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Untitled - Luso Livros

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orboleta, e têm sobre a borboleta a vantagem de se não queimarem na chamafosfórica das paixões de lume pronto, como eu creio que são as paixões do teuilustre amigo.O orador riu-se do seu epigrama, e o poeta pediu aos circunstantes que serissem por piedade daquela sensaboria pretensiosa.Estava o pano em cima. Cada qual foi sentar-se, segundo a indicação doscamarotes. O jornalista colocou-se na melhor linha de observação para ocamarote de Teotónio Vaz.Observou ele que Leonor media com o óculo de alto a baixo todos oscamarotes, não se dedignava de responder, mais ou menos de passagem, aoscuriosos da plateia, atendia quase nada ao palco, e nada, em toda a extensão dapalavra, ao que o seu primo parecia dizer-lhe. Primeira observação.Notou ele mais que, no intervalo do segundo— para o terceiro acto, entrarana plateia superior um homem desconhecido, tipo francês, bem vestido, muitoairoso. Que este homem fixara uma luneta em Leonor, e Leonor, desde essemomento, raro levantou os olhos do desconhecido. Segunda observação.Terceira e última: que, à saída do teatro, o francês, que ninguém vira no Portoantes dessa noite, fôra postar-se em frente da escada que desce dos camarotes,e Leonor, ao passar, lhe dera o mais significativo e destemido de todos ossorrisos: facto escandaloso que todos observaram, exceto Guilherme, e o seutio, que era míope.O jornalista entrou na Águia de Oiro, entreteve um quarto de horaesgaravatando umas costeletas, e pôs de sentinela o criado para avisar Amaral,quando saísse do quarto do seu tio, que ele o esperava ali.Saíram juntos, e entraram na Hospedaria Francesa, residência do poeta. Eles aentrarem, e o francês a entrar com eles. O francês cantava a cavatina daSemíramâ, e o indiferente Amaral assobiava com toda a gaucherie de umprovinciano um rondó do Guilherme Tell. O poeta não assobiava nemtrauteava: ia triste e reconcentrado.— Conheces — perguntou ele — esse homem que vai subindo?— Não: pareceu-me estrangeiro.— É o namoro da tua prima.

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