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quem privara por muitos annos. M. em Lisboa a 10 de Novembro de 1831, com
77 annos de edade, a ser certa a data em que o julgo nascido. Foi Sócio da
Academia Real das Sciencias de Lisboa, em cuja fundação se diz tivera parte,
e Membro correspondente do Instituto de França. Para a sua biographia vej.
o que diz o sr. Visconde de Juromenha no logar citado, e sobretudo os numerosos
esclarecimentos que elle próprio nos offerece, espalhados nos diversos papeis
avulsos que imprimiu, relativos á sua questão com a casa de Domingos
Gonçalves Loureiro & Filhos, suscitada pela posse da fabrica de Thomar. Vej.
também outra curta noticia, nas Memórias ou Annaespara a historia do tempo
da Usurpação, por J. Liberato, tomo m, pag. 104 a 107. Ahi vem um curioso
epitaphio, que elle próprio para si compuzera, achando-se doente em Londres
no anno de 1825. Como amostra do seu caracter naturalmente jovial e epigrammatico,
parece-me que não desprazerá aos leitores acharem-no aqui registado.
tAqui jazVerdier, negociante,
Que de Tbomar a fabrica fundou,
Que uma Regência atroz, por infamanlo
Decreto injusto, e longe desterrou:
Que do haver seu, trabalho seu prestante,
A Junta do Commercio despojou;
Tão certo é, que seu mel não come a abelha,
Nem sua lã por cobrir-se traz a ovelha!
Assim pois aconteceu
Ao pobre luso-francez,
Que trabalho e bens perdeu,
Porque tolo os despendeu
Em domínio portuguez!»
R. I. P.
O pouquíssimo que possuímos impresso de Timotheo Lecussan Verdier,
e o muito que sabemos da sua erudição e apurado gosto, apregoados por todos
que o conheceram, e patentes n'essas amostras que nos deixou, têem sido para
os que deveras prezam a litteratura nacional, causas de magoado pezar, lastimando-se
de que um tão insigne philologo fosse de tal modo inaccessivel ás seducções
da gloria, e tão avaro de communicar aos conterrâneos os thesouros
do seu saber, que não se resolvesse a repartir com elles o que bem podéra darlhes
sem desfalque, antes com honrosa fama e credito do próprio nome, que
assim eternizaria aos olhos da posteridade. Se podemos confiar nas informações
que chegaram tradicionalmente a algum dos seus biographos, parece que
deixara ainda assim trabalhos de valia, taes como a parte da traducção que
emprehendêra em versos gregos dos Lusíadas, seu dilectissimo poema, e outros
que existem por ventura cuidadosamente sonegados em mão de depositários
infiéis, com desserviço do publico, e sem utilidade particular,
O que até agora se conhece publicado por Verdier com o seu nome reduz-se
exclusivamente aos opusculos e papeis apologeticos relativos a questão
pessoal com a casa de Loureiro; o que não obsta a que por bem escriptos, e
pela diversidade de objectos incidentes a que se referem, não sejam taes papeis
verdadeiras curiosidades históricas, e dignas de apreço; e muito mais se se attende
á sua raridade, pois que não tendo sido expostos á venda, e sendo quasi
todos impressos em terras extranhas, de maravilha e apenas de longe a longe
se encontra algum devenda, tornando-se mais que dimcil o empenho de colligil-os;
â não ser que em poder dos parentes e herdeiros do auctor exista
ainda por acaso alguma porção de exemplares, que não chegassem a ser distribuídos.—Eis
aqui a resenha de todos, segundo a ordem chronologica da publicação.
269) Carta ao ill. m ° sr. Domingos Gomes Loureiro.—Sem folha de rosto,
e tendo no fim a data: Paris 26 de Janeiro de 1817. Tem a assignatura Tim."