Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...
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O FARMER CONTRA O JECA<br />
<strong>de</strong>svinculado do janismo, o chamado grupo carvalhista, articulado pelo pe<strong>de</strong>cista<br />
Queiróz Filho e o u<strong>de</strong>nista Coutinho Nogueira, jovem empresário rural e expresi<strong>de</strong>nte<br />
da UNE. Ainda segundo Marcucci, assessor <strong>de</strong> imprensa do futuro<br />
governador, Jânio Quadros não se opôs à candidatura do Secretário da Fazenda,<br />
porém relutaria em assumi-lo, só o fazendo três meses antes do pleito eleitoral.<br />
Para Jânio, Carvalho Pinto era um candidato difícil <strong>de</strong> ser carregado, afi rma,<br />
enquanto seu adversário, Adhemar <strong>de</strong> Barros, era experiente e ruidoso 5 .<br />
Carvalho Pinto seria lançado por uma coligação partidária formada<br />
pelo PSB, UDN, PDC, PTN e PL 6 . Concorriam com ele ao cargo <strong>de</strong> governador<br />
do estado, Adhemar <strong>de</strong> Barros, candidato pelo PSP (Partido Social Progressita)<br />
com apoio do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e dos comunistas fi liados ao<br />
PTB, e Auro <strong>de</strong> Moura Andra<strong>de</strong>, que era candidato pelo PSD (Partido Social<br />
Democrático), partido que o abandonaria pouco antes das eleições.<br />
Numa campanha que tinha embates entre Adhemar <strong>de</strong> Barros e Jânio<br />
Quadros, Carvalho Pinto procurava uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria assumindo para<br />
si o discurso em nome da honestida<strong>de</strong>, austerida<strong>de</strong>, honra<strong>de</strong>z e moralida<strong>de</strong><br />
administrativa. Esta seria a tônica <strong>de</strong> todos os pronunciamentos do candidato a<br />
governador mesmo quando tinha <strong>de</strong> tratar dos <strong>de</strong>mais temas em evidência nos<br />
fi nais da década <strong>de</strong> 1950. A questão da moralida<strong>de</strong> administrativa teria gran<strong>de</strong><br />
repercussão na campanha contra Adhemar <strong>de</strong> Barros, cuja fama histórica era a <strong>de</strong><br />
esbanjador do dinheiro público, folcloricamente traduzido na expressão que fi cou<br />
famosa: aquele que “rouba, mas faz”. Carvalho Pinto, ao contrário, conseguira<br />
difundir para os setores populares a imagem <strong>de</strong> um inveterado “pão-durismo”,<br />
que o candidato prometia transmitir para a administração. Caio Prado Júnior,<br />
escrevendo na Revista Brasiliense, analisaria a vitória eleitoral <strong>de</strong> Carvalho Pinto<br />
sugerindo que o candidato muito se benefi ciara <strong>de</strong>ssa imagem <strong>de</strong> “guardião” dos<br />
cofres públicos em oposição a Adhemar:<br />
É com manobras <strong>de</strong>ssa or<strong>de</strong>m que boa e <strong>de</strong>cisiva parte do eleitorado se <strong>de</strong>ixou<br />
ludibriar. Teve sua atenção <strong>de</strong>sviada da questão nacionalista, que não julgou<br />
assim encontrar-se em jogo, e votou no Sr. Carvalho Pinto unicamente para<br />
barrar o caminho do governo ao adversário principal do candidato vitorioso, o<br />
Sr. A<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Barros, cuja carreira pela administração pública tem sido o que<br />
todo mundo sabe. A maioria do eleitorado paulista votou a 3 <strong>de</strong> outubro contra<br />
5 Rui Marcucci, Assessor <strong>de</strong> Imprensa <strong>de</strong> Carvalho Pinto no Governo do Estado, <strong>de</strong>poimento em 04/04/89<br />
- São Paulo<br />
6 PSB – Partido Socialista Brasileiro; UDN – União Democrática Nacional; PDC – Partido Democrata<br />
Cristão; PTN – Partido Trabalhista Nacional; PL – Partido Libertador.<br />
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