Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...
Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...
Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
78<br />
C ÉLIA TOLENTINO<br />
como propunha o Executivo, não constaria <strong>de</strong> taxação <strong>de</strong> terras para coibir a<br />
gran<strong>de</strong> ou fomentar a pequena proprieda<strong>de</strong>. Para este parlamentar, assim proposto,<br />
o plano governamental formava “castas estanques”, contrariando os preceitos da<br />
livre concorrência. O Artigo 20 receberia várias propostas <strong>de</strong> alteração em suas<br />
alíquotas e umas tantas outras que propunham a sua supressão, tanto por parte <strong>de</strong><br />
parlamentares da oposição quanto daqueles consi<strong>de</strong>rados governistas.<br />
Ainda a propósito do Artigo 20, a FARESP, através do seu assessor<br />
jurídico, Sílvio Galvão, faria publicar uma nota afi rmando que a não fi xação <strong>de</strong><br />
uma taxa máxima <strong>de</strong> um imposto geraria uma “insegurança do fi sco” (FOLHA<br />
DA MANHÃ, 18 maio 1960).<br />
Reafi rmando que a tributação progressiva constituía a mola mestra do<br />
projeto, o governo envia, no mês <strong>de</strong> novembro, um substitutivo on<strong>de</strong> mantém<br />
inalterado o Artigo 20, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando manifestações aguerridas por parte dos<br />
oposicionistas. O pronunciamento do <strong>de</strong>putado Américo Marco Antônio, do<br />
PSP, ilustra bem a tônica dos discursos que se faz a partir daquele momento:<br />
Essa reforma agrária não tem nada <strong>de</strong> reforma agrária. É mais um estelionato<br />
impingindo por esse governo ao infeliz povo que em má hora o escolheu. O<br />
único pretexto <strong>de</strong> tal reforma é uma revisão tributária e o aumento <strong>de</strong> impostos<br />
para satisfazer a voracida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste governo que já se impôs como uma ditadura<br />
fi scal. (ANAIS DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, <strong>de</strong>z. 1960, p. 291).<br />
De forma análoga, manifestaram-se FARESP e SRB. A primeira,<br />
num artigo publicado no jornal O Dia afi rmaria que a Assembleia Legislativa<br />
seria mais uma sucursal do palácio do governo, curvando-se aos caprichos<br />
<strong>de</strong> Carvalho Pinto, aprovando o famigerado projeto <strong>de</strong> reforma agrária que,<br />
fatalmente, geraria uma alta nos preços. Estes mesmos termos voltariam a ser<br />
publicados pela FARESP, em 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1960, afi rmando que o setor<br />
agrícola acabaria repassando ao consumidor o preço das altas tributações. Num<br />
artigo intitulado “Aumento do custo <strong>de</strong> vida e o projeto <strong>de</strong> Revisão Agrária”, em nome<br />
<strong>de</strong>sta entida<strong>de</strong>, afi rma-se que:<br />
Esta <strong>de</strong>claração tem por fi nalida<strong>de</strong> esclarecer a opinião pública para que a<br />
responsabilida<strong>de</strong> pelo agravamento do custo <strong>de</strong> vida não venha amanhã recair<br />
nos ombros daqueles homens que trabalham a terra e não apoiam nem esposam<br />
esta ventura <strong>de</strong>magógica. (CORREIO PAULISTANO, 22 <strong>de</strong>z. 1960, p. 2).<br />
A SRB assina um artigo no jornal Folha da Manhã, juntamente com<br />
outras entida<strong>de</strong>s congregadas no Conselho das Classes Produtoras - CONCLAP