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Untitled - Luso Livros

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“Mais honrado!...“, aditamento dum... Orgon, representante do de Molière —justamente mais honrado que esse de todos nós querido, de todos nósrespeitado, de todos nós... — “Bom é que não diga de todas nós”, observaçãomaliciosa, à parte, de uma dama que conhecia perfeitamente as outras — detodos nós saudade pungentíssima, e gloriosíssima recordação! — “Apoiado!apoiado!”, palavras do barão da Carvalhosa, secundadas por várioscomendadores, que não adormeceram ainda. — Sim, senhores! O cavalheiroGuilherme do Amaral, a todos os respeitos benemérito dos nossosencomiásticos elogios, vai partir!!!! (Quatro pontos de admiração que ele tinhano rascunho, estudado quinze dias, à razão de duas horas por dia.) O modeloexemplaríssimo dos mancebos, que nas suas virtudes nos afigura umasenilidade precoce, vai partir! — Guilherme recomenda, em oração mental, oorador ao Diabo — O tipo da inteireza, da retidão, da probidade... vai partir!E nós ficamos! Ficamos, sim! Ficamos nós!... E que não haja um íman que oprenda! E que não haja um grilhão suavíssimo que o algeme! E que não haja...que não haja... -“Um bacamarte!...“, murmúrio de um jornalista malcriado sem graçanenhuma, que não haja... — “Uma comissão revisora de speeches!...“, omesmo insolente a meia voz para uma dama que tem o mau gosto de rir-se —que não haja um amigo que o restitua aos seus amigos!... — Estrondososbravos e arrotos. — Pois bem; cumpra-se o destino! Ficaremos para saudá-lotodas as vezes que nos reunirmos com a efusão cordial com que eu proponhoum brinde ao nosso meritíssimo amigo Guilherme do Amaral!! — Gritariacaótica; bebem prodigiosamente: um comendador, por desculpável engano,leva aos lábios a taça da água morna, onde lavara os dedos. Duas senhoras, arir, estalam quatro colchetes. O orador está radioso.Amaral, atenuado o calor do entusiasmo, ergue-se com o copo em punho. Um“psiu” unânime estabelece o silêncio momentâneo das orgias ilustradas. Asdamas, todas olhos e ouvidos, não pestanejam. Os homens gordos desapertamos coletes compressores para saborearem com todas as comodidades asdelícias do orador à barra. O deputado, com ares protetores, estende o braçocomo a pedir a religiosa mudez das respirações. O próprio barão daCarvalhosa não ousa levar ao nariz a voluptuosa pitada, que inutiliza, para nãoquebrar com o sorvo estrídulo o silêncio universal.— Vivamente impressionado — diz Amaral com a mais cómica seriedade— pela tocante eloquência do senhor conselheiro, inveja de Demóstenes, ehonra da pátria, mal posso articular as notas confusas de um hino de

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