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Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

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C ÉLIA TOLENTINO<br />

para Governador <strong>de</strong> São Paulo através <strong>de</strong> eleição indireta, o que explicita que sua<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização não <strong>de</strong>scartava o caminho <strong>de</strong>mocrático, ainda que não<br />

fosse, necessariamente, popular.<br />

A REVISÃO E A SUA PROJEÇÃO NACIONAL<br />

A Revisão Agrária não foi um golpe publicitário como afi rmaria o<br />

<strong>de</strong>putado Hilário Torloni na Assembleia Legislativa, porém, a sua repercussão<br />

constituiria algo digno <strong>de</strong> análise a parte. Como nos <strong>de</strong>bates da Assembleia<br />

Legislativa, a sua repercussão tem duas faces distintas, uma para São Paulo e<br />

outra para o Brasil. Uma absorvendo as críticas da oposição, e a outra os efeitos<br />

<strong>de</strong> um consenso que tomava São Paulo como paradigma para o país.<br />

Em vários momentos, os discursos sobre a Revisão Agrária se mostram<br />

paradoxais. Enquanto seus i<strong>de</strong>alizadores a prometem como uma medida<br />

cautelosa e sem alar<strong>de</strong>, a sua ampla divulgação acabaria sendo chamada <strong>de</strong> “golpe<br />

publicitário”, ou seja, resultado <strong>de</strong> um amplo e bem en<strong>de</strong>reçado “alar<strong>de</strong>”. O<br />

mesmo projeto que constituiria razão da mobilização dos proprietários rurais<br />

paulistas, que ameaçam acampar em frente à Assembleia Legislativa, era o que o<br />

Brasil <strong>de</strong>veria adotar como mo<strong>de</strong>lo, segundo a imprensa do restante do país. O<br />

mesmo ITR que constituiria o elemento auto-propulsor da medida e que para<br />

gran<strong>de</strong> parte dos conservadores brasileiros era um princípio inteligente, era o<br />

gran<strong>de</strong> nó na garganta dos proprietários rurais <strong>de</strong> São Paulo. O mesmo estado<br />

que refl etia o mo<strong>de</strong>lo da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e, por isso mesmo, necessitaria <strong>de</strong> uma<br />

agricultura racional, que acompanhasse seu estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, seria<br />

atropelado pela articulação <strong>de</strong> uma fração da sua classe dominante agrária que<br />

mostraria seus po<strong>de</strong>res numa aliança com o Legislativo Nacional conservador,<br />

suprimindo constitucionalmente o imposto territorial dos domínios da esfera<br />

estadual. Enfi m, se “externamente” a Revisão Agrária ganhava legitimida<strong>de</strong>,<br />

“internamente”, esbarrava no esforço <strong>de</strong> manutenção da hegemonia sobre a<br />

proprieda<strong>de</strong> da terra, por parte do setor agrário. Era o limite da negociação do<br />

bloco agrário-industrial e este setor, que se supunha enfraquecido, principalmente,<br />

porque a indústria era uma realida<strong>de</strong> na or<strong>de</strong>m econômica, <strong>de</strong>monstraria que<br />

ainda não havia chegado aos últimos estertores. Mesmo fracionada, a burguesia<br />

rural <strong>de</strong>monstraria sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilização na <strong>de</strong>fesa dos seus interesses,<br />

convencendo, inclusive, a burguesia industrial a fazer um voto <strong>de</strong> oposição num<br />

claro acordo <strong>de</strong> classe.

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