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Untitled - Luso Livros

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— Quer amar-me de um modo que eu não possa aparecer com a caradescoberta... Todos hão de dizer:... “Aquela rapariga é a amiga de fulano... “— E que digam? Que lhe importa o que disserem, se Augusta vive só paramim? Se eu tivesse de ser maltratado pelo meu pai, pela minha família, pelomeus amigos, por todo o mundo, bastava-me o amor de Augusta, para eudesprezar tudo que a não respeitasse... Pois a menina persuade-se que só ocasamento faz a felicidade e a honra de uma mulher? Está muito enganada, etem razão, porque não sabe nada do mundo. A mulher casada não é felizquando se não conforma com as inclinações do marido, e vive num contínuoinferno de portas adentro. A mulher casada não tem honra, quando, obrigadapor um mau marido, esquece os seus deveres, ou julga que não tem nenhunscom um marido que falta aos seus. Entendeu-me, Augusta? Nunca ouviu falarcomo eu falo?— A quem havia eu de ouvir essas palavras? Eu não conheço senão o meuprimo, e oxalá que... não conhecesse mais ninguém...— Pois bom é que me caiba a mim abrir-lhe os olhos para ver as coisascomo elas são; a não ser eu, poderia ser que outro lhe deixasse a experiência, etambém o remorso. Eu não. Digo-lhe isto, com a certeza de que não seráminha. Quisera poder preveni-la contra as tentações de algum sedutor quevenha, depois de mim, inquietar a sua doce tranquilidade. Ora pois, Augusta,eu vou retirar-me, e a menina fica feliz...— Feliz!... Eu nunca mais posso ser feliz... Por isso é que eu digo que oxaláeu nunca conhecesse senão o meu primo... Esse não me fazia bem nem mal...— E eu que mal lhe fiz!...— Não sei, senhor Guilherme...— Quer dizer que a ofendi, sim?— Fez-me infeliz ... Eu nunca mais posso ter descanso... não o tornando aver...— E um anjo, Augusta! — exclamou Guilherme, beijando-lhe a mão ecalando a impetuosa eloquência do júbilo, que ela não compreenderia.E talvez compreendesse. Amaral desconfiava que não. Bem se vê, durante esteestirado diálogo, como ele procurava nivelar a frase à curta capacidade de umacostureira. Não sabia o provinciano que há fenómenos de inteligência na

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