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Fernando Moraes - Ecos del Sur

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— problema não muito comum na capital cubana. O salvadorenho<br />

estranhou que, embora o sinal de trânsito, cinquenta<br />

metros adiante, já tivesse acendido a luz verde seguidas vezes, os<br />

veículos não avançavam. Gelou de novo ao perceber que se<br />

tratava de uma pinza, uma batida policial. Fardados, armados e<br />

de capacete, dois homens da PNR, a Polícia Nacional Revolucionária,<br />

o equivalente à Polícia Militar no Brasil, tinham estacionado<br />

suas motos Guzzi no meio da rua e pareciam vistoriar<br />

carros e pedir documentos. Apavorado, perguntou ao motorista<br />

o que era aquilo e, mais uma vez, o pachorrento cubano<br />

tranquilizou-o:<br />

— Seguramente Fi<strong>del</strong> deve estar vindo por aí. Quando a<br />

comitiva do Comandante está chegando, eles costumam segurar<br />

o trânsito em algumas ruas. Logo estaremos liberados.<br />

Dessa vez a paranoia de Cruz León procedia. À medida que<br />

as filas de carros avançavam, era possível ver que os policiais estavam,<br />

sim, parando veículo por veículo, pedindo documentos a<br />

motoristas e passageiros, e varejando o interior de pastas, bolsas<br />

e sacolas. “Naquele momento eu percebi que estava fodido e<br />

resolvi radicalizar”, recordaria Cruz León. Como não levava revólver,<br />

faca, nem mesmo um canivete, decidiu recorrer à arma<br />

que carregava na mochila. Com uma única mão, para não despertar<br />

suspeitas no taxista, tirou o detonador metálico da<br />

bolsinha interna da mochila e enterrou-o na bolota de C-4.<br />

Pegou a calculadora-despertador, cujo relógio digital marcava<br />

meio-dia e meia, e ficou preparado. Ao chegar a vez <strong>del</strong>es, acionaria<br />

a bomba, e ponto final: ante a perspectiva de ser preso, o<br />

salvadorenho preferia se suicidar, levando consigo o motorista e<br />

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