17.04.2013 Views

Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

28<br />

C ÉLIA TOLENTINO<br />

a <strong>de</strong>sonestida<strong>de</strong> e imoralida<strong>de</strong> administrativas. É esse o sentido popular, isto<br />

é, dado pelo povo, da vitória do Sr. Carvalho Pinto. (PRADO JR, 1958, p. 58).<br />

Embutida na análise <strong>de</strong> Caio Prado Júnior há ainda uma crítica à<br />

a<strong>de</strong>são do Partido Comunista à candidatura <strong>de</strong> Adhemar <strong>de</strong> Barros, que apesar<br />

do discurso populista e nacionalista, já não convencia o seu eleitor graças à<br />

má fama em relação à administração das fi nanças públicas. Pouco conhecido e<br />

pouco popular, Carvalho Pinto prometia ser a antítese do estilo a<strong>de</strong>marista <strong>de</strong><br />

governo: nos discursos <strong>de</strong> palanque se pronunciava sobre os temas polêmicos<br />

com carregado tecnicismo, <strong>de</strong>ixando aos outros candidatos correligionários o<br />

embate político mais afoito.<br />

Na campanha pelo interior do estado, o candidato <strong>de</strong>tinha-se em<br />

apontar alternativas para os problemas regionais, reservando para a gran<strong>de</strong><br />

imprensa da capital o <strong>de</strong>bate sobre temas como nacionalização do petróleo,<br />

nacionalismo, infl ação, <strong>de</strong>pendência econômica e <strong>de</strong>senvolvimento. Num<br />

comício realizado na região oeste do estado, falaria pela primeira vez sobre a<br />

questão agrária, <strong>de</strong>monstrando, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, aquela que seria sua posição a esse<br />

respeito ao afi rmar que um dos pontos essenciais do seu governo “seria garantir<br />

aos pequenos proprietários agrícolas melhores condições <strong>de</strong> vida” bem como<br />

o estudo <strong>de</strong> “uma forma <strong>de</strong> abolir os impostos territoriais que incidam sobre<br />

as pequenas proprieda<strong>de</strong>s rurais que estejam realmente produzindo”, conforme<br />

divulga o jornal Correio Paulistano, <strong>de</strong> 02/09/1958, na sua página 3. Contrastando<br />

com tal discurso, Cid Franco, candidato a vice-governador pelo PSB, falaria em<br />

São José dos Campos por uma “verda<strong>de</strong>ira reforma agrária”, um dos pontos do<br />

acordo programático do PSB para a coligação. Ainda como programa partidário,<br />

o PSB propunha “reformas legislativas no sistema <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s e exploração<br />

da terra como bem comum e patrimônio da nação” (DIÁRIO OFICIAL, 3 abr.<br />

1958, p. 15). Numa entrevista à autora, Hélio Bicudo, que à época ocupara o<br />

cargo <strong>de</strong> assessor jurídico do Governo Carvalho Pinto, afi rmaria que o PSB<br />

era um partido pequeno e sem expressão política em São Paulo para exigir do<br />

governador o cumprimento do acordo fi rmado. Nos seus termos: “o PSB cabia<br />

numa Kombi” (entrevista em 4 maio 1989).<br />

Quanto à crise da agricultura, principalmente a do café e do algodão,<br />

Carvalho Pinto tecia críticas à política cambial do governo central e chegaria a<br />

acenar para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reformas para os cafezais e melhores condições<br />

<strong>de</strong> fi nanciamentos para a lavoura. Na linha mais arrojada, especialmente na

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!