17.04.2013 Views

Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

26<br />

C ÉLIA TOLENTINO<br />

Eleito na esteira do Governo <strong>de</strong> Jânio Quadros (1954 a 1958), o estilo<br />

do novo governador <strong>de</strong> São Paulo se distanciaria muito do populismo janista. De<br />

modo pioneiro, propunha-se a inaugurar o planejamento na esfera estadual – até<br />

então uma prerrogativa dos governos centrais – colocando São Paulo em dia com<br />

as propostas e recomendações da CEPAL, prometendo uma gestão mo<strong>de</strong>rna e<br />

mo<strong>de</strong>rnizadora.<br />

No entanto, durante a sua campanha, Carvalho Pinto esteve no<br />

centro da disputa entre o janismo e o a<strong>de</strong>marismo. Adhemar <strong>de</strong> Barros era<br />

seu rival enquanto candidato ao governo do Estado e Jânio Quadros já estava<br />

em campanha antecipada para as eleições presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> 1960. No seio <strong>de</strong>sta<br />

contenda, pouco se adivinhava da forma discreta <strong>de</strong> administração do futuro<br />

governador e da sua também discreta trajetória pública. A sua campanha teve<br />

como lema “mais administração e menos política”, ao lado do slogan “Carvalho<br />

Pinto nos Campos Elíseos e Jânio no Catete”.<br />

Como afi lhado político <strong>de</strong> Jânio Quadros, Carvalho Pinto veria<br />

sua campanha imbricar-se com a do candidato à presidência da República,<br />

obrigando-o a tratar, em palanque ou entrevistas à gran<strong>de</strong> imprensa, dos<br />

gran<strong>de</strong>s temas nacionais, além das questões relativas ao Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Regina Sampaio (1982), no seu livro Adhemar <strong>de</strong> Barros e PSP, sugere que o<br />

slogan carvalhista seria a versão mais próxima da vassoura da moralização e<br />

anticorrupção que simbolizava a campanha <strong>de</strong> Jânio para a eleição <strong>de</strong> 60. Nossa<br />

análise enten<strong>de</strong>, porém, que se Carvalho Pinto era um <strong>de</strong>clarado her<strong>de</strong>iro <strong>de</strong><br />

Jânio, não o seria do janismo. Ao contrário da li<strong>de</strong>rança carismática do futuro<br />

presi<strong>de</strong>nte, Carvalho Pinto apostava na administração planejada e tecnicamente<br />

embasada e, se possível, com a colaboração dos <strong>de</strong>putados e representantes das<br />

regiões administrativas do estado, como disse Coutinho Nogueira em entrevista<br />

à autora, e como veremos mais adiante.<br />

Conforme o jornalista Rui Marcucci (1987), no “folclore palaciano”<br />

Carvalho Pinto era conhecido como o “ditador das fi nanças” que gerenciava com<br />

“mão fechada” a Secretaria da Fazenda da gestão Jânio Quadros. Funcionário <strong>de</strong><br />

carreira da máquina pública, fora assessor jurídico e posteriormente assessor <strong>de</strong><br />

fi nanças da prefeitura paulistana antes <strong>de</strong> entrar para a administração estadual. A<br />

sua candidatura à sucessão <strong>de</strong> Jânio Quadros contava com o apoio do secretário<br />

particular do governador, João Caetano Álvares, membro do Partido Socialista,<br />

além do apoio dos <strong>de</strong>putados petebistas Jair Carvalho Monteiro e Castro Neves.<br />

Fora do círculo palaciano, contaria com sustentação política <strong>de</strong> um grupo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!