Baixar - Brasiliana USP

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advertências e observações philologicas, vej. no tomo citado, pag. 62, o numero
que devendo ser pela ordem seguida 221, se imprimiu por incorrecção typographica
333.
178) A Poética de Q. Horacio Flacco restituida á sua ordem, coma interpretação
paraphrastica em portuguez, e uma carta do editor a certo amigo sobre
este mesmo assumpto. Lisboa, na Begia Offic. Typ. 1793. 4." de xxvn-167 pag.
—N'esta versão, que é em prosa, appareceu pela primeira vez entre nós a cerebrina
transposição dos versos" de Horacio, segundo a nova ordem que o
advogado italiano Pedro Antônio Petrini julgara descobrir no texto do poeta
latino, e com que se persuadira tornar a obra regular e methodica. Porém a novidade
não foi seguida, e ficou como se não tivesse existido.
179) A Epístola 1." do livro segundo de Quinto Horacio Flacco a Augusto,
com a interpretação em verso portuguez. Accresce a Poética do mesmo
Horacio restituida á sua ordem, e traduzida em verso vulgar. Lisboa, na Regia
Offic. Typ. 1796.4." de 111 pag.—N'esta nova traducção em verso appareceram
segunda vez os versos da Poética transpostos conforme o gosto de Petrini.
O sr. A. L. de Seabra, na sua versão das Satyras e Epístolas de Horacio,
tomo II, pag. 279, faz d'esta o juizo seguinte, que o P. Thomás não acharia de
certo lisonjeiro, se d'elle podesse em seu tempo haver noticia: «A sua metrificação
e estylo encerram os mesmos defeitos que se arguem á traducção de
Cândido Lusitano; accrescendo vários hyperbatos e latinismos, que a tornam
insupportavel».—E a propósito da traducção da epístola a Augusto, diz também
no referido tomo, pag. 217: «É difficil de reconhecer n'este transumpto
morte-côr alguma das feições caracteristicas do nosso poeta. Aqui porei os primeiros
versos da sua traducção, que não são os peiores, para que o leitor possa
fazer uma idéa da insipidez do seu estylo!»—e copêa em seguida os primeiros
oito versos.
.Quando no Diccionario, tomo in, pag. 380, alludi á predilecção incontestável,
que os nossos poetas traductores mostraram sempre por Virgílio, adduzindo
como prova a enumeração das septe traducções completas que em nossa
lingua possuímos da Eneida, um meu amigo, a quem muito devo, teve a bondade
de observar-me que egual, senão maior predilecção se patenteava entre
os mesmos a respeito de Horacio; e trouxe-me similhantemente para exemplo
a lista dos que entre nós emprehenderam transportar no todo ou emparte para
o idioma portuguez as bellezas, e ainda mais os preceitos e máximas do famoso
mestre.. (Porque emfim, seja-me licito respeital-o ainda como tal, ao menos em
quanto não prevalecer de todo em nossa terra, com domínio pleno e exclusivo,
a eschola que, pela boca de um dos seus mais sublimes interpretes se exprimia
assim ha hoje vinte e três annos no Jornal do Conservatório, n.° 4, de 29 de
Dezembro de 1839, a pag. 31: « E depois veiu um poeta romano, cujas nobres
inspirações tinham chegado á altura das tabernas e dos lupanares, e escreveu
uns poucos de versos desordenados, que aprouve aos críticos chamar Arte
poética. Estes versos assentaram sobre a palavra de Aristóteles. Debaixo da
cerviz cavallar, e do ourinol, e dos guisados anthropophagos de Atrêo, e do nariz
torto, e das sanguesugas de Horacio, estava escripta essa palavra fatal—
Roma abaixou a cabeça á voz do poeta das amphoras e das prostitutas, e respondeu
lmitatio\ etc. etc»). Era opinião do meu amigo, que assim como se
citaram n'aquella pag. as traducções de Virgílio, se fizesse outro tanto a respeito
das de Horacio. Pois para contental-o, e aos que ainda prezam ou julgam
de algum proveito a commemoração d'estas antigualhas,irá adiante sob a rubrica
Traducções de Clássicos gregos e latinos, um artigo destinado para a resenha
do que os nossos trasladaram, não só dos versos do poeta das amphoras, das
prostitutas e dos ourinoes, mas de todos os outros antigos, e ainda de escriptores
em prosa, segundo o que pôde apontar n'esta parte a minha diligencia. Perdoem-me
por agora a digressão os que a julgarem impertinente, e voltemos
novamente ao P. Thomás de Aquino.