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Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

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O FARMER CONTRA O JECA<br />

Conforme observa o estudo <strong>de</strong> Richard Dulley (1988), intitulado Políticas<br />

agrícolas em São Paulo (1930-80) - o papel da Secretaria da Agricultura, parte do conjunto<br />

<strong>de</strong> medidas para a agricultura tomadas durante o governo Carvalho Pinto dava<br />

continuida<strong>de</strong> a uma tradição da Secretaria da Agricultura, como as escolas <strong>de</strong><br />

formação agrícola, estudos e incentivos à mecanização do trabalho na agricultura,<br />

pesquisa agronômica e incremento do armazenamento e abastecimento. Segundo<br />

o autor, este órgão que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua criação fora per<strong>de</strong>ndo gradativamente sua<br />

força política por diversos fatores, nunca <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar aquilo que<br />

chama <strong>de</strong> “aspecto técnico da política agrária”. Quanto à “pesquisa, fomento ou<br />

assistência técnica, o Estado <strong>de</strong> São Paulo, através da Secretaria da Agricultura,<br />

sempre foi auto-sufi ciente e inclusive exportador <strong>de</strong> tecnologia e inovações<br />

nos mais variados ramos da agronomia”. (DULLEY, 1988, p. 173). De modo<br />

que parte das medidas propostas no Plano <strong>de</strong> Ação, favoráveis ao projeto <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>quação da agricultura à indústria, coincidiam com a recente linha <strong>de</strong> atuação<br />

<strong>de</strong>sta pasta voltada para a mo<strong>de</strong>rnização do campo paulista. Dulley observa que<br />

nestes anos a política agrícola da Secretaria mudava <strong>de</strong> direção infl uenciada por<br />

vários fatores, inclusive, pelo peso econômico da implantação das indústrias<br />

processadoras <strong>de</strong> alimentos e <strong>de</strong> matéria prima em todo país, reforçando “o<br />

polo <strong>de</strong> interesses industriais em relação ao setor agrícola [...]” (DULLEY, 1988,<br />

p. 144). Concorreria ainda para esta nova política agrícola o fi nanciamento das<br />

pesquisas em agricultura por parte das indústrias <strong>de</strong> insumos mo<strong>de</strong>rnos. Desse<br />

modo, as propostas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização do campo do governo <strong>de</strong> São Paulo<br />

encontravam um terreno favorável em relação às classes produtoras rurais que,<br />

pressionadas por fatores <strong>de</strong> mercado, já vinham substituindo as resistências (na<br />

manutenção da monocultura exportadora) pela adaptação. Resistência mesmo o<br />

grupo dirigente encontraria quando publicasse a proposta <strong>de</strong> taxação progressiva<br />

da proprieda<strong>de</strong> rural <strong>de</strong> acordo com seu tamanho e condições <strong>de</strong> uso e manejo,<br />

o que discutiremos mais adiante, trazendo à luz o limite da chamada “adaptação”<br />

do setor agrário.<br />

No Plano <strong>de</strong> Ação, o Fundo <strong>de</strong> Expansão Agropecuário previa 3,9%<br />

dos recursos para o fi nanciamento <strong>de</strong> investimentos na agricultura visando<br />

melhor utilização da terra, assim como fi nanciamento às indústrias que usassem<br />

matérias primas agropecuárias.<br />

A preocupação com a questão do abastecimento dos centros urbanos<br />

industriais e, por consequência do barateamento do custo da mão <strong>de</strong> obra<br />

urbana, também tocava ao governo fe<strong>de</strong>ral nestes anos, e para diminuir a carência<br />

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