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Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

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O FARMER CONTRA O JECA<br />

que elaboravam estudos sobre reforma agrária após um curso internacional<br />

coor<strong>de</strong>nado pelo CIDA - Comitê Interamericano <strong>de</strong> Desenvolvimento Agrícola,<br />

órgão vinculado ao BID, OEA, FAO e CEPAL. Ainda segundo José Gomes, os<br />

estudos realizados por essa equipe já visavam, <strong>de</strong> alguma forma, ter em mãos<br />

elementos para aplicação da reforma agrária que estaria incluída no seio das<br />

“reformas <strong>de</strong>mocráticas” prometidas pelo governo militar:<br />

[...] os generais emitiram um comunicado dizendo que a revolução tinha<br />

sido feita para acabar a corrupção, acabar a subversão e realizar as reformas<br />

<strong>de</strong>mocráticas. Então o grupo que tinha feito o curso que era o Lorena, o<br />

So<strong>de</strong>ro e mais alguns que se juntaram <strong>de</strong>pois, Dummond [...], o Rota, que<br />

era presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração dos Trabalhadores [...] começamos a discutir um<br />

projeto [...]. Bom, se vamos fazer as reformas <strong>de</strong>mocráticas, como a reforma<br />

agrária era uma das reformas <strong>de</strong> base, esse governo vai tentar copiar isso.<br />

Então começamos a preparar um projeto <strong>de</strong> reforma agrária. (GOMES DA<br />

SILVA, entrevista em 22 set. 1989).<br />

Nessa circunstância, um grupo <strong>de</strong> estudos da reforma agrária havia<br />

sido criado no Rio <strong>de</strong> Janeiro e a equipe paulista foi convocada e <strong>de</strong>cidiu enviar<br />

um representante que seria municiado por subsídios dos <strong>de</strong>mais membros do<br />

grupo, conforme Gomes da Silva. Assim participaram da elaboração fi nal do<br />

Estatuto da Terra, além <strong>de</strong>le, Carlos Lorena e Fernando So<strong>de</strong>ro, ambos membros<br />

da equipe que elaborou estudos para o projeto <strong>de</strong> Revisão Agrária. Da medida<br />

paulista, o Estatuto da Terra conservou, em suas letras, a tributação progressiva,<br />

a política <strong>de</strong> incremento técnico da agricultura e, principalmente, o projeto <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rnização da agricultura brasileira.<br />

A convocação da equipe <strong>de</strong> São Paulo para elaborar a lei agrária<br />

do governo militar nos suscita a seguinte análise: em primeiro lugar, o grupo<br />

responsável pela redação do Estatuto da Terra era coor<strong>de</strong>nado por Roberto<br />

Campos, um velho e conhecido liberal conservador, e por Paulo Assis Ribeiro<br />

que, como aponta Leonil<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros (1983, p. 89), havia sido o responsável<br />

pela publicação do volume “Recomendações para a Reforma Agrária”, elaborado<br />

quando pertencia ao IPES, e que, por sua vez, elegera a medida paulista como a<br />

mais a<strong>de</strong>quada ao campo brasileiro. De maneira que a Revisão Agrária apontara,<br />

já em 1960, o caminho da mo<strong>de</strong>rnização da agricultura que o Governo <strong>de</strong> Castelo<br />

Branco e seus sucessores militares <strong>de</strong>sejavam imprimir ao campo brasileiro. A<br />

particularida<strong>de</strong> é que, neste caso, o projeto era <strong>de</strong>claradamente autoritário.<br />

Apesar <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um aliado pelos militares, é importante<br />

lembrar que Carvalho Pinto não a<strong>de</strong>riu ao Golpe <strong>de</strong> 1964 e rejeitou sua indicação<br />

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