ORIENTAÇÕES CURRICULARES Proposição de Expectativas de ...
ORIENTAÇÕES CURRICULARES Proposição de Expectativas de ...
ORIENTAÇÕES CURRICULARES Proposição de Expectativas de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>ORIENTAÇÕES</strong> <strong>CURRICULARES</strong> <strong>Proposição</strong> <strong>de</strong> <strong>Expectativas</strong> <strong>de</strong> Aprendizagem - Língua Portuguesa para Pessoa Surda<br />
Submetidos ao ensino sistemático e padronizado da língua, embora muitos<br />
alunos surdos chegassem a utilizar estruturas frasais gramaticalmente corretas,<br />
tratava-se, na maioria dos casos, <strong>de</strong> frases estereotipadas, usadas <strong>de</strong> forma mecânica<br />
e em contextos bastante previsíveis. Quando utilizadas fora do contexto,<br />
observava-se, na maior parte das vezes, <strong>de</strong>sorganização morfossintática acentuada,frases<strong>de</strong>sestruturadas,nasquaisfaltavamelementos<strong>de</strong>ligação,flexõesetc.<br />
Era como se a língua tivesse sido aprendida mecanicamente, <strong>de</strong> fora para<br />
<strong>de</strong>ntro,semumareflexãosobreoseufuncionamento.<br />
Asdificulda<strong>de</strong>snacompreensãodaleitura,assimcomoas<strong>de</strong>produçãodaescrita,<br />
eram tão freqüentemente observadas que muitas pessoas passaram a<br />
atribuí-las à sur<strong>de</strong>z. Como conseqüência, os surdos foram consi<strong>de</strong>rados pessoas<br />
que,pornãoouvirem,nãoenten<strong>de</strong>moquelêemeapresentamdificulda<strong>de</strong>sacentuadas<br />
no uso da língua majoritária.<br />
Esta forma <strong>de</strong> ensino, que dá ênfase ao código da língua, predominou até<br />
recentemente também nas aulas <strong>de</strong> línguas estrangeiras.<br />
Martins-Cestaro (1999) apresenta uma retrospectiva das metodologias comumenteempregadasnoensinodofrancêscomolínguaestrangeira.Nelaficaevi<strong>de</strong>nte<br />
que, até a década <strong>de</strong> 80, se dava ênfase ao código da língua. Com<br />
algumas variações, todas as metodologias tinham como objetivo que os alunos<br />
dominassem a morfologia e a sintaxe da língua. Para isso, submetia-se os alunos<br />
ao ensino gradual <strong>de</strong> estruturas frasais, por meio <strong>de</strong> exercícios estruturais. Os alunos<br />
repetiam as estruturas apresentadas na sala <strong>de</strong> aula, visando memorização e uso.<br />
O professor controlava e dirigia o comportamento lingüístico dos alunos.<br />
Com base nos princípios da teoria comportamental <strong>de</strong> Skinner, a aquisição <strong>de</strong><br />
uma língua era consi<strong>de</strong>rada um processo mecânico <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> hábitos,<br />
rotinas e automatismos.<br />
Assim como ocorria com os alunos surdos, a passagem dos exercícios <strong>de</strong><br />
utilização dos mo<strong>de</strong>los dirigidos pelo professor ao uso espontâneo pelos aprendizes<br />
<strong>de</strong> língua estrangeira raramente acontecia (Martins-Cestaro).<br />
Nos últimos anos, a exemplo do que ocorre no ensino da Língua Portuguesa<br />
para alunos ouvintes, observam-se tentativas <strong>de</strong> mudança na concepção <strong>de</strong><br />
língua também no ensino <strong>de</strong> alunos surdos ou <strong>de</strong> línguas estrangeiras. Em vez <strong>de</strong><br />
código, a língua tem sido concebida como ativida<strong>de</strong> discursiva.<br />
Nestaconcepção,produzirlinguagemsignificaproduzirdiscurso.Odiscurso,<br />
quando produzido, manifesta-se lingüisticamente por meio do texto, consi<strong>de</strong>rado<br />
produto da ativida<strong>de</strong> discursiva.<br />
15