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Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

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C ÉLIA TOLENTINO<br />

projetos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s indústrias <strong>de</strong> base, com vistas à sua eventual participação na<br />

estrutura do capital das empresas”. (PLANO DE AÇÃO, 1960, p. 119). Para esse<br />

fi m, criava-se o “Fundo <strong>de</strong> Financiamento das Indústrias <strong>de</strong> Bens <strong>de</strong> Produção”<br />

e o “Fundo <strong>de</strong> Expansão da Indústria <strong>de</strong> Base”. Os 19% <strong>de</strong>stinados ao item<br />

rodovias <strong>de</strong>veriam contribuir para começar a mudar duas questões importantes:<br />

a do escoamento da produção agrícola e industrial e a a<strong>de</strong>quação do sistema<br />

rodoviário à nossa indústria automobilística em expansão.<br />

As metas para agricultura também estavam colocadas em consonância<br />

com a perspectiva <strong>de</strong>senvolvimentista e industrializante do setor dirigente. O<br />

fato <strong>de</strong> a indústria ter sido responsável por 30,2% da produção total do Estado<br />

contra 24,2% da agricultura no ano <strong>de</strong> 1958 parecia justifi car o investimento<br />

no setor. Segundo as estatísticas do Grupo <strong>de</strong> Planejamento, em 1947, esses<br />

setores ocupavam posição inversa e à indústria cabia 23,1% da produção total<br />

contra os 30,7% referentes à agricultura. A tese fundamentadora do diagnóstico<br />

do governo <strong>de</strong> São Paulo era a <strong>de</strong> que a indústria já se afi rmara nessa unida<strong>de</strong><br />

da fe<strong>de</strong>ração, muito mais que em qualquer outra, e era necessário investir para<br />

consolidá-la e garantir a sua hegemonia econômica.<br />

É Lúcio Kowarick (1979) quem atenta para o fato <strong>de</strong> que os planos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento no Brasil sempre <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> tratar o chamado setor<br />

social (alimentação, saú<strong>de</strong>, educação, segurança, habitação, etc), ou então, os<br />

trataram sob o enfoque exclusivamente econômico. Neste sentido, é notável<br />

que no Plano <strong>de</strong> Ação o setor social seja consi<strong>de</strong>rado e a justifi cativa que se<br />

faz para cada um <strong>de</strong>sses investimentos é a <strong>de</strong> que são suportes necessários ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, para a superação do atraso, ou então, para seguir o exemplo<br />

dos países “civilizados”. A maior parte dos discursos do governador paulista<br />

reafi rmaria estas i<strong>de</strong>ias insistentemente. Um exemplo <strong>de</strong>ssa convicção po<strong>de</strong><br />

ser vista na justifi cativa sobre a extensão do saneamento básico para as cida<strong>de</strong>s<br />

do interior: “não há dúvida que o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento já atingido pelo<br />

Estado permite um esforço maior do po<strong>de</strong>r público para recuperar o atraso neste<br />

setor e acompanhar o ritmo acelerado <strong>de</strong> crescimento das populações urbanas.”<br />

(PLANO DE AÇÃO, 1960, p. 82).<br />

Enfi m, po<strong>de</strong>-se dizer que Carvalho Pinto tinha em mente um projeto<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização do Estado <strong>de</strong> São Paulo e, estrategicamente, propunha<br />

esten<strong>de</strong>r a industrialização também para a agricultura, setor do qual se esperava<br />

transformações em função da nova <strong>de</strong>manda por produtos alimentícios e<br />

da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar um público consumidor dos produtos industriais.

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