Célia Aparecida Ferreira Tolentino - Faculdade de Filosofia e ...
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O FARMER CONTRA O JECA<br />
pioneirismo <strong>de</strong> São Paulo era insistente por parte dos dirigentes paulistas que<br />
tomavam o Plano <strong>de</strong> Ação como elemento <strong>de</strong> distinção diante dos <strong>de</strong>mais estados<br />
brasileiros, que tinham peso bem menor na economia nacional (e não planejavam).<br />
São Paulo, como a “locomotiva que impulsiona o trem da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>”, teria<br />
este papel:<br />
As estatísticas macroeconômicas mais recentes revelam que a renda interna<br />
do Estado <strong>de</strong> São Paulo somou em 1957, 271,7 bilhões <strong>de</strong> cruzeiros, ou seja<br />
31% do total correspon<strong>de</strong>nte ao país. Uma vez que São Paulo abriga 17,1%<br />
da população brasileira, conclui-se que a renda per capita <strong>de</strong>sse Estado é<br />
sensivelmente mais elevada que das <strong>de</strong>mais Unida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>radas em conjunto<br />
[...]. Estimativas elaboradas pelo Grupo <strong>de</strong> Planejamento indicam que a<br />
tendência verifi cada no período <strong>de</strong> 1947 a 1957 foi <strong>de</strong> aumento das disparida<strong>de</strong>s<br />
dos níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento acima constatadas. De fato, enquanto a<br />
produção <strong>de</strong> São Paulo cresceu, nesse período, à taxa cumulativa <strong>de</strong> 5,9% ao<br />
ano, a do conjunto das <strong>de</strong>mais Unida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>radas não se <strong>de</strong>senvolveu senão<br />
à taxa anual <strong>de</strong> 4,8%. (PLANO DE AÇÃO, 1960, p. 29).<br />
Segundo os planejadores, era preciso corrigir as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s internas<br />
<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>senvolvimento e o caminho para isso seria o planejamento. Partidários da<br />
teoria <strong>de</strong> que era preciso que o “bolo crescesse para ser repartido”, toda proposta<br />
corretiva para a incrementação dos setores produtivos objetivava contribuir,<br />
estimular ou subsidiar seu crescimento máximo. Outra função <strong>de</strong>ste plano <strong>de</strong><br />
governo seria, segundo seus i<strong>de</strong>alizadores, além <strong>de</strong> administrar o aumento da renda<br />
per capita paulista, contribuir para uma “[...] constante melhoria nos níveis <strong>de</strong> vida<br />
da população: melhor educação, melhor alimentação, melhor vestuário, melhor<br />
moradia, melhor condição <strong>de</strong> trabalho, melhor condição <strong>de</strong> lazer” (PLANO DE<br />
AÇÃO, 1960, p. 16) através <strong>de</strong> benesses oriundas <strong>de</strong> uma capitalização maior<br />
e da aplicação racional do capital acumulado. À comunida<strong>de</strong> caberia o esforço<br />
para não consumir imediatamente, mas gerar maior rentabilida<strong>de</strong> social, ou seja,<br />
investir parte da renda para fornecer novos empregos melhorando a efi ciência do<br />
sistema produtivo. Segundo essa teoria, caberia ao Estado, como observa Fonseca<br />
(1989) uma “[...] função semelhante a do empreen<strong>de</strong>dor na empresa privada:<br />
‘harmonizar’ a conjunção dos fatores <strong>de</strong> produção da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a obter<br />
<strong>de</strong>les o melhor rendimento social.” (FONSECA, 1989, p. 128). De forma que ao<br />
Estado cabia a tarefa <strong>de</strong> administrar o caminho da economia através do que o<br />
Grupo <strong>de</strong> Planejamento chamava <strong>de</strong> “aplicações maciças”, realizando, ao mesmo<br />
tempo, investimentos que implicassem aumento do bem estar da população e<br />
aumento da produtivida<strong>de</strong>.<br />
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