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Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

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O FARMER CONTRA O JECA<br />

da década <strong>de</strong> 1950, o Partido Comunista passaria a ser i<strong>de</strong>ntifi cado como um dos<br />

principais mediadores das lutas sociais no campo, alterando signifi cativamente<br />

o teor <strong>de</strong>stas ao colocar a questão da reestruturação fundiária do país como<br />

meta principal. A ULTAB <strong>de</strong>sempenharia um papel profundamente signifi cativo<br />

neste período, quando atua para a organização, formação política e assessoria<br />

aos lavradores e aos sindicatos <strong>de</strong> trabalhadores rurais. Além dos trabalhadores,<br />

o Estado também, por razões opostas, legitimaria o PCB e a ULTAB como dois<br />

dos mais importantes mediadores das mobilizações camponesas até 1964.<br />

Quando o governo <strong>de</strong> São Paulo falava para os trabalhadores (ou seus<br />

representantes), a proposta <strong>de</strong> Revisão Agrária era <strong>de</strong>fi nida como uma reforma<br />

agrária. Deste modo o governo estabelecia uma espécie <strong>de</strong> interlocução com<br />

os trabalhadores mobilizados, não no sentido aten<strong>de</strong>r ou contemplar qualquer<br />

reivindicação, mas <strong>de</strong> opor-se a estes com um projeto político bem distinto. E<br />

é falando contra os movimentos sociais rurais <strong>de</strong> todo o país que o boletim<br />

informativo da Revisão Agrária traz a seguinte afi rmação do Secretário da<br />

Agricultura: “Só <strong>de</strong>rrotaremos uma reforma do tipo comunista, através <strong>de</strong> uma<br />

revisão <strong>de</strong>mocrática <strong>de</strong> nossa estrutura agrária” (BOLETIM DA REVISÃO<br />

AGRÁRIA, out. 1960, contracapa).<br />

Embora em São Paulo não houvesse um movimento social rural com<br />

o nível <strong>de</strong> repercussão daquele nor<strong>de</strong>stino, as pesquisas sobre o período mostram<br />

que havia o que se po<strong>de</strong> chamar <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong> mobilização dos trabalhadores<br />

rurais, que já durava pelo menos duas décadas. Só para citar um exemplo, po<strong>de</strong>mos<br />

trazer à baila a pesquisa <strong>de</strong> Yoshico Mott e Candido Vieitez (1988), indicando<br />

uma série <strong>de</strong> documentos dos <strong>de</strong>legados <strong>de</strong> polícia <strong>de</strong> Marília, mostrando que<br />

havia uma preocupação e controle da ação dos trabalhadores (rurais e urbanos)<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados dos anos 40. Num ofício datado do ano <strong>de</strong> 1946, os agentes da lei<br />

comunicam ao Departamento <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m Política e Social - DOPS - a realização<br />

<strong>de</strong> um comício naquela localida<strong>de</strong> com a presença do então Senador, pelo PCB,<br />

Luiz Carlos Prestes. Segundo o texto, no seu pronunciamento o senador exortava<br />

a “união entre os trabalhadores, principalmente aos da zona rural para <strong>de</strong>fesa<br />

dos seus interesses; necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> salários e da subdivisão das<br />

proprieda<strong>de</strong>s agrícolas” (MOTT; VIEITEZ, 1988, arquivo FFC/Unesp). Num<br />

outro radiotelegrama, o <strong>de</strong>legado informa não haver pelas redon<strong>de</strong>zas <strong>de</strong>ssa<br />

cida<strong>de</strong> nenhuma “Liga Camponesa”, respon<strong>de</strong>ndo a uma circular do DOPS, o<br />

que evi<strong>de</strong>ncia a preocupação existente com o crescimento da organização entre<br />

os trabalhadores rurais (MOTT; VIEITEZ, 1988, p. 20). Outros documentos<br />

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