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Untitled - Luso Livros

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Guilherme não mostrou a Augusta esta carta. Esta reserva é um sinal dequebra na intimidade. Amaral não se impunha já a obrigação suave dosamantes, verdadeiramente amigos; pareceu-lhe uma puerilidade mostrar aAugusta uma carta tão simples de um tio a um sobrinho.Na tarde do dia 24, o sobrinho do Sr. Teotónio Vaz foi ao Porto, sem dizer aAugusta que negócios o chamavam, ou que horas demoraria. Primeira vez queisto aconteceu. Apeou na Águia de Oiro, e procurou o hóspede, que lhedisseram ter chegado ao meio-dia. Foi abraçado pelo seu tio, que lhe chamava,com as lágrimas nos olhos, o filho da sua querida irmã, que, em pequenino,tantos piparotes lhe dera nas orelhas! Teotónio, enternecido com a lembrançados piparotes, estava patético! Amaral, que mal se recordava dos piparotes,custava-lhe a suster o riso diante da respeitável saudade do seu tio.— Leonor! — disse Teotónio com a voz trémula de emoção -, vem ver oteu primo...Leonor saiu do quarto próximo. Amaral ficou surpreendido a tal ponto quemal podia gaguejar um cumprimento. É que a sua prima fazia acreditar naexistência dos anjos: a sua aparição instantânea era uma coisa mágica, umeclipse, que escurecia todas as realidades conhecidas, uma inovação deimpressões em coração gasto de recebê-las todas.Leonor estendeu a mão afetuosamente ao seu primo. Falava pessimamente oportuguês, mas, com tanta graça, que as damas portuguesas, se a ouvissem,estudariam o modo de falarem assim: dificuldade que algumas vencem semestudo.Guilherme, para evitar-lhe embaraços, falou em francês, coisa que o seu tio,com dezasseis anos de residência na Bélgica, não conseguira nunca. Aconversação travou-se em assunto fértil. Vieram as comparações do clima, dacivilização, do Governo, da agricultura, entre as duas nações conhecidas deLeonor.E o mais é que a prima do nosso amigo era uma excelente faladora, e o seupai, orgulhoso dela, fazia um aceno afirmativo, e, o que mais é ainda, umacareta célebre a cada agudeza palavrosa da menina.Guilherme via, maravilhado, tanta beleza, e tanto desenvolvimento. Quemfalava mais era ela, e sempre interessante, em tudo engenhosa, senhora de si,sem constrangimento, dando mais importância ao que dizia do que à pessoa a

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