25.08.2015 Views

Untitled - Luso Livros

Untitled - Luso Livros

Untitled - Luso Livros

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— Riquezas!... Uma herança de desonra...— Pelo amor de Deus, não tratemos de refinar o moral ao ponto dediscutirmos o que é honra... Vossa excelência não tem o direito a exigir emseu favor reformas à condição humana. Poderia ter encontrado um desses quevulgarmente passam por honrados e, a estas horas, não teria amor, nemestima, nem um berço onde embalasse o seu filho. Não é isto querer medi-lapela craveira das mulheres que recebem afrontas destas, choram três dias, e,ao quarto, procuram suavizar as saudades com o primeiro que se oferece adistrair-lhas. Não, , minha senhora. Eu sou o primeiro a julgá-la merecedoradoutro destino, nascida para tudo que é magnífico pelo amor, e grandiosopelos instintos nobres; mas essas virtudes, raro atendidas neste pérfido jogo depaixões vis em que nos falseamos uns aos outros, passam quase sempredesapercebidas. Vossa excelência não pode reputar-se absolutamente infeliz.Verá que há de ainda colher consolações das lágrimas que hoje semeia. Aconsciência da sua fidelidade à simples memória do pai do seu filho há de darlheassomos de alegria. O sorriso angélico dessa criança, medrando em belezase inteligência, à sua vista, virá com o bálsamo do amor cicatrizar-lhe as feridasque hoje sangram. Dona Augusta será apontada como modelo das mães, e atédas vítimas de uma paixão mal indemnizada. Repare que sinto o que digo. Eujuro pelos seus sofrimentos, que sou incapaz de trazer aos lábios umaconsolação frívola, uma impostura reprovada pela consciência. Tenho-lhe ditoo que só podem dizer amigos, e vou daqui sem pesar de me ter esquecido umasó ideia com que deva demovê-la ao fatal propósito em que está...— Que quer que eu faça, senhor?— Que se recolha ao Candal.— Nunca! Nunca! Nunca!— Augusta estremecera a cada uma dessas exclamações, como se a farpade uma serpente lhe entrasse no coração.— Não tenho mais que lhe diga... — murmurou com severidade ojornalista, ressentido da impotência do seu discurso, e até ferido na suavaidade de orador persuasivo. Devo retirar-me, não é assim?— Quando queira; mas... não me condene sem me ouvir... Eu não queroneste mundo coisa alguma senão o amor de Guilherme: não vivo... não possoviver sem ele. O Candal seria um incessante despertador do meu perdido

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!