo-se por alguma suspeita, devo desde já dizer-lhe que sou um seuverdadeiro amigo... Não acredita que eu seja seu amigo? Olhe para mim,Augusta; não a quero ver assim envergonhada; ou está comigo como se estácom um irmão, ou eu não torno aqui.— Porquê? Eu não sou capaz de dizer a vossa senhoria palavras que omagoem... Sou-lhe muito obrigada...— “Obrigada!” Ofendeu-me, Augusta, quando me prometia não memagoar! “Obrigada!” A que favores!— Não são pequenos...— Basta! A tal respeito nem mais uma palavra. Augusta dispensa os meusserviços, e os serviços que eu posso fazer-lhe não a obrigam a receber-me emsua casa, se o seu coração lhe repreende a confiança que me dá. O que nosprende não são os serviços, é a simpatia, é o desejo de tomar como nossos ossofrimentos ou os prazeres de uma outra pessoa. Eu sinto por Augusta o quesó pode sentir um pai por uma filha; desejo-lhe a sua felicidade; queria elevá-laaté onde a sua ambição a elevasse; queria, enfim, dar tudo o que tenho, e sermais do que sou para ouvir-lhe dizer: “Guilherme, devo-te o céu, que medeste neste mundo. “

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