Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...
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C ÉLIA TOLENTINO<br />
Eleito na esteira do Governo <strong>de</strong> Jânio Quadros (1954 a 1958), o estilo<br />
do novo governador <strong>de</strong> São Paulo se distanciaria muito do populismo janista. De<br />
modo pioneiro, propunha-se a inaugurar o planejamento na esfera estadual – até<br />
então uma prerrogativa dos governos centrais – colocando São Paulo em dia com<br />
as propostas e recomendações da CEPAL, prometendo uma gestão mo<strong>de</strong>rna e<br />
mo<strong>de</strong>rnizadora.<br />
No entanto, durante a sua campanha, Carvalho Pinto esteve no<br />
centro da disputa entre o janismo e o a<strong>de</strong>marismo. Adhemar <strong>de</strong> Barros era<br />
seu rival enquanto candidato ao governo do Estado e Jânio Quadros já estava<br />
em campanha antecipada para as eleições presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> 1960. No seio <strong>de</strong>sta<br />
contenda, pouco se adivinhava da forma discreta <strong>de</strong> administração do futuro<br />
governador e da sua também discreta trajetória pública. A sua campanha teve<br />
como lema “mais administração e menos política”, ao lado do slogan “Carvalho<br />
Pinto nos Campos Elíseos e Jânio no Catete”.<br />
Como afi lhado político <strong>de</strong> Jânio Quadros, Carvalho Pinto veria<br />
sua campanha imbricar-se com a do candidato à presidência da República,<br />
obrigando-o a tratar, em palanque ou entrevistas à gran<strong>de</strong> imprensa, dos<br />
gran<strong>de</strong>s temas nacionais, além das questões relativas ao Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Regina Sampaio (1982), no seu livro Adhemar <strong>de</strong> Barros e PSP, sugere que o<br />
slogan carvalhista seria a versão mais próxima da vassoura da moralização e<br />
anticorrupção que simbolizava a campanha <strong>de</strong> Jânio para a eleição <strong>de</strong> 60. Nossa<br />
análise enten<strong>de</strong>, porém, que se Carvalho Pinto era um <strong>de</strong>clarado her<strong>de</strong>iro <strong>de</strong><br />
Jânio, não o seria do janismo. Ao contrário da li<strong>de</strong>rança carismática do futuro<br />
presi<strong>de</strong>nte, Carvalho Pinto apostava na administração planejada e tecnicamente<br />
embasada e, se possível, com a colaboração dos <strong>de</strong>putados e representantes das<br />
regiões administrativas do estado, como disse Coutinho Nogueira em entrevista<br />
à autora, e como veremos mais adiante.<br />
Conforme o jornalista Rui Marcucci (1987), no “folclore palaciano”<br />
Carvalho Pinto era conhecido como o “ditador das fi nanças” que gerenciava com<br />
“mão fechada” a Secretaria da Fazenda da gestão Jânio Quadros. Funcionário <strong>de</strong><br />
carreira da máquina pública, fora assessor jurídico e posteriormente assessor <strong>de</strong><br />
fi nanças da prefeitura paulistana antes <strong>de</strong> entrar para a administração estadual. A<br />
sua candidatura à sucessão <strong>de</strong> Jânio Quadros contava com o apoio do secretário<br />
particular do governador, João Caetano Álvares, membro do Partido Socialista,<br />
além do apoio dos <strong>de</strong>putados petebistas Jair Carvalho Monteiro e Castro Neves.<br />
Fora do círculo palaciano, contaria com sustentação política <strong>de</strong> um grupo