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Untitled - Luso Livros

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CAPÍTULO XXIIIFrancisco visitava todas as manhãs a fábrica, e, por consentimento do bompatrão, voltava para a Rua dos Arménios a jantar com a sua prima. O cirurgiãovinha diariamente observar o curativo de uma doença incógnita. Ignorando osprecedentes, o intérprete da natureza contemplava os sofrimentos de Augustacomo se o pusessem em frente dos jeroglíficos indianos para traduzi-los. Nãoobstante, o bom desejo que o hábil facultativo tinha de triunfar alguma vez deuma moléstia rebelde inspirou-lhe uma farmácia digna de melhores resultados.Augusta queixava-se de uma agonia no coração, um mal-estar indefinívelsemelhante ao deslaçar-se de todas as fibras do peito. Elucidado assim, ocirurgião aplicou-lhe uma cataplasma de linhaça com óleo de amêndoas docesno estômago, e leites de jumenta na Primavera. Excelente medicina, que lhenão fez mal nenhum!O fabricante, sem consultar Augusta, mudou de assistente. Veio um médicodos mais nomeados, e não era injusto o nome que tinha. Apenas lhe tateou opulso, e devassou um pouco a vida da enferma, declarou que Augusta estavano primeiro período da gestação. O fabricante pediu explicação das palavras, eempalideceu, ouvindo-a. O médico consciencioso despediu-se: não tinha nadaa fazer contra o processo regular da doença: limitou-se a oferecer o seupréstimo oito meses depois.Francisco mudara de rosto, e a costureira não sabia a causa. Interrogava-o, eele respondia sorrindo; mas para Augusta a significação de tal sorriso era maisexpressiva do que seriam as lágrimas.— Disse-te o médico que eu morria?... Que importa!... Não estejas tristepor isso...— O médico não me disse que morrias...— Pois então, que tens? Porque te sentas tão triste ao pé de mim? Se teaborrece esta vida, não te constranjas, Francisco... Vai para o teu trabalho, queme dás mais prazer...— Aborreço-te aqui?— Assim desse modo, não digo que me aborreças, mas penalizas-me...Diz-me o que tens.

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