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280) TRABALHOS DE CLARA LOPES, exemplar de cristcüeiras, e
novo methodo de deitar ajudas pela critica moderna: obra posthuma do Vox
Populi, e de novo addicionada por Manuel de Passos, homem preto, natural de
uma das terras que ficam debaixo da zona torrida. Sevilha, en Ia Imprenta dei
Correo Viejo. 1751. 4.° de 16 pag. tendo no frontispicio o retrato da cristaleira,
de corpo inteiro.
Menciono aqui este auto, ou relação anonyma, cuja leitura, com as de algumas
dezenas de escriptos do mesmo gênero, serviu por muitos annos de gostoso
divertimento a nossos avós. Com elle se desenfadavam nas longas noutes do
hynverno, quando se permittiam variar do Fios Sanctorum, ou de outros livros
devotos, que lhes proporcionavam o pasto da instrucção e recreio espiritual de
que mais careciam. Francisco Manuel em algumas das suas notas zombeteiras
allude a este Auto de Clara Lopes, que elle por engano chama Catharina Lopes.
Apontarei, v. g., o tomo v (edição de Paris), a pag. 157 e 402.
281) TRADUCÇÃO PORTUGUEZA dos Psalmos do Officio pequeno
de Nossa Senhora, e do Officio de defundos, e a dos sete Psalmos penitenciaes,
com a paixão de N. S. Jesus Christo. Paris, por Jeronymo de Marnef. 1563.16.°
Não consta quem fosse o auctor d'este livrinho, que vem todavia apontado
por D. José Rodrigues de Castro na sua Bibliotheca Hespanhola.
282) TRADUCÇÕES PORTUGUEZAS DE AUCTORES CLÁS­
SICOS GREGOS E LATINOS.—Já no presente volume, a pag. 348, indiquei
as razões de conveniência, que aconselharam a reunião em um só artigo
de todos os nossos haveres litterarios n'esta especialidade. Se não podemos
n'este ramo, como em muitos outros, ostentar grande riqueza, o inventario
aqui feito mostrará que temos ainda assim mais alguma cousa do que talvez
se affigure aos que nos julgam pobríssimos, porque medem a nossa penúria
pela sua ignorância n'esta parte. De certo que este trabalho, emprehendido á
ultima hora, e cortado por outras indagações e exames necessários a cada momento,
tem de resentir-se da precipitação com que foi mister elaboral-o. Muito
haveria por ventura que accrescentar, se não fosse impossível concluir em
tempo a investigação mais que minuciosa que o assumpto requer; não é pois
de admirar que se notem agora algumas omissões. Procurarei reparal-as no
Supplemento, addicionando ao que vai aqui descripto o mais que ainda lembrar,
ou que me for apontado entretanto pelos que costumam favorecer-me
com suas advertências.
O que no gênero sobresae na realidade entre nós, quer pela quantidade,
quer pela importância, são as traducções completas, ou parciaes de Virgílio e
Horacio. Por ellas começarei a descripção, seguindo depois com as dos outros
auctores em que, força é confessal-o, somos menos abastados.
VIRGÍLIO. Não menos de cinco traducções em verso, completas e impressas,
se contam hoje da Eneida em lingua portugueza. Pela ordem de antigüidade
são: 1.» de João Franco Barreto (Diccionario, tomo in, n.° J, 826); 2."
do pseudo (?) Luis Ferraz de Novaes (idem, v, n.°L,517): 3. a de Antônio José
de Lima Leitão (idem, i, n.° A, 885): 4. a de José Victorino Barreto Feio, continuada
por J. M. da Costa e Silva (idem, v, n.° J, 4995): 5.« a do sr. Manuel
Odorico Mendes (idem, vi, n.° M, 1147). A esta cumpre accrescentar a de João
Gualberto dos Sanctos Reis (idem, m, n.° 836) que segundo informações mais
recentes se imprimiu na Bahia, 1845-1846, em dous tomos de 8.° e comprehendéro
primeiros oito livros: os fragmentos do livro 4.° por Manuel Matnias
(idem, vi, n.° M, 1077); do livro 1.° por Antônio Ribeiro dos Sanctos, no tomo i
das suas Poesias, pag. 349: do livro 9.° por Francisco Manuel do Nascimento
no tomo m das suas Obras, pag. 417; etc—Em prosa, o Commento de Gaspar
Pinto Corrêa (Diccionario, tomo ui, n.° G, 82) que comprehende também Eclogas
e Georgicas, e outros Commentos ou interpretações de João Nunes de An-