Revista Intercâmbio 2011 - Sesc
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INTERCÂMBIO . RIO DE JANEIRO . v. 1 . n. 1 . NOVEMBRO/FEVEREIRO SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO<br />
Desenvolvimento cultural local: uma<br />
relação entre capital social e gestão cultural<br />
Ações culturais dessa natureza são guiadas por objetivos claros<br />
de criação de oportunidades para o público, que vão além<br />
do conforto de oferecer espetáculos e atividades para a fruição<br />
estética. Pois, na sua continuidade e permanência, colaboram<br />
para a formação de ambientes favoráveis à socialidade ou à<br />
“solidariedade de base que une aqueles que habitam em um<br />
mesmo lugar” (MAFFESOLI, 2001b, p. 80), ao estar junto, na<br />
vida comunitária, contribuindo para o desenvolvimento das<br />
dimensões criativas da vida.<br />
Nosso entendimento é o de que uma ação cultural local — sistematicamente<br />
desenvolvida a partir de um plano estratégico<br />
de longo prazo, aliando programas, projetos e atividades regularizadas<br />
— pode possibilitar o desenvolvimento e a criação<br />
de oportunidades para a comunidade. Para tanto, devemos<br />
levar em conta certos valores importantes para o desenvolvimento<br />
das dimensões criativas da vida, como confiança, solidariedade,<br />
ética, tolerância e respeito à diversidade. Esses<br />
valores, agenciados pela vida em comum de grupos ou comunidades,<br />
formam um capital social.<br />
Gestão cultural<br />
No Brasil, a organização da cultura como ação política de administração<br />
pública possui como marco os anos 1930, a partir<br />
da industrialização e da urbanização, quando se inicia o<br />
processo de viabilização de um mercado de bens simbólicos,<br />
passando a cultura a ser entendida como “negócio oficial”<br />
(MICELI, 1979, p. 131).<br />
À frente das ações pioneiras está Mário de Andrade, convocado<br />
por Gustavo Capanema, que contava com um seleto grupo<br />
de colaboradores no Ministério de Educação e Saúde. Na<br />
verdade, apesar das políticas culturais geradas pelas ações de<br />
Mário, Capanema e colaboradores, ainda assim, “não se pode<br />
afirmar o desenvolvimento de uma tradição de atenção e mesmo<br />
de formação na área da gestão cultural. Esse descuido das<br />
políticas culturais inibiu a valorização da gestão, seu reconhecimento<br />
e a consequente circulação entre nós da noção de gestão<br />
cultural” (RUBIM, 2007, p. 18).<br />
Entre o fim do Estado Novo, em 1945, e o golpe militar de 1964,<br />
o Brasil atravessou uma fase de crescente criatividade artística;<br />
mas predominantemente amadorística no que diz respeito à<br />
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