Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...
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O FARMER CONTRA O JECA<br />
bloqueio das ações clientelísticas difi cultadas pelo planejamento governamental.<br />
Para o comunista (no PTB) Luciano Lepera, o Executivo estaria <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando<br />
uma campanha sistemática contra aquele po<strong>de</strong>r junto à população e, segundo<br />
entendia, isso constituía uma ameaça à <strong>de</strong>mocracia (ANAIS DA ASSEMBLEIA<br />
LEGISLATIVA, out. 1960). Na esteira <strong>de</strong>ssa crise com o Executivo Estadual,<br />
a oposição à direita consi<strong>de</strong>raria o Projeto <strong>de</strong> Lei 154/60 como um verda<strong>de</strong>iro<br />
perigo ao regime <strong>de</strong>mocrático, uma vez que facultava ao governo o arbítrio sobre<br />
a proprieda<strong>de</strong> através do que chamam <strong>de</strong> “incisão fi scal”.<br />
O então Secretário da Agricultura, Coutinho Nogueira, referindo-se<br />
às hostilida<strong>de</strong>s partidárias enfrentadas na Assembleia Legislativa <strong>de</strong> São Paulo,<br />
chamou-as <strong>de</strong> “oposição conjuntural”, particularmente a da representação<br />
peessepista, conforme nos disse em entrevista. No entanto, um estudo mais<br />
acurado dos discursos dos legisladores paulistas, inclusive do PSP, po<strong>de</strong><br />
nos <strong>de</strong>monstrar que a representação <strong>de</strong> classe norteava gran<strong>de</strong> parte dos<br />
pronunciamentos, evi<strong>de</strong>nciando que o conservadorismo que marcara a legislação<br />
agrária fe<strong>de</strong>ral encontrava foro também na unida<strong>de</strong> que se queria a mais<br />
progressista da fe<strong>de</strong>ração. A tribuna da câmara estadual constituiu-se, <strong>de</strong>pois da<br />
imprensa, no gran<strong>de</strong> fórum <strong>de</strong> reclamações das “associações produtoras” contra<br />
a Revisão Agrária, mostrando que uma parte fundamental da oposição ao projeto<br />
<strong>de</strong> Carvalho Pinto vinha da representação das classes proprietárias rurais.<br />
Em abril <strong>de</strong> 1960, a Assembleia Legislativa do Estado <strong>de</strong> São Paulo,<br />
estava assim composta:<br />
PARTIDO DEPUTADOS ELEITOS<br />
Partido Social Progressista – PSP 14<br />
Partido Democrata Cristão – PDC 14<br />
Partido Social Democrático – PSD 12<br />
Partido Trabalhista Nacional - PTN 12<br />
União Democrática Nacional - UDN 09<br />
Partido Republicano – PR 07<br />
Partido Trabalhista Brasileiro - PTB 06<br />
Partido Socialista Brasileiro – PSB 05<br />
Partido Social Trabalhista – PST 05<br />
Partido Republicano Progresssita - PRP 04<br />
Partido Liberal – PL 02<br />
Carvalho Pinto contava com uma conjuntura especialmente favorável<br />
sustentada pela vitória do seu candidato à presidência da República, além <strong>de</strong><br />
uma maioria folgada na Assembleia Legislativa e <strong>de</strong> apoios que lhe rendiam<br />
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