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404 VA<br />

e note-se, que elle próprio vivia em Coimbra, não só n'aquelle anno, porém<br />

nos anteriores, e nos subsequentes, com momentâneas interrupções, até ser nomeado<br />

arcebispo em 18311 Não menos é para admirar, que em 1838 elle pretendesse<br />

como descoberta nova juntar á auctoridade dos diversos escriptores<br />

até então colligidos em abono da apparição de Christo a D. Affonso Henriques<br />

a de Vasco Fernandes de Lucena, ignorando que mais de cincoenta annos antes<br />

o prevenira n'esta parte o P. Antônio Pereira; pois que publicando este em<br />

1786 a Dissertação que intitulou: Novos testemunhos da milagrosa apparição de<br />

Christo senhor nosso a el-rei D. Affonso, etc, n'ella de pag. 11 a 15 produz em<br />

segundo logar esse testemunho de Lucena, transcrevendo a passagem correspondente<br />

da Oração, e dando até do auctor noticias mui particulares, das quaes<br />

já me utilisei no corpo do presente artigo. Oxalá que no resto da obra do illustrado<br />

arcebispo, á qual tenho ouvido prodigalisar amplos elogios, houvesse<br />

mais acurada investigação de noticias, e que não se estendesse a todos, ou á<br />

maior parte dos seus artigos a superficialidade com que sem duvida foi escripto<br />

o de Vasco FernandesI Para se multiplicarem os descuidos, não foi, como<br />

elle diz, el-rei D. Affonso V (falecido em 8 de Agosto de 1481) que mandou<br />

em 1485 a embaixada de obediência ao papa Innocencio VIII; foi sim D. João II,<br />

como poderia ver facilmente, v.g., na Chronica d'este rei por Garcia de Resende,<br />

cap. 58.°, ou em qualquer outro dos nossos historiadores.<br />

Voltemos porém ás obras de Vasco Fernandes de Lucena.<br />

Diz Barbosa, que elle traduzira do latim: Instrucção para Príncipes, composta<br />

por Paulo Vergerio; e accusa a existência d'este livro na Bibliotheca Real.<br />

Incendiando-se esta por occasiâo do terremoto, é provável que com ella desapparecesse.<br />

Outro tanto aconteceria ás traducções, também inéditas, que se<br />

diz fizera do Panegyrico de Plínio a Trajano, dos livros de Officiis e de Senedute<br />

de Cícero, e do Tratado das virtudes que pertencem a um príncipe (este<br />

original, talvez) o que tudo se conservava, conforme o mesmo Barbosa, na livraria<br />

do Duque de Aveiro.<br />

Quanto a outra obra, desconhecida de Barbosa, e da qual parece não existir<br />

em Portugal copia alguma, com quanto se conheçam não menos de cinco<br />

em bibliothecas estrangeiras, isto é, a Traducção franceza da vida de Alexandre<br />

o grande, por Quinto Curcio, que n'ella se declara ser feita por Vasco de<br />

Lucena, portuguez, no anno da graça 1468, e por elle dedicada a Carlos o Temerário,<br />

duque de Borgonha, em cuja corte vivia n'esse tempo, empregado<br />

no seu serviço, e continuando a sêl-o depois da morte d'aquelle príncipe em<br />

1477, no da duqueza viuva, Margarida de Inglaterra, em qualidade de escudeiro,<br />

como detidamente affirma Olivier de Ia Marche, no prefacio das suas<br />

Mem. dos Duques de Borgonha (citado pelo Visconde de Santarém, no tomo m<br />

pag. 73 do Quadro elementar): confesso que não posso concordar por agora<br />

com a opinião emittida de poucos annos por alguns dos nossos sábios litteratos<br />

(em cujo numero se conta nada menos que o sr. A. Herculano (Panorama,<br />

tomo m (1839), pag. 346), aos quaes levados simplesmente, segundo parece, da<br />

similhança não completa dos nomes, e da coincidência dos tempos em que um<br />

e outro viveram, se affigurou encontrarem n'aquelle escudeiro o jurisconsulto,<br />

desembargador, conselheiro, chronista e embaixador dos reis de Portugal; fazendo<br />

de Vasco de Lucena e de Vasco Fernandes de Lucena um só, e único indivíduo.<br />

Sendo, pois, quanto eu posso julgar mais que duvidosa a supposta identidade<br />

de pessoas, tractarei em artigo separado, no logar competente, de Vasco de<br />

Lucena e da sua obra.<br />

D. VASCO DA GAMA, famoso descobridor da índia Oriental, e de mais<br />

conhecido entre portuguezes e estrangeiros, para que seja necessário transportar<br />

para aqui as indicações da sua vida e feitos.<br />

Não creio, porém, inútil commemorar o que de certo será para muitos no-

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