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Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

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O FARMER CONTRA O JECA<br />

MODERNIZAÇÃO SEM REFORMAS E SEM REVISÃO AGRÁRIA<br />

Carvalho Pinto entraria para a história paulista como um planejador,<br />

realizando uma gestão que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como um interregno da<br />

política populista <strong>de</strong> Jânio Quadros e Adhemar <strong>de</strong> Barros. O seu Plano <strong>de</strong> Ação<br />

subordinaria o Po<strong>de</strong>r Legislativo aos propósitos do planejamento centralizado,<br />

mudando a correlação da velha barganha entre obras e votos, tão comum no<br />

nosso sistema político clientelístico. Em nome <strong>de</strong> uma ação política mo<strong>de</strong>rna,<br />

não “bizantina”, falaria o governador ao encaminhar o Plano <strong>de</strong> Ação para a<br />

aprovação da Assembleia Legislativa:<br />

Política e administração <strong>de</strong>vem ser praticadas, portanto, no seu sentido mais<br />

nobre, mais alto e mais conforme o bem estar social. Já não cabem as atitu<strong>de</strong>s<br />

acomodatícias, o bizantinismo que <strong>de</strong>sfi bra as regras da política <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ia posta a<br />

serviço <strong>de</strong> cavilações e conchavos, <strong>de</strong> maquinações e entendimentos alheios ou<br />

contrários aos interesses do povo, que <strong>de</strong>ve e já começou a participar, <strong>de</strong> maneira<br />

efetiva, da vida da nacionalida<strong>de</strong>. (PLANO DE AÇÃO, 14 mar. 1961, p. 8).<br />

É interessante observar a oposição que o governador faz entre o<br />

que chama <strong>de</strong> política <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ia e um projeto centralizado, em tese, acima dos<br />

interesses particulares. Também chama a atenção a preocupação do dirigente<br />

com a presença das manifestações populares, interessantemente consi<strong>de</strong>radas<br />

como participação “efetiva da vida da nacionalida<strong>de</strong>”.<br />

Durante todo o seu mandato, Carvalho Pinto mostraria coerência em<br />

sua perspectiva mo<strong>de</strong>rnizante da política nacional, em consonância com o projeto<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização industrial que orientava sua gestão. Num primeiro momento,<br />

esta proposta receberia a a<strong>de</strong>são até <strong>de</strong> setores tradicionalmente conservadores,<br />

como a Socieda<strong>de</strong> Rural Brasileira. Esta manifestaria em seu órgão ofi cial, em<br />

fevereiro <strong>de</strong> 1960, total apoio à política do Executivo: “O governo do Prof.<br />

Carvalho Pinto, sentindo bem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma formulação <strong>de</strong> nova política<br />

agrícola, elabora um plano <strong>de</strong> ação que, em seu conjunto, vem ao encontro das<br />

necessida<strong>de</strong>s da população e dos setores produtivos da economia do Estado” (A<br />

RURAL, fev. 1960, p. 2). É interessante relembrar que Carvalho Pinto dividiu<br />

votos com Adhemar <strong>de</strong> Barros em importantes redutos cafeicultores com o<br />

discurso contra o “confi sco cambial” e, por isso, contava, no início do seu governo,<br />

com o apoio <strong>de</strong>sta fração agrária e também dos médios produtores reunidos<br />

na FARESP: “A primeira manifestação do professor Carvalho Pinto sobre os<br />

rumos <strong>de</strong> sua futura administração, correspon<strong>de</strong>m a nossa expectativa [...]. Seu<br />

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